𝟯𝟳. 𝗔 𝗠𝗔𝗧𝗧𝗘𝗥 𝗢𝗙 𝗧𝗥𝗨𝗦𝗧

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Azriel não sabia dizer se algum dia em sua vida havia se permitido ser tão vulnerável perto de alguém. No fundo, ele sabia que não. Sabia que ninguém tinha conseguido desfazer de todas suas camadas, igual Gwyneth tinha conseguido.

E o encantador também duvidava que algum dia pensou que ficaria do jeito que estava ali naquele momento: deitado de bruços no sofá, no colo de sua parceira, o ouvido em seu busto, escutando o coração dela bater tranquilamente, enquanto os dedos de Gwyn faziam um carinho sutil nos fios de seu cabelo.

Não se lembrava quando adormecera, mas quando despertara seus olhos estavam pesados e inchados, devido aos minutos que passou derramando as lágrimas que estavam há tanto tempo guardadas em seu âmago. Nunca chorara daquela forma. Nem mesmo quando estava sozinho se permitia derramar muitas lágrimas.

Mas, naquela noite... Naquela noite, ele percebeu que não adiantaria segurar, não adiantaria negar o que estava sentindo para sua parceira. Não conseguiria olhar para aqueles olhos brilhantes e simplesmente dizer que estava tudo bem.

Não conseguiria mentir para ela, igual mentia para o resto do mundo.

Não estava acostumado com aquele tipo de carinho. Não estava acostumado a ser encorajado a chorar, a botar para fora o que o sufocava, o que marcava sua pele como uma ferida recém aberta. Foi silenciado por tanto tempo que pensou que a melhor forma de lidar com tudo era permanecer em silêncio.

E Gwyneth não apenas o ouviu, como ofereceu colo e abrigo.

E ele aceitou.

Aceitou ficar ali envolvido nos seus braços depois de tomar um banho quente, sentindo o calor de suas mãos em um toque suave e tranquilizador. Aceitou aquele alívio que tomou seu corpo depois que a crise havia passado, aceitou ser confortado e cuidado.

— Está acordado?

A voz baixa e melodiosa de Gwyneth invadiu seus ouvidos, fazendo com que ele se ajeitasse no sofá, tomando cuidado para não bater as asas fechadas nela. O sofá não era grande o suficiente para os dois, então precisaram se enroscar ali. As pernas entrelaçadas, Gwyn com as costas apoiadas no braço do sofá, uma almofada em sua lombar. Um dos braços de Azriel passava pelas costas dela, enquanto o outro repousava ali no abdômen da sacerdotisa.

Mesmo se remexendo, ele não tirou a cabeça do vão do busto de Gwyn.

— Estou escutando seu coração bater há alguns bons minutos... — respondeu Azriel.

— Está melhor?

— Sim. — O encantador suspirou, fechando os olhos novamente. — Obrigado. Por tudo, Gwyneth.

Azriel tinha noção de que não fizera o que deveria ter feito. Ao invés disso, adormeceu acidentalmente. Provavelmente teria que se levantar em breve, para encarar o restante dos seus afazeres, encarar a realidade da guerra e da devastação que cercavam ele e Gwyneth.

— Não me agradeça por isso, Az.

O carinho em seus cabelos parou por alguns segundos. E como se tivesse sentido seu descontentamento, Gwyn tombou a cabeça um pouco para olhá-lo melhor.

— Cassian esteve aqui por alguns minutos, me disse para deixar você descansar. Rhysand e ele estão cuidando de tudo que o acampamento precisa, Morrigan também veio ajudar.

— Eu deveria estar lá com eles.

— Você está onde precisa estar no momento.

Ela tinha razão. Precisava estar ali, mas também precisava fazer seu trabalho.

— Você disse que eu precisava descansar, e você precisa tanto quanto eu, Azriel. — reafirmou Gwyn. — Uma pausa, um dia... Não fará mal.

O encantador abriu os olhos, erguendo a cabeça o suficiente para encarar sua parceira. Gwyneth levou os olhos para ele, sorrindo de leve. Ele permaneceu ali, com os olhos grudados em seu rosto, observando as sardas que se espalhavam pelas suas bochechas. A sacerdotisa entortou um pouco os lábios, erguendo uma sobrancelha levemente, como se perguntasse o que ele tanto encarava.

— O quê foi?

O encantador entreabriu os lábios, puxando o fôlego.

— Obrigado, Gwyn. — disse novamente, dessa vez olhando para o fundo dos seus olhos. — Obrigado.

As sobrancelhas da sacerdotisa caíram um pouco no seu rosto, aqueles olhos azul-mar regados de cuidado e afeição, fazendo com que um calor se instalasse em seu peito, espalhando pelo resto de seu corpo como um abraço. Suas sombras rodearam os dois quando Gwyneth levou a mão até o seu rosto, passando o polegar suavemente em sua bochecha.

Eu e você. — sussurrou, um sorriso fraco repuxando seus lábios.

Azriel sentiu seus lábios se curvarem para cima em um esboço de sorriso. Deuses... Ele realmente desejava que fosse ele e ela, para o resto da eternidade. E mesmo se não fosse, ele ficaria feliz por ter tido a oportunidade de viver ao lado daquela serenidade que era Gwyneth. Sabia que ela era demais para ele, então todo momento que era permitido ao seu lado sempre seria uma dádiva, um presente e uma benção.

Ele entreabriu os lábios, na intenção de deixar aquilo claro, mas Gwyneth o interrompeu:

— Não pense em dizer o que estou imaginando...

— O que está imaginando?

— Que irá se desculpar, que irá dizer que sabe que não me merece, que não entende como posso ser sua parceira...

Bom, ela realmente o conhecia.

— Não pode me culpar por pensar nessas coisas. — murmurou, ainda a encarando.

— Não o culpo... Pois sei que esses pensamentos são consequências do que você repetiu por séculos para você mesmo, sei que são consequência das cicatrizes que carrega na sua alma e nas suas mãos. — Ele engoliu em seco ao escutar aquilo. — Sei que temos um longo caminho até você entender isso, sei que é um longo caminho para que entenda que você é tudo que eu poderia ter desejado para mim, Azriel.

O encantador respirou fundo.

— E não me importo de passar o resto de nossas vidas repetindo isso. — Gwyn se sentou no sofá, fazendo com que ele se sentasse também. A sacerdotisa cruzou as pernas em cima do acolchoado, se virando completamente para ele. — Não há nada que eu mudaria em você, Az. Descendente ou não descendente de um Deus... Não há nada que eu olhe e não ame profundamente.

Mordeu a bochecha interna, tentando impedir que os olhos ardessem novamente.

— Você é bom, Azriel. É bom, inteligente, gentil e amável. — A valquíria levou a mão até o seu rosto. — É honrável e cortês. É educado e atencioso. É um guerreiro primoroso, não apenas por todos os confrontos em que já lutou, não por todos os inimigos que já derrotou, mas sim por ter enfrentado batalhas bem mais complexas durante a vida, por ter escolhido levantar e viver até mesmo quando não queria.

Gwyn se ajoelhou, chegando mais perto dele. Azriel não sabia o que dizer, não sabia nem sequer se lembrava de como respirar corretamente, sentindo aquele brilho em seu peito se intensificar, como se fosse escapar e se fazer presente.

Suas sombras rodopiaram no espaço entre seus corpos.

O encantador levou o olhar para os olhos de oceano de Gwyneth, quase se perdendo naquele abismo azul brilhante que agitava seus pensamentos e tranquilizava seu corpo.

— Não é nada parecido com ele, ou com seu pai, ou qualquer outra pessoa que tenha apresentado os terrores da vida para você. — A sacerdotisa suspirou amenamente. — E eu sou tão, tão grata por poder dividir a vida com você. Nós merecemos o nosso amor, Az. Nós merecemos a paz e a tranquilidade, o cuidado e o carinho. Não há nada que eu não faria para que você pudesse finalmente entender isso... Iria até o fim do mundo, por você, por nós.

Seus olhos arderam novamente, e pela Mãe... Ele quis chorar de novo.

— Você não precisa se desculpar comigo. — ofereceu um sorriso triste. — A única pessoa com a qual você precisa se desculpar, é com você mesmo, Azriel.

Ele entreabriu os lábios, sentindo o baque daquelas palavras em seu interior.

— Precisa se libertar disso... — Gwyn selou seus lábios com um selinho carinhoso. — Você não está preso mais, Az, mas é como se forçasse a estar. Precisa se libertar disso, meu amor.

Meu amor.

— Do quê me chamou?

Gwyn o olhou com as sobrancelhas saltadas, como se perguntasse se ele realmente estava perguntando isso depois de tudo que havia falado para ele.

— De amor. — respondeu simplesmente, sorrindo sem graça. Azriel continuou olhando-a, os lábios curvando para cima lentamente. — O quê foi?

— Diga de novo.

O encantador se inclinou em sua direção, o sorriso se alargando em seu rosto quando seus lábios roçaram de leve. Gwyn levou as duas mãos até o seu rosto, segurando-o e fazendo com que seus olhos se encontrassem.

— Eu disse todas aquelas coisas bonitas e é um simples apelido que faz você ficar dessa forma? Você é incompreensível, Azriel.

Gwyneth deixou uma risada nasalada escapar. O sorriso no rosto de Azriel se repuxou mais um pouco. Por mais bobo que parecesse, aquilo havia o arrebatado de uma maneira que ele não esperava, assim como todas as outras coisas que Gwyneth havia dito para ele. Mas, por algum motivo, aquelas simples palavras fizeram com que ele se sentisse ainda mais... especial. Único.

— Diga de novo. — sussurrou contra seus lábios, desviando os olhos deles para olhar para aqueles olhos hipnotizantes.

Gwyn riu, negando com a cabeça, antes de dizer com a voz baixa:

— Meu amor...

Azriel deixou o sorriso se alargar, sentindo aquele puxão familiar debaixo de sua costela, levou as mãos para o pescoço da sua parceira, puxando-a para um beijo carinhoso. O encantador sentiu o sorriso de Gwyneth crescer enquanto a beijava, fazendo com que ele risse um pouco quando separou seus lábios.

Ele fungou, tentando impedir as lágrimas quando observou aquele sorriso presente no rosto de Gwyn, quando escutou a risada fraca escapando de seus lábios.

— Eu amo tanto você, Gwyneth. — sussurrou, exalando um longo suspiro aliviado. — E no momento, eu não acho que seja possível te amar mais do que já amo hoje, mesmo assim, sei que amarei mais amanhã.

Gwyn sorriu largamente, tombando a cabeça para o lado antes de puxá-lo para mais uma sessão de beijos. Naquele momento, era como se os dois fossem a única coisa no mundo, fossem a única coisa que importava.

Queria que a vida fosse leve da maneira que Gwyneth era, queria que o tempo pudesse parar para poder apreciar aquela sensação da maneira que deveria. Mas, como não tinha esse poder, apenas aproveitou o tempo que tinha com ela. Envolto pelos seus braços, sentindo seus beijos e toques, enquanto se deixavam perder no sono que os chamou em poucas horas.



𓆩*𓆪



Azriel acordou no dia seguinte se sentindo bem mais aliviado, apesar de saber que tinha trabalho para fazer. Levara Gwyneth para a Casa cedo para ficar com Nestha e Emerie, e apesar delas insistirem, Rhysand  ordenou que os treinos com as sacerdotisas fossem suspensos por esses dias, para que pudessem descansar. Mas Azriel sabia que provavelmente as três estavam treinando entre elas mesmas, já que Emerie se negava a conversar sobre a loja e a casa que fora destruída no dia anterior. Gwyn dissera para ele que treinar entre elas ajudaria a extravasar e acalmar os nervos. Não questionou, até porque era exatamente o que ele e seus irmãos faziam quando não queriam conversar e se sentiam sobrecarregados.

O encantador voltou para Refúgio do Vento alguns minutos depois, se encontrando com Rhysand e Cassian no chalé. Os dois pareciam abatidos e cansados, exalando um suspiro quando finalmente se sentaram.

— Quantas baixas?

Rhys perguntou, a voz aveludada saindo rouca e fraca. Cassian apoiou o cotovelo na mesa, levando a mão até a testa, apertando o cenho franzido, em uma tentativa falha de aliviar a dor de cabeça latejante. Azriel observou o irmão com os braços cruzados, sentindo-se péssimo por ter deixado o General se sobrecarregar daquela maneira.

— 357 soldados mortos. — murmurou Cassian. — Cerca de 432 feridos, contando com fêmeas e crianças.

Rhysand soltou um ruído de desaprovação, fechando os olhos com um desapontamento claro no rosto bonito e duro. O Grão-Senhor também se apoiou na mesa, negando com a cabeça.

— O número de mortos, contando com fêmeas, crianças e não-guerreiros, chegam a quase 556. — O General voltou a se encostar na cadeira. — Ainda não consegui contabilizar todos, ainda estou checando os nomes de todos os habitantes em nossos registros.

— Devo admitir... Beron pode ser um grandioso filho da puta, mas é um estrategista.

Rhysand passou as mãos debaixo dos olhos, como se tentasse sumir com as olheiras que começavam a surgir. Azriel e Cassian franziram o cenho no mesmo momento, tentando entender qual informação Rhys ainda não havia dito para eles.

O Grão-Senhor cruzou os braços na altura do peito, exalando um longo suspiro.

— As tropas de Beron já se puseram a caminho da Corte Diurna na tarde de ontem.

— Desgraçado. — Cassian xingou, o tom de sua voz elevando uma oitava. — Filho da puta miserável. Deduziu que colocaríamos o exército em movimento assim que fizessem um movimento e atacou primeiro.

O encantador precisou travar o maxilar. Precisou lutar contra a raiva que emergia em seu corpo e borbulhava em seu sangue.

— Recebeu a mensagem de Eris? — Azriel perguntou.

— Sim. — respondeu Rhys. — Ontem a noite.

— O principezinho esteve aqui?

— Por alguns minutos. — O Grão-Senhor pausou. — Eris também está indo para a Corte Diurna, levará seus vinte mil homens para lutar.

— Beron descobriu que ele é um traidor? — Azriel questionou, ainda mantendo a mesma postura.

— Não tenho certeza, mas temo que se não descobriu antes, então agora terá certeza. — O encantador cerrou os olhos, mas Rhysand o encarou, como se percebesse o eterno questionamento que pairava no rosto do Mestre-Espião. — Eris é um macho detestável, Azriel, mas está do nosso lado, está do lado em que a mãe dele está.

O encantador ficou em silêncio e preferiu se abster de dar suas opiniões sobre aquela aliança tênue com o príncipe da Outonal. Confiava em Rhysand, e aquilo teria que bastar por enquanto.

Azriel voltou a olhar para Cassian, o irmão parecia pensativo. Soube no mesmo momento que estava observando a mente brilhante do General funcionar em silêncio, como se já tivesse todas as estratégias preparadas para que pudessem sair parcialmente inteiros da guerra que, infelizmente, havia de fato começado.

— Convoquei uma reunião com nossos aliados.

— Quando? — Cassian perguntou.

— Daqui três dias. — Rhys encarou, notando algo diferente no rosto do irmão. — Os navios de Beron demorará cerca de duas semanas até a Corte Diurna, Eris não disse nada a respeito da cavalaria. Preciso de pelo menos dois dias para cuidar de tudo em Illyria, pelo menos para começar o planejamento de reconstrução e realocar aqueles que perderam as casas em abrigos.

— Precisa adiantar essa reunião. — O General respondeu.

— Por qual motivo?

— Devlon não voltou para o acampamento, os guerreiros daquela lista que Azriel conseguiu desapareceram bem durante a batalha. Se forem burros o suficiente para voar, então provavelmente encontrará a tropa de Beron na metade do caminho, se não, então terão um longo caminho pela frente.

— Por que não voariam? — Rhysand franziu o cenho.

— Porque chamaria muita atenção, seria fácil de encontrá-los. Um bando de morcegos gigantes voando em conjunto? Se Devlon não for completamente estúpido, então colocou uma parte pequena da legião separada para fazer reconhecimento das rotas e o resto está marchando em direção a Corte Diurna até ser seguro o suficiente para voar junto com os navios de Beron.

Rhysand se ajeitou na cadeira, escutando o irmão. Nenhum dos dois se atreviam a interromper Cassian quando ele exercia os conhecimentos dos seus séculos de treinamento e conflitos vividos, nenhum dos dois — nem mesmo Rhysand com seu título de Grão-Senhor — ousava sobrepujar a autoridade de Cassian quando o tópico em questão era guerra e sangue.

— Onde estamos chegando, Cassian?

Rhysand olhou para o seu General.

— Use a sua magia chique para trazer um mapa para essa mesa. — O irmão pediu se levantando.

Azriel caminhou mais alguns passos, chegando perto da mesa. Rhysand se levantou, estalando os dedos. Um mapa de Prythian surgiu em meio àquele poder do Grão-Senhor, ocupando grande parte da mesa. O encantador observou Rhys balançar o dedo discretamente, como se invocasse um pouco mais daquela magia para o cômodo.

O Mestre-Espião entendeu exatamente o que o Grão-Senhor havia feito: subira uma barreira de som no pequeno chalé.

Os três encararam o mapa, Rhys e Azriel voltando a olhar para Cassian segundos depois, o qual a concentração permanecia na figura ilustrada de Prythian. Ele se apoiou na mesa, apontando para onde marcava os estepes illyrianos.

— A distância dos estepes até a Corte Diurna é quase a mesma da Corte Outonal até Solaria. Supondo que voaram durante a batalha, aproveitando a distração, então pouparam algum tempo de caminhada até encontrar com Devlon, mas ainda possuem um caminho extenso pela frente até chegarem perto da fronteira com a Corte dos Pesadelos, para chegarem até a Diurna e encontrar Beron antes de invadirem a cidade.

O irmão passou os dedos seguindo uma linha, mostrando os caminhos possíveis que a legião de Devlon poderia fazer, contando com a possibilidade de parte dela ter se separado.

— Exija que uma legião do exército de Keir esteja em posição nas florestas da Corte dos Pesadelos, que monte trincheiras nessas áreas específicas e que estejam preparados para um conflito — O General apontou para três pontos separados onde os soldados de Devlon poderiam passar. Uma perto da costa direita do mar, uma no meio e uma na costa esquerda. — Colocaremos o exército de Mahara seguindo o caminho por trás para encurralá-los, tenho confiança de que ela e Balthazar conseguem liderá-los.

Rhysand concordou, um sorriso de lado crescendo em seu rosto.

— Posso fazer a avaliação dos caminhos possíveis essa tarde. — disse Azriel. — Rastrear por onde passaram. Não podem ter marchado por mais de oito horas sem pausa, ainda mais se caminharam a noite inteira para encontrar com Devlon.

— Se caminharam oito horas direto, sem pausas, então caminharam cerca de cinco quilômetros por hora. — Cassian encarou o mapa, como se tentasse visualizar os quarenta quilômetros percorridos por ali. — Imagino que estejam sob a proteção de alguém da Outonal, talvez o outro filho de Beron, aquele que ele escolheu depois de começar a desconfiar das intenções de Eris.

— Tenho certeza que minhas sombras conseguem rastreá-los.

— Certo. — Rhysand olhou para o encantador. — Te dou permissão para essa missão, mas não quero que entre em conflito direto com eles, preciso de você inteiro. É observar, rastrear e vir embora, Azriel. Não seja imprudente em achar que consegue acabar com uma legião de illyrianos sozinho.

O Mestre-Espião cerrou os olhos, sentindo-se levemente ofendido com aquela colocação errônea, mas apenas acenou com a cabeça, evitando discutir com seu Grão-Senhor naquele momento.

— Com as rotas exatas será mais fácil para o exército de Mahara conseguir alcançá-los, e se não alcançar então os Precursores da Escuridão estarão esperando por eles. — Cassian olhou para Azriel. — Deixe que o sangue derramado pertença a ela e os soldados dela, Az.

— Eu não disse nada.

— Não precisou. — respondeu o General. — Te conhecemos o suficiente para saber no que estava pensando.

Azriel estava pronto para responder, mas foi interrompido pelo Grão-Senhor:

— Certo, por qual motivo devo adiantar a reunião?

Rhysand perguntou.

— Beron não vai usar a cavalaria. — O irmão encarou o mapa de novo. — Seria estúpido se usasse, teria que passar pelas fronteiras da invernal para chegar até a Diurna, e só um tolo para procurar guerra em um território onde é inverno todos os dias do ano.

— Possuem fogo para mantê-los aquecidos, derreter geleiras... — Rhysand ponderou.

— Um estalar de dedos e Kallias conseguiria congelá-los em segundos. — Cassian afirmou. — É só dar uma olhada para os livros de história e ver os resultados de batalhas travadas no inverno... Não é atoa que ele está se movimentando agora, com o começo do outono daqui alguns dias. Na Corte Diurna as estações variam, assim como em Velaris.

O Grão-Senhor acenou com a cabeça. O General continuou:

— Mas Thesan está sob o controle de Beron, então a qualquer momento pode vir a atacar Helion. — Cassian suspirou passando a mão na testa, como se recapitulasse. — O companheiro e capitão está sob controle também?

Os olhos de Rhysand saltaram, como se ele tivesse acabado de se dar conta de uma informação muito importante. Ele desviou os olhos violetas para Azriel e antes mesmo que pudesse dizer algo, Azriel se apressou:

— Descobrirei.

— Adiantarei a reunião. — Rhys passou a mão na boca, a mente trabalhando em silêncio. — Mesmo se não estivesse, acha que ele teria coragem de lutar contra o próprio companheiro?

— É algo a se questionar. — O General respirou fundo. — Mas é um macho honrável, creio que lutaria no lado certo dessa guerra. Os peregrinos são uma raça guerreira quase tão letal quanto os illyrianos, seria mais um problema para se adicionar na nossa enorme lista de merdas possíveis de se acontecer.

Rhysand soltou uma risada fraca, negando com a cabeça.

— Mesmo se os peregrinos não estiverem sendo controlados, precisamos contar com a possibilidade de estarem. A cavalaria de Thesan também é forte e seus soldados se curam mais rápido do que qualquer outra legião de Prythian, a tropa de Thesan pode vir por de trás, pelas terras, enquanto Beron segue a rota marinha, chegando até a capital.

Cassian levou os dedos mais uma vez para os mapas, apontando para os dois pontos possíveis de ataque.

— Se montarmos dois acampamentos, um perto da costa do mar e um virado para as fronteiras da Corte Crepuscular temos mais chance de proteger as cidades, evitando que cheguem de ambos os lados. Com a barreira mágica de Helion, a qual eu tenho certeza que ele subiu, é um atraso a mais. Devlon pode ter um número grande de illyrianos, mas temos números maiores, o suficiente para que uma parte permaneça no acampamento e outra caminhe para a batalha.

— É uma boa estratégia.

— Eu sei. — A expressão de Cassian estampou obviedade. — Não estou na posição em que estou por pompa.

Ele piscou para Rhysand, cruzando os braços em pura arrogância. Azriel sacudiu a cabeça, sentindo seus lábios se repuxarem para o lado. Mesmo com as brincadeiras autodepreciativas de Cassian e o tom debochado ao falar sobre si próprio, o irmão ainda tinha conhecimento de que sua reputação em relação a sua posição como General era mais do que merecida, e Azriel sentia orgulho puro quando Cassian se contradizia e deixava toda aquela inteligência e sua mente brilhante amostra.

— Tarquin também precisa ficar atento, se ainda estiverem procurando por Narben.

— Não existe uma maneira de avisá-lo sem contar sobre a espada. — Azriel respondeu.

— É arriscar que mais alguém saiba sobre uma arma Feita. — Rhysand suspirou. — Mas, talvez seja a coisa certa a se fazer, para que possamos impedir mais desastres.

Azriel sabia que teria que ir atrás da espada em algum momento, sabia que ela era a chave para muita coisa, e que precisam achá-la antes que qualquer outra pessoa colocasse as mãos nela.

— Voltarei para a casa e mandarei os corvos para os nossos aliados, pedindo para adiantar a reunião. — O Grão-Senhor ajeitou os cabelos. — Está liberado para a missão, Azriel e Cassian repasse as informações para Mahara e assim que Az voltar, pode liberá-la para seguir o caminho. Visitarei a Cidade Escavada assim que possível, ainda hoje.

Os três concordaram. O Grão-Senhor esboçou um sorriso triste, acenando com a cabeça se preparando para atravessar, antes de dizer:

— Vejo vocês mais tarde.

E como poeira noturna, Rhysand desapareceu.



𓆩*𓆪


Gwyn, Emerie e Nestha treinaram amanhã inteira, descontando a raiva que sentiam em golpes precisos de espada, em murros no acolchoado saco de pancadas e em pequenas lutas entre elas. Treinaram até os músculos não aguentarem mais e pedirem descanso, e depois de almoçarem e descansarem por alguns minutos, deixando a comida fazer digestão em seus estômagos, elas voltaram a treinar, passando parte da tarde ali.

Emerie continuava triste e abatida, mas pelo menos, o treino aparentemente havia conseguido animá-la um pouco. Nestha arrumara um quarto para que Ems ficasse ali na Casa com elas — de maneira provisória claro —, pois sabiam que assim que tivesse a oportunidade, a illyriana tiraria forças para reconstruir sua loja e sua casa.

Ems nunca pareceu interessada de fato em viver em Velaris, por mais que as amigas estivessem ali, ainda tinha alguma coisa que impedia Emerie de sair do acampamento. Talvez fosse aquela chama de esperança que a resistência tinha acendido, talvez fosse a possibilidade de uma nova Illyria. E Gwyneth não conseguia julgar a amiga, conseguia entender seus motivos do porquê não desistir daquele lugar, mesmo com todos os seus defeitos.

Elas se encontraram no quarto da sacerdotisa um pouco depois de tomarem banho. Nestha havia voltado com um pote de ervas na mão, jogando-o para Gwyneth em seguida. A sacerdotisa ficou confusa, mas a Archeron não demorou para se explicar.

É um tônico contraceptivo. Tenho certeza que Azriel ja faz uso de um, mas é melhor tomar por conta própria para evitar surpresas.

Gwyn ficou vermelha por alguns segundos, agradecendo a amiga depois. Nestha tinha razão, ela poderia ter sido mais cuidadosa desde quando começara as relações com Azriel, mas havia se esquecido completamente, já que nunca em sua vida precisou tomar um contraceptivo.

Tome todos os dias no mesmo horário. Emerie completara um tempo depois. Gwyneth apenas concordou, sem questionar suas melhores amigas. Afinal, as duas já estavam dentro daquele mundo há um tempo, enquanto Gwyn estava apenas adentrando.

— Pensei que mudaria de quarto. — Emerie fechou o livro, interrompendo seus pensamentos. — Ainda estão em quartos separados?

— Dormimos juntos todas as noites, mas ficamos pulando de um quarto para o outro, na verdade.

— Cassian me disse que teve certeza que você era parceira de Azriel quando soube que você esteve no quarto dele. — Nestha desviou os olhos do livro para encará-la, dando uma risadinha. — Segundo Cass, nem mesmo ele entrou ali. Az nunca deixou.

Gwyneth riu fraco, revirando os olhos.

— Pensei que o Mestre-Espião da Corte era meu parceiro, mas vocês dois aparentemente estão competindo pela a posição.

Emerie riu. A primeira vez naquele dia. Aquilo fez com que um sorriso surgisse no rosto de Gwyneth, assim como no de Nestha.

— O passatempo dos dois era fofocar sobre vocês dois.

A illyriana confessou, voltando a abrir o livro. Nes abriu a boca em choque com a delato de Emerie, apontando o dedo do meio para a amiga, como se a chamasse de vadia traidora mentalmente. Emerie deu de ombros rindo um pouco mais, fingindo voltar a ler.

Gwyneth olhou para as duas sacudindo a cabeça. Aqueles três ficaram aquele tempo todo de conversinha, enquanto Azriel e ela basicamente andavam por aí igual dois idiotas com uma venda nos olhos.

— Não acredito que vocês duas ficaram de segredinho.

— Bom, na minha defesa, eu não ganhei dinheiro nas suas custas. — Emerie olhou para Nestha de novo, a Archeron tacou uma almofada no rosto da illyriana.

Gwyneth abriu a boca em um "o" perfeito, levando os olhos de oceano para a melhor amiga.

— Você apostou algo relacionado a mim e a Azriel? — A sacerdotisa cerrou os olhos.

Nestha riu fraco, levantando as mãos em redenção. Ela se ajeitou no sofá antes de se virar para Gwyn e começar a se explicar:

— Não foi nada demais, eu e o Cassian só apostamos algumas moedas em quem descobriria a parceria primeiro. — Nestha deu de ombros. — Eu apostei que o Azriel iria descobrir primeiro, e  Cassian achava que era você.

Emerie riu novamente, enterrando o rosto no livro. Gwyn pegou a almofada que Nes havia atirado em Ems e a jogou na direção da Archeron mais velha, que desviou, abaixando a cabeça, observando-a bater contra a parede atrás da cama.

— Sua fingida. — Gwyneth cerrou os olhos, cruzando os braços. — Vocês duas podem dar as mãos.

Nestha e Emerie gargalharam, fazendo com que a sacerdotisa revirasse os olhos, voltando a pegar o livro que havia deixado no chão, colocando-o em cima da mesa de centro à sua frente.

— Eu odeio vocês. — Gwyn resmungou.

— Mentira. — cantarolou Ems, sorrindo para ela em seguida.

Gwyneth não podia julgar muito a amiga. Quando o assunto era Cassian e Nestha, Gwyn e Emerie sempre ficavam discutindo quem começaria uma briga primeiro ou quanto tempo demoraria para Nestha levá-lo novamente para cama. Porém, não iria mentir que a sensação era diferente quando o assunto em tópico era ela.

As três ficaram ali por mais um tempo, conversando sobre besteiras. Às vezes o clima pesava, quando tocavam em assuntos relacionados a guerra que, aparentemente, já havia estourado. O que levou elas a outra conversa séria, que novamente envolvia Gwyn e Azriel.

O ritual de aceitação do laço.

Gwyneth ficou alguns bons minutos pensativa, repetindo todas as palavras que havia dito na cozinha da casa de Emerie no dia anterior. Ela realmente não via sentido em esperar mais, mas ao mesmo tempo tanta coisa acontecia, que ela temia não ter tempo para dar à Azriel um ritual decente.

E depois de vê-lo chorar daquela forma na última noite, o que ela mais queria era fazer seu parceiro se sentir digno de dividir aquela conexão com ela, queria fazer com que Azriel sentisse orgulho sempre que a escutasse dizer a palavra parceiro.

Não queria fazer aquilo de qualquer jeito.

Então, passou mais algumas horas conversando com suas irmãs que a tranquilizaram, dizendo que tinham certeza que Azriel não se importaria com a maneira que ela aceitaria o laço ou não. Mesmo assim, depois que Nes e Ems saíram de seu quarto, ela decidiu que faria o que o seu coração ansiava e pedia.

Mas, antes precisava conversar com alguém. E quase se sentiu patética quando sussurrou dentro de sua mente:

Rhysand?

Caldeirão. Não sabia nem sequer se havia funcionado, se daquela maneira seu Grão-Senhor a escutaria. Mas, mesmo assim sentiu seu rosto enrubescer, enquanto bebia um copo gigantesco de água gelada na cozinha da Casa.

Sim, Gwyneth?

A sacerdotisa pulou de leve, engasgando com a água quando escutou a voz aveludada de Rhysand em sua mente. Pela Mãe... Ela nunca se acostumaria com aquela habilidade assustadora e ao mesmo tempo fascinante do Grão-Senhor.

Conseguiu realmente me escutar de tão longe?

Perguntou, enquanto se recuperava, sentindo a garganta parar de arder. Escutou a risada grave de Rhysand ecoar pelas paredes de sua mente, ela duvidava que conseguiria escutar qualquer outra coisa no ambiente, mesmo sabendo que a voz projetada não atingia seus ouvidos.

Você me chamou, não foi?

Sim. Gwyneth apoiou o copo no balcão, mordendo os lábios devido ao nervosismo. Deuses, ela não acreditava que realmente conversaria sobre... Estabilizou os pensamentos quando percebeu que Rhysand provavelmente escutaria todos.

Esse controle foi muito bom, parabéns. Conseguiu ver o lampejo daquele sorriso bonito e largo de Rhys, mesmo parecendo preguiçoso e cansado. Diferente desse o qual eu consegui escutar perfeitamente. Estou realmente cansado e preguiçoso, por favor releve.

Gwyneth riu. Não mentalmente, mas em alto e bom som.

Como posso te ajudar, Gwyneth?

Precisava conversar com você. Existe um horário que seja bom?

— Que tal agora? — A voz grave e sedosa soou novamente. Não em sua mente, mas em seus ouvidos.

Ela se virou seguindo o som, pulando com o susto que levara, conseguindo enxergar Rhysand parado com as mãos no bolso, se apoiando no balcão da cozinha. A sacerdotisa levou a mão no coração, sentindo-o acelerado como um cavalo galopando em um campo livre.

— Pela Mãe!

— Desculpe. — O Grão-Senhor sorriu fraco, desapoiando do balcão. — É o meu único horário livre e sua voz me pareceu com um leve tom de... urgência.

Gwyn apenas recuperou o fôlego perdido, ajeitando a postura, enquanto tentava não corar na presença do seu Grão-Senhor.

— Gostaria de lembrá-la que você não é minha subordinada, Gwyn. Você é parceira do meu irmão e parte da minha família, e família vem antes de qualquer título, então por favor, pode ficar tranquila em relação a isso. — sorriu de maneira amigável.

— Escutou aquele meu pensamento?

— Você deixou escapulir. — Rhysand se defendeu.

— Certo. — Gwyneth riu de leve, apertando as mãos. — Me desculpe, vou tentar ficar mais... relaxada, na sua presença.

— Ótimo. — O sorriso se alargou um pouco mais. — Então, do que precisa, Gwyn?

Mordeu a bochecha interna, tentando respirar normalmente.

— É sobre Azriel... — começou. — Você acha que é possível dar... Dar alguns dias de folga para ele? Talvez três ou dois. Não precisa ser muito apenas... Alguns dias para ele não precisar se preocupar com muitas coisas?

Tentou evitar dizer o motivo. Ela explodiria de vergonha se tivesse que começar a se explicar. Como se explicava algo daquele tipo? Pode dar férias para seu Mestre-Espião para que eu possa fazer sexo com ele sem a possibilidade de uma interrupção?

— Bom, isso me parece um bom começo para uma explicação.

Havia divertimento no rosto do Grão-Senhor. Gwyneth sentiu seu corpo contorcer em vergonha. Caldeirão! Ela queria se enfiar em um buraco e nunca sair de dentro dele. A risada de Rhysand tomou todo o cômodo, fazendo com que Gwyn tapasse o rosto com as mãos.

— Eu provavelmente deveria começar aquelas aulas com a Feyre. — A sacerdotisa resmungou.

— Provavelmente. — Rhysand deixou uma risada fraca escapar novamente. — Cobrarei dela em algum momento, você realmente precisa treinar seus escudos mentais, apesar de já ter um controle mental muito bom.

— É o silenciamento das Valquírias. Acho que ajuda. — Gwyn tirou as mãos do rosto, respirando fundo e tentando se controlar. — Não é nada disso... Quer dizer... Um pouco. Mas, não é completamente isso. Eu... Eu pretendo aceitar a parceria e queria que fosse especial, queria que tivéssemos tempo, sabe?

O rosto de Rhysand se iluminou.

Oh... — O Grão-Senhor sorriu. — Ah! Isso é ótimo, estou feliz por vocês dois.

Gwyneth se permitiu sorrir um pouco, entortando a boca logo em seguida. Ela conseguiu sentir a felicidade de Rhys, como se já conseguisse enxergar a alegria do irmão em sua mente.

— Na verdade, o momento é perfeito. — explicou, apoiando a mão no balcão. — Eu gostaria poder dar mais tempo para vocês dois, mas daqui três dias é possível que as coisas se tornem bastante caóticas...

Aparentou pensar por um momento, antes de voltar a olhar para a sacerdotisa com aqueles olhos salpicados de estrelas. E ela não conseguiu deixar de pensar que a beleza de Rhysand também chegava a ser quase surreal, no fundo torcendo para que ela não deixasse aquele pensamento em especial escapulir também.

— Azriel chegará de uma missão ainda essa noite...

— Ele saiu para uma missão? — Gwyneth interrompeu, elevando o tom de voz um pouco.

Azriel... Aquele... Não havia contado para ela que sairia em missão naquele dia. Talvez aproveitasse os dois dias de férias para esmurrar aquele rosto perfeito.

— É uma missão tranquila, Gwyn. Estou a todo momento conversando com ele mentalmente. Ele continua aqui nas terras da Corte Noturna, não existe muito perigo para ele.

Sempre existia perigo para Azriel. Mas... Preferiu evitar se estressar naquele momento. Respirou mais fundo, tomando as rédeas de seu corpo novamente, não se permitindo sentir nenhum tipo de nervosismo ou ansiedade. 

Azriel era bom no que fazia e teria que confiar naquilo.

— Por que não vai para a Casa da Cidade hoje? Está vazia há um tempo, ela é mais aconchegante que a Casa do Vento, mas grande o suficiente para qualquer... tipo de... atividade que queiram fazer.

Rhysand riu fraco quando Gwyneth arregalou um pouco os olhos. Ela notou o cuidado ao dizer as palavras, como se ele tentasse ao máximo não deixá-la constrangida. No fundo, Gwyneth agradeceu pela atenciosidade de Rhys.

— Ah não, não precisa disso... É demais...

— Gwyn, por favor. — O Grão-Senhor interrompeu. — Passe esse tempo na Casa da Cidade, vocês terão privacidade e estarão longe de ouvidos curiosos. Acredite em mim quando eu digo que é melhor manter Azriel longe de Cassian nesse período.

Gwyneth abaixou a cabeça, deixando uma risada escapar. Ela odiava abusar da boa vontade e generosidade de Rhysand, mas talvez aquela realmente fosse a melhor opção para os dois.

— Você pode preparar o que quiser com tranquilidade lá, e quando Azriel estiver voltando posso pedir para que ele venha para minha sala antes de sequer ameaçar procurar por você. Depois invento uma desculpa qualquer para ele ir até a Casa da Cidade para ser surpreendido.

Rhys pareceu animado com a possibilidade.

— Não seria muito?

— Vocês merecem muito. — respondeu, sorrindo.

Gwyneth levou os olhos para cima, pensativa. O Grão-Senhor em sua frente a encarava com expectativa, como se esperasse ela se decidir.

— Posso levá-la agora. — deu de ombros, tentando a incentivar de maneira despretensiosa. — Depois não estarei aqui na cidade.

Ele levantou os braços na defensiva, como se soubesse que estava praticamente a chantageando. A valquíria riu de leve, negando com a cabeça, antes de exalar um suspiro.

— Tudo bem. — Se deu por vencida. — Arrumarei minhas coisas e... Irei para a Casa da Cidade. 



AWWN CASSIAN ME COME DE LADINHO! Amamos muito ver o Cassian sendo lindo, gostoso e inteligente. E essa interação da Gwyn com o Rhys? Aff , tudo para mim sim! Será que finalmente vem aí e vocês vão parar de me macetar por esses dois ainda não terem firmado a parceria? rsrs

Peço desculpas pelo horário pessoal, eu viajei de volta para minha cidade pós faculdade e não tive direito hoje, e terei menos ainda nos próximos dias, então o único horário disponível era a madrugada. Pelo menos é no finalzinha de semana né?  Aí dá pra aproveitar a madrugada. 

Já peço desculpas por qualquer errinho, não revisei muito bem hoje devido meu cansaço, maaaas... Se vocês gostaram mesmo assim, então deixa um favorito e comentem bastante, isso me ajuda muito a espalhar a história e a me motivar a continuar escrevendo. 

Enfim, é isso, vejo vocês no próximo? Quem sabe não venha no domingo para comemorar o dia dos namorados com bastante love desses dois hehehe. Veremos ;)

Beijinhos amores, obrigada por todo o carinho de sempre. 

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