Armadilha?

Màu nền
Font chữ
Font size
Chiều cao dòng

O contraste era palpável assim que atravessaram a porta. Encontraram-se em um ambiente onde o calor acolhedor dos aquecedores envolvia o espaço, tornando o ar quente e agradável, uma marcante diferença em relação à frieza dos corredores anteriores. As paredes, revestidas com um papel de parede azulado, eram adornadas por quadros que exibiam paisagens bucólicas, transmitindo uma serenidade quase pastoral. As janelas, livres de grades, ofereciam uma vista desimpedida, fazendo-os questionar se ainda estavam no mesmo prédio.

"Será que entramos na parte do prédio destinada aos alfas?" Harry questionou, intrigado pela mudança repentina no ambiente.

"Mais ou menos", respondeu Snape, após um breve momento de reflexão. "Considera-se esta área uma zona intermediária entre as seções destinadas aos alfas e aos ômegas durante a primeira fase da corrida."

Essa explicação veio enquanto prosseguiam por um corredor mais estreito, que desembocava em uma porta de mogno trabalhada com detalhes intricados. Antes, porém, de se aproximarem da referida sala, Harry e Neville pararam abruptamente, fazendo com que Luna, seguindo logo atrás, quase esbarrasse neles.

"O que foi?" Luna murmurou, impaciente. "Vamos entrar na sala... Chega de corredores e de caminhar tanto. A corrida acabou, eu quero é descansar e comer!"

"Ali na frente...", Neville murmurou em um sussurro, apreensivo.

"Sim, dentro da sala há alfas", Harry completou, ajustando seus óculos enquanto observava Snape. Este havia parado alguns metros à frente, observando-os com um olhar penetrante e cheio de interesse.

"Alfas?" Luna questionou, olhando ao redor, confusa. "Eu não estou vendo nenhum!"

"Não é necessário ver... Basta sentir", Neville explicou, indicando seu próprio nariz.

"Farejar? Vocês conseguem realmente sentir o cheiro deles?" Luna expressou sua surpresa, com os olhos arregalados de espanto.

"Alguém treinou vocês para aprimorar o olfato?" Snape afirmou, mais como uma constatação do que uma pergunta, e prosseguiu, "Isso não é algo comumente ensinado nas academias ou centros de treinamento para ômegas destinados a Corrida. Detectar a presença de um alfa antes mesmo de vê-lo pode ser uma estratégia para evitá-lo, o que geralmente não é o objetivo para um ômega que participa desse tipo de evento."

"Se você nunca participou de uma Corrida, como Neville mencionou, como pode saber o que é ou não habitual ser ensinado a um ômega para esse evento?" Harry interrompeu o raciocínio do ômega mais velho.

"Quem ensinou isso a vocês?" Snape rebateu, adotando um tom mais incisivo.

"E por que nos trouxe a uma sala que sabia estar cheia de alfas?" Harry contra-atacou, apontando para a porta ainda fechada.

Nenhum deles respondeu às perguntas lançadas. Em vez disso, ficaram se encarando, a tensão entre eles quase tangível e carregada de desafio.

Com os braços cruzados e um suspiro prolongado, Snape tentou dissipar a tensão. "Não estou conduzindo vocês a uma armadilha. Não há motivo para apreensão só porque há alfas do outro lado da porta", disse ele, abordando a questão com aparente indiferença.

"Não devemos ficar apreensivos? Acabamos de sair da primeira fase da corrida. Você sequer viu os vídeos da competição? Viu o que os alfas fizeram com os ômegas? Como pode dizer para não nos preocuparmos?" Potter rebateu, enfatizando cada palavra com gestos expressivos.

"Você está exagerando...", respondeu Snape, mas sua voz vacilou, revelando uma ponta de incerteza. "Além disso, a competição por enquanto está pausada."

"Isso nunca impediu alfas de atacarem ômegas anteriormente...", Luna observou, recebendo um olhar repreensivo de Snape por sua franqueza.

"E ainda estamos no escuro sobre o porquê de estarmos te seguindo. Tudo aqui cheira a armadilha!", Harry acrescentou, sua suspeita crescendo.

"Se vocês dominassem a arte de utilizar o olfato de forma eficaz, identificariam que os alfas presentes não estão emitindo feromônios de excitação ou agressividade. É possível até perceber vestígios de fome e álcool no ar?" Snape pausou sua explanação e, com o cenho franzido, inspirou profundamente, como se buscasse confirmar suas suspeitas. "Inacreditável... Isso contraria todos os protocolos estabelecidos", murmurou ele, claramente desgostoso com a descoberta.

Após um breve pigarro, retomou: "A habilidade de detectar a presença de um alfa sem conseguir discernir seu estado emocional revela uma lacuna significativa em seu treinamento. Essa incapacidade os priva de uma compreensão mais profunda do ambiente ao seu redor e de formular julgamentos acurados", criticou Snape, sua impaciência evidente enquanto se dirigia à porta.

Harry estava pronto para interceptá-lo, mas as palavras de Snape o fizeram pausar. Ele estava utilizando seu olfato não apenas para identificar os alfas, mas também para discernir seus estados emocionais e outros detalhes sutis. Será que eles também eram capazes de tal percepção?

A porta abriu-se subitamente antes que Snape ou Harry pudessem reagir. Apareceu então uma figura conhecida, marcando sua presença com uma perna prostética e um olho artificial, exibindo um sorriso grotesco em seu rosto repleto de cicatrizes.

"Vão ficar aí parados ou entrar? Eu pensei que os assuntos a tratar fossem urgentes," resmungou Moody, o alfa.

Snape ficou boquiaberto, com uma expressão extrema que misturava assombro e irritação, algo que até então não havia demonstrado, pois sempre tentava parecer indiferente e controlado. Harry compartilhou da surpresa do ômega mais velho, já que não esperava encontrar Alastor Moody ali.

"Professor Moody?" Neville parecia, ao menos, animado com a presença do veterano alfa, enquanto Luna observava tudo com uma expressão confusa.

"Vocês o conhecem? Claro que conhecem..." disse Snape, levando a mão à testa. "Foi ele quem aprimorou os sentidos olfativo de vocês. Só pode ser!"

"Ah! Então você reconheceu o fruto do meu trabalho, Severus?" riu Moody, entusiasmado.

"Um trabalho malfeito, sim, eu reconheci!" respondeu o ômega, rangendo os dentes. "E você deve me chamar de senhor Snape."

"Snape, é? Não Dumbledore? Por que não adotou o sobrenome do seu marido? Tornaria as coisas mais fáceis, não? Ou seria isso uma forma de se apegar a algum vestígio do seu eu passado?" provocou Moody, fazendo o rosto de Snape adquirir um rubor que se destacava em sua pele pálida.

"Isso não é da sua conta, Alastor."

"Como não é da minha conta?" desafiou Moody. "Eu estou meio que envolvido..."

"O que você está fazendo aqui?" interrompeu Snape, impaciente. "Você não faz mais parte do conselho dos alfas. Você está aposentado... Sim, sei que pode não aceitar, mas é melhor do que ser preso, não é mesmo? De qualquer forma, você não deveria estar aqui!"

"Mas eu tinha que estar aqui. Sou o treinador desses jovens! Um dos treinadores, mas certamente o mais importante," disse ele, retirando um cantil do bolso de seu longo sobretudo e bebendo a longos goles.

"Não, definitivamente você não tinha esse direito!" insistiu Snape, embora sua objeção parecesse ser prontamente ignorada por Moody. No entanto, outra figura surgiu à porta: um alfa de cabelos negros que caíam até os ombros e olhos de um cinza penetrante, com um sorriso conciliatório adornando seus lábios.

"Oh, Severus, não seja tão severo. Vai acabar envelhecendo precocemente! Posso ver os 'pés de galinha' se formando ao redor dos seus olhos, parece até que um galinheiro inteiro decidiu fazer uma festa no seu rosto!" exclamou o alfa desconhecido, provocando.

"Sirius Black... Foi você quem o deixou entrar, não foi?" Snape questionou, posicionando as mãos na cintura, adotando uma postura visivelmente irritada.

"Fui eu que entrei por conta própria!" retrucou Moody, impaciente.

"Bem, tecnicamente, ele está certo... Encontrei-o perambulando pelos corredores após ter neutralizado dois guardas betas. Não podia simplesmente deixá-lo à própria sorte", explicou Black, sua voz transbordando mais diversão do que repreensão.

"Supervisionei a construção deste prédio enquanto vocês ainda usavam fraldas. Sei como entrar e sair sem ser notado!" declarou o alfa mais velho, orgulhoso.

"Mas você foi notado por mim", apontou Sirius, mantendo o tom jocoso.

"Eu permiti que me visse. Parece que você não aprendeu nada com o que ensinei, Black. Às vezes, é necessário ser visto para alcançar seus objetivos."

"Claro, professor Moody", concordou Black de forma irônica, conduzindo o alfa mais velho para dentro e até mesmo aceitando um gole da bebida que Moody lhe ofereceu, animadamente.

"Isso é absolutamente contra os princípios que regem a força policial do conselho alfa!" protestava Snape, também adentrando na sala e gesticulando para que Harry e os demais o seguissem.

O interior da sala evocava a atmosfera aconchegante de um salão destinado a reuniões íntimas. Distribuídas pelo espaço, várias poltronas e sofás convidativos cercavam uma elegante lareira de granito, cujas chamas dançantes lançavam um brilho acolhedor. Mesas de centro, estrategicamente posicionadas próximas à mobília, exibiam vasos adornados com flores frescas, adicionando um toque de vivacidade ao ambiente.

Luna conduziu o grupo para um canto reservado, próximo à porta, onde se acomodaram em um sofá surpreendentemente macio, que parecia abraçá-los com seu conforto. Os três ômegas colocaram as sacolas contendo as marmitas "roubadas" sobre uma das mesas de centro, antecipando-se a saborear o conteúdo enquanto observavam o desenrolar de uma aparente discussão.

"Eu não infringi nenhum princípio... Acho", comentou Black, acomodando-se numa poltrona próxima à lareira e apoiando os pés na mesa de centro com uma displicência que quase comprometeu a estabilidade do vaso.

"Beber em serviço...", Snape iniciou, claramente desaprovador.

"Bem, estamos apenas relaxando após o tumulto desta fase inicial da Corrida. Quase todo o efetivo policial do conselho alfa foi mobilizado para auxiliar nas operações de resgate. Eu mesmo ajudei a desenterrar alguns ômegas e alfas... Que loucura! Um pouco de 'bebida energética' é mais do que bem-vinda para revigorar o espírito, não concorda?" Black argumentou, estendendo o cantil para Snape, que recusou com um olhar fulminante.

"Não se preocupe, Severus", interveio outro homem, de cabelos castanhos salpicados de grisalhos e expressão amável. "Eu estive supervisionando."

"Graças a Deus, Lupin... Deixar ele..." Snape apontou para Sirius, e então incluiu Moody, sentado em uma poltrona próxima a Harry e seus amigos, "...Ou melhor, deixá-los sem supervisão adequada seria convidar o caos à materialização!"

"Você fala como se fôssemos crianças...", resmungou Moody, claramente insatisfeito.

"Acho que crianças demonstrariam mais consciência em seus atos!" rebateu Snape com veemência. "Sirius, Alvo deixou claro que esse assunto é sigiloso. E o que você fez? Trouxe um estranho para nossa reunião!"

"Eu não sou um estranho. Você me conhece muito bem... assim como o velho Alvo!" Alastor frisou, defendendo sua presença.

"Exatamente", concordou Black. "O Professor Moody não é um estranho. Na verdade, sua presença aqui é bastante oportuna, especialmente por sua ligação com os garotos." Com isso, ele finalmente direcionou seu olhar aos convidados.

Harry ficou paralisado, flagrado em meio a uma mordida em uma perna de frango, enquanto Luna devorava arroz com presunto e ovo mexido com voracidade. Neville, tentando manter um mínimo de compostura, lutava para comer seu pedaço de frango com um dos poucos guardanapos que Luna havia conseguido trazer. Infelizmente, Luna não havia conseguido apropriar-se de talheres, forçando-os a comer com as mãos.

"Oh, céus...", Snape comentou, visivelmente constrangido pela cena à sua frente. "Por favor, tenham modos!"

"Vou buscar alguns talheres e, quem sabe, bebidas quentes para acompanhar...", Lupin interveio, oferecendo um sorriso amigável aos ômegas.

"Remo, que tal pedirmos mais comida? Esses jovens são os vencedores da primeira fase; merecem um banquete! E eu mesmo estou faminto! Quem topa uma pizza?" Sirius sugeriu entusiasmado, lançando uma piscadela cúmplice para os ômegas mais jovens.

Luna, com as mãos sujas de arroz, ergueu-se animadamente. "Sim, pizzas, no plural!" exclamou ela.

Harry valorizou a perspectiva de mais comida, mas sua mente estava repleta de dúvidas. O que representava toda essa situação? Por qual motivo Alvo Dumbledore, um alfa de grande poder, havia solicitado sua presença? Ademais, os novos personagens presentes suscitavam sua curiosidade. Será que todos eles eram membros do temido conselho alfa? Harry sempre encarou com receio esse conselho que, de maneira quase onipresente, moldava a sociedade ABO britânica, favorecendo os alfas em suas decisões. Contudo, ali estava um ômega, e até mesmo um beta, integrando o conselho? E essa interação informal entre eles, tão distante do que se esperaria em um ambiente tão influente. Tudo isso o fazia vacilar diante daquela inusitada situação.

"Não devo baixar a guarda...", Harry ponderou internamente, retomando sua refeição, mas mantendo-se alerta, sem se permitir relaxar completamente.


~Palavras da autora~

Peço perdão por não estar postando com frequência.

Mas vou tentar retomar o ritmo de escrita esse mês. 

Próximo capítulo será bem extenso e entenderemos o que Alvo Dumbledore deseja. 

 


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen2U.Pro