Cedric Diggory

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Harry chegou a pensar que o álcool tinha nublado seu julgamento. Ouvir que um ômega já havia vencido A Corrida era algo que ele jamais esperaria. Sentiu-se dividido: por um lado, aliviado ao saber que a competição não era uma sentença de morte para os ômegas; por outro, cético quanto à veracidade da afirmação de Amos. Afinal, se era verdade, por que essa notícia não era do conhecimento público?

"Sei que vocês devem estar pensando: é mentira. Um ômega venceu e isso não virou manchete?", disse Amos, fazendo um gesto largo com a mão como se quisesse ilustrar o quanto informações como essa se espalhariam rapidamente no mundo conectado em que viviam.

"Presumo que você tenha provas disso," respondeu Harry, tentando ocultar seu ceticismo ao perceber a dor estampada no rosto de Amos.

"Oh, sim. Tenho provas." Amos retirou o celular do bolso do colete xadrez que vestia. Tocou na tela e os monitores de segurança que cobriam uma parede inteira do recinto se apagaram. Em seguida, exibiram uma única imagem: a filmagem de uma Corrida. Um contador na lateral da tela marcava a fase do evento, a terceira e última, enquanto um cronômetro no topo mostrava o tempo restante. Os ômegas não só tinham que escapar dos Alfas, mas também tinham que tocar um marco no fim de cada fase antes que o tempo se esgotasse, caso contrário, seriam eliminados sem prêmio algum.

A imagem retratava um labirinto sinuoso formado por imponentes cercas vivas, envoltas em uma bruma etérea que dava um ar sobrenatural à cena. A filmagem deixava claro que poucos participantes restavam, sublinhando a dificuldade em chegar àquela etapa. Ômegas vestindo uniformes laranja fluorescente, que os destacava na penumbra, corriam desesperadamente pelos caminhos do labirinto. Era visível também que os Alfas usavam suas habilidades para escalar as cercas e, de cima, observar suas presas, como falcões à espreita.

Harry nunca tinha assistido a uma Corrida, evitava dar audiência a tal espetáculo. No entanto, ele podia entender como aquilo era intrigante para o público em geral. A perseguição implacável, os ômegas se esquivando de obstáculos e o suspense da contagem regressiva faziam seu coração acelerar e suas mãos suarem frio.

Eles assistiram, um a um dos ômegas serem capturados. A filmagem fazia questão de mostrar, mesmo de forma sutil, os ômegas serem violados pelos seus capturados. O som ambiente estava saturado pelos ecos de gemidos e gritos abafados, uma cacofonia que servia de pano de fundo para os repórteres exultantes que anunciavam com fervor as capturas. Eles não apenas mencionavam os nomes dos alfas bem-sucedidos, mas também enfatizavam suas profissões, o pedigree de suas famílias, e a influência que exerciam no mundo. Eles falavam em tom de reverência, como se narrassem os feitos de heróis épicos.

Enquanto isso, Harry não pôde deixar de notar que os nomes dos ômegas capturados não eram mencionados. Em vez disso, os repórteres apenas referiam-se a eles por uma numeração da inscrição deles na corrida, quase como códigos de barras em produtos numa prateleira.

"Olhem, um ômega ainda está em jogo!" exclamou o repórter com um misto de incredulidade e excitação.

"Sim, ele deve ser o último. Você acha que ele vai conseguir?" o co-comentarista retorquiu, sua voz tingida com um ceticismo quase teatral.

Harry observava o último ômega restante, um homem alto e musculoso com cabelos negros e olhos cinzentos, que ele deduziu ser Cedric Diggory. Cedric parecia o herói ideal de qualquer epopeia, preparado para enfrentar monstros e alcançar um final feliz. Mas o grito preso na garganta de Harry foi liberado quando um alfa se colocou diretamente no caminho de Cedric. Este alfa tinha uma aparência quase bestial. Sua boca espumava, e os olhos estavam tão dilatados que pareciam brilhar com uma luz própria. Ele se movia em uma postura curvada, mais animal do que humano, representando a forma bestial dos alfas quando perdiam todo autocontrole. Era uma visão perturbadora.

"No cenário, temos o filho único do proprietário da principal empresa de mineração de carvão em Bristol e West Midlands. Seu nome é... Ah!" O comentarista soltou um gritinho quando Cedric saltou habilmente sobre o alfa bestial, fazendo-o colidir com um arbusto espinhoso.

Nos monitores, a câmera fez um close em Cedric, que agora alcançava o final do labirinto e começava a subir uma escadaria em direção a um altar elaborado. Sobre um pilar de estilo romano, havia um troféu dourado reluzente, o prêmio e o marco do término da terceira fase da corrida.

O coração de Harry batia forte enquanto Cedric subia os degraus. Os comentaristas freneticamente procuravam por outros alfas, mas parecia que os restantes estavam ou ocupados com os ômegas capturados ou também perdidos no labirinto. Cedric chegou ao topo e estendeu a mão para o troféu. Harry viu os dedos do ômega quase tocando a alça dourada e...

Subitamente, a tela mudou para o logotipo oficial da corrida, uma ovelha em fuga e um lobo em perseguição. Os comentaristas começaram a discutir os alfas vitoriosos, mas em nenhum momento mencionaram Cedric ou reconheceram que um ômega tinha, de fato, vencido. Era como se ele nunca tivesse existido.

"E então? O que aconteceu? Quero dizer, não pode ter terminado assim!" indagou Fred, claramente frustrado.

"Mas terminou, e o que vocês estão assistindo é uma das raras cópias da final daquele ano da Corrida. Se você procurar na internet ou na própria rede de televisão, verá que os vídeos foram misteriosamente deletados ou extraviados dos arquivos," informou Amos.

"E Cedric? O que aconteceu com ele de fato?" Harry perguntou, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.

Amos lançou um olhar sombrio para os monitores, agora desligados. "Eu não sei," ele falou, o peso da incerteza claramente marcado em sua voz. "Desde esse dia, não tenho notícias de meu filho. Os organizadores do evento me pagaram uma grande quantia para o meu silêncio, até mesmo mais do que o prêmio da corrida daquele ano específico. Perguntei sobre Cedric, e tudo o que obtive foi silêncio."

"Você acha que ele pode ter sido capturado por um alfa, como Cho Chang?" Harry prosseguiu, notando a expressão de horror que se apossou do rosto de Amos.

"Bem, eu realmente não sei. Chang ao menos recebeu uma moldura indicando o casamento e que a mordida foi efetuada... Mas eu não recebi nada. O que me faz pensar que..." Amos pausou, suas próximas palavras pesadas demais para serem articuladas.

"Você acredita que ele está morto. Que eles mataram seu filho," concluiu Harry, compartilhando a angústia de Amos.

"O quê? Não! Eles não iriam tão longe, iriam?" questionou Ron, desesperado.

"Bem, a ideia de que nenhum ômega chegue ileso ao final da corrida é algo que todos nós consideramos uma verdade," Jorge ponderou. "Afinal, isso é o que sempre é enfatizado. Os anúncios da Corrida ressaltam que a vitória é durar até as últimas fases e ser capturado por um alfa rico e poderoso."

"Ou desistir na segunda fase e ganhar algum prêmio em dinheiro," Fred lembrou.

"Existe um prêmio final, mas duvido que eles alguma vez planejassem realmente entregá-lo a alguém," continuou Jorge, recebendo um aceno afirmativo de Amos.

"Agora você entende, ômega. O que você está propondo é impossível. Nenhum ômega pode vencer a Corrida. Não porque vocês não têm habilidades para isso, mas porque eles não querem que vocês vençam," finalizou Amos, sua voz tingida de raiva e frustração.

"Então, a possibilidade de eu vencer realmente existe," Harry ponderou em voz alta, suas palavras carregadas de uma nova compreensão. Ao ouvi-lo, Amos e Ron trocaram olhares de incredulidade, os olhos deles se arregalando como se Harry tivesse proposto algo impensável. "Se Cedric conseguiu, eu também tenho uma chance."

"O quê? Você não assistiu ao vídeo? Não prestou atenção em nada do que eu disse?" Diggory exclamou, sua voz tingida de exasperação e uma nota de incredulidade. Era como se ele considerasse Harry desconectado da realidade.

"Eu vi e ouvi tudo, mais claramente do que você imagina," replicou Harry, seus olhos verdes cravados nos olhos cinzentos de Amos com uma intensidade palpável. "E o que vejo não é um beco sem saída, mas sim um leque de possibilidades. Sabemos que é possível vencer essa corrida, e sabemos também que eles farão de tudo para nos impedir. Isso já deve ter acontecido antes, e duvido que Cedric seja o único a já ter triunfado. Isso, para mim, é a verdadeira abertura para oportunidades. Podemos aprender com os erros passados e angariar uma vitória duradoura."

"V-você... Você está louco, ômega," Amos balbuciou. Sua voz falhou, e ele desviou o olhar.

Harry deu os ombros e começou a se levantar da poltrona.

"Posso estar louco, mas escolho acreditar que tenho uma chance, que há uma luta à minha frente que vale a pena ser travada. Talvez possamos descobrir o que realmente aconteceu com Cedric, talvez até possamos libertar Cho Chang e proteger o futuro de Gina. Prefiro ancorar minha esperança nessa possibilidade do que resignar-me, investir em um clube exclusivo e passar o resto dos meus dias aceitando o status quo, esquecendo o heroísmo de meu filho ômega," declarou Harry, sua voz carregada de uma gravidade que fez as palavras parecerem mais pesadas, mais significativas. Seus olhos verdes faiscavam com uma convicção irredutível.

Amos, com suas mãos agora trêmulas, fixou seus olhos no ômega à sua frente. Ele sentiu uma onda de fúria e incredulidade ao olhar para Harry, que em comparação com Cedric parecia mais frágil, mais vulnerável. "Você, ômega, não faz ideia do que está falando. Você não conhece a minha dor, você..." Sua voz falhou. Mas enquanto observava o ômega, um novo sentimento começou a aflorar dentro dele, eclipsando sua fúria inicial. Era um lampejo de... esperança? A consciência dolorosa de que, contra todas as probabilidades, talvez aquele rapaz estivesse certo.

"Harry," disse Harry, interrompendo o silêncio que pairava na sala.

"Hã?" Amos franziu o cenho, ainda fixando o olhar naquele intrigante jovem à sua frente. A descrição de Chang havia sido precisa; aquele rapaz era, sem dúvida, diferente.

"Meu nome é Harry Potter, não 'ômega'," declarou Harry, inclinando-se levemente para a frente, como se desafiando a própria gravidade. Ele foi rapidamente estabilizado por Ron, que parecia sentir o delicado equilíbrio emocional do amigo.

"O que está acontecendo com ele?" indagou Amos, um misto de nervosismo e confusão tingindo sua voz. Ele ainda estava desorientado pelo impacto que aquele jovem — Harry Potter, corrigiu-se mentalmente — havia causado nele.

De repente, o nariz de Harry começou a sangrar, e uma risada que oscilava entre o histérico e o macabro escapou de seus lábios.

"Ops, o efeito da fórmula deve ter se esgotado," anunciou Jorge, claramente nervoso, tentando dar alguma explicação para o estado alarmante de Harry.

A última coisa que Harry recordou antes de ser envolvido pela escuridão do desmaio foi uma visão quase onírica. Ele se via impotente, observando uma sombra sinistra se aproximar por trás de Cedric, que estendia a mão para agarrar o prêmio que tanto merecia. A sombra tinha o formato de um monstro, uma criatura cuja face era grotescamente deformada, desprovida de nariz e cabelo, com uma pele de tonalidade mortiça. Seus olhos eram malévolos, exibindo íris vermelhas características de um alfa típico. Aquilo não podia ser real, pensou Harry. Mas então, sentiu mãos desesperadas puxá-lo para a escuridão, a mesma que agora também engolia Cedric.

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