Amy, Amy, Amy

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"Now you leave me
And I'm crazy
So can I hold on?"

A batida do blue era simples, aconchegante, inebriante.

Fecho meus olhos e continuo adentrando o bar, sendo preenchido por uma sensação de completude enorme que eu não sentia desde o momento em que ela partiu.

A música me preenchia de uma maneira inigualável e me forço para abrir os olhos e assim não fazer com que Hayden perceba como me entreguei fácil para uma voz desconhecida.

E claro, abro meus olhos também para ver de quem saía esse canto esplendoroso.

No centro do palco estava uma garota morena e alta graças aos saltos, com uma saia preta e blusa vermelha, um delineado longo, um batom vermelho marcante e um penteado que eu diria retrô.

Essa garota era a exemplificação do que Nicole chamaria de "vulgaridade". Mas Nicole não estava mais aqui. Ela me deixou e tudo o que eu virei foram cinzas de cigarro, restos de bebidas e linhas de poemas incompletos em um bar qualquer.

Continuava de pé, com Hayden ao meu lado e meus olhos eram inteiramente dela, ela que acolhia todos os corações partidos ou inteiros do bar medíocre em que nos encontrávamos, ela que parecia ter o próprio coração partido para lidar enquanto cantava e balançava uma das pernas timidamente e no ritmo da música, olhando sempre para baixo. Ela parecia lutar consigo mesma, com a sua voz, com a sua música.

Enquanto isso, eu era o escritor clichê que levou um belo pé na bunda e todas as palavras que imaginava poder escrever saíam de minha boca em sentidos deprimentes, formando trechos incompletos que eu talvez nunca conseguisse completar para fazer uma história ou até mesmo um simples poema.

Tudo era culpa de Nicole. Ela não podia se contentar com o amor, tinha que querer mais e mais, fazendo inúmeros planos. Planos estes que ela esqueceu de me colocar no meio, ou simplesmente não quis.

O fato é que por um breve espaço de tempo eu consegui esquecer Nicole e todos os desastres que me causou. E devo isso a quem? Uma desconhecida cantando? Eu estava no fundo do poço mesmo.

Meus pensamentos foram interrompidos pelas palmas e volto para o mundo real, onde pés na bunda existem, um escritor sofre bloqueios depressivos, uma estranha tem uma voz tão maravilhosa que encanta você e que momentos bons passam em um piscar de olhos.

A garota nem ao menos sorriu, apenas desceu do palco e se afastou, indo provavelmente para a saída dos fundos.

- Já volto. - digo para Hayden que estava ocupado demais trocando olhares com uma loira.

Saio em passos rápidos e dou a volta no bar, encontrando alguém fumando encostada na parede encardida da saída.

- Aceita um trago? - ofereceu. Ela nem se deu ao trabalho de me olhar, permaneceu com um dos braços cruzados e o outro erguido na frente de seu rosto.

Porém, eu a observava. Tinha essa mania de sempre observar as pessoas com atenção minuciosa, admirando cada detalhe para no final só ver o lado bom de cada pessoa. Talvez isso tenha me feito levar rasteiras com Nicole.

Lá estava eu falando de Nicole mais uma vez.

- Eu não fumo. - respondo.

Eu não fumava, no entanto, sempre gostei de ver a fumaça se dissipando, então me aproximo e encosto o corpo na mesma parede encardida que ela.

- Então veio aqui só para jogar uma cantada barata? - questionou.

Eu deveria me sentir ofendido, deveria mesmo, mas não fico, no lugar disso, penso em uma boa resposta.

- Não sou esse tipo de cara.

- E que tipo de cara você é? - finalmente direcionou seu olhar para mim e não tive coragem de olhar para ela ao mesmo tempo.

- Mason Clint, prazer.

Eu podia sentir o nervosismo por cada pedaço meu. E eu não ficaria assim, só que ela tinha aquele ar de imprevisível. Olhar para ela era como se aventurar na selva.

Ela parou de me observar e passamos alguns minutos em silêncio. Passei cada segundo pensando no que falar e nada me parecia bom o suficiente.

- Não sou uma boa companhia, desculpe. - jogou o cigarro no chão e pisou. - Meu namorado me deixou e toda vez que abro a boca perto de alguém é para reclamar ou chorar.

- Ou para cantar. - completo.

Com um sorriso de canto ela me observou por alguns segundos, como se estivesse perguntando internamente como eu, um desconhecido, consegui fazê-la sorrir pelo menos um pouco.

- Ou para cantar. - repete, sorrindo abertamente agora.

Eu era um intuitivo, sonhador, me encantei por ela como um homem era encantado por uma sereia nos contos. E só foi preciso sua voz, sua doce voz. Céus, para onde foi minha sanidade e bom senso? Se eles tiverem partido junto de Nicole... tudo bem, não precisam voltar, me viro sem os dois.

Sinceramente? Me viro muito bem.

Esse era o momento em que eu deveria elogiar o pouco que ouvi dela cantando, falar que adoraria ouvir novamente em outra ocasião e claro, a chamaria para sair.

Respiro fundo e fico na frente dela.

- Você...

Uma caminhonete para perto de onde estávamos e sou interrompido.

Ela pega uma bolsa de couro no chão, sorri e diz:

- Vejo você por aí. - começa a se afastar.

Eu não poderia simplesmente olhar a garota que mudou como eu me sentia partir em minutos após conhecer ela. O que me lembra algo.

- Espere! - chamo.

Ela se virou e mais uma vez depositou toda sua atenção em mim.

- Você não me disse seu nome.

- Amy. - sorri.

- Como Amy Winehouse? - coloco as mãos nos bolsos da calça.

- É. - gargalhou. - Como Amy Winehouse.

Deixo-a ir. Eu já estava contente com o pouco que tive. Por mais improvável que pareça, o seu "Vejo você por aí" não seria em vão, pois eu veria ela novamente, nem que para isso tivesse que rodar o mundo.

Então, algo que eu não esperava aconteceu.

Ela se virou e disse:

- Mas para você eu posso ser a Amy como Amélia Wolseley.

Em seguida, entrou no carro e seguiu seu caminho.

Amélia Wolseley, vejo você por aí.

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