Na obscura estrada rural

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Essa é a história que meu avô me contou. Eu tentarei fazer o meu melhor para lembrar de todos os detalhes e, assim, escrever com o máximo de autenticidade.

O nome do meu avô era Shinji, desta forma, eu o chamava de Shinjii (prologando o i). Um dia, Shinjii me contou uma estranha história. Essa foi a única vez que ele me contou tal tipo de história antes de ele morrer, vários anos atrás.

Quando Shinjii tinha por volta de seis ou sete anos de idade, ele tinha um irmão que era dois anos mais velho que ele. Esse irmão tinha morrido devido a uma enfermidade. Quando tal irmão ainda estava vivo e sofrendo dos estágios finais da doença, o meu tataravô, pai de Shinjii, disse que eles deveriam permanecer em casa no tempo que restava para o irmão moribundo, assim eles poderiam cuidar e estarem do lado dele durante tão dramático e delicado momento.

Shinjii brincou com o seu irmão mais velho no quarto dele até que o mesmo não pudesse mais responder fisicamente e emocionalmente a tais demandas infantis. Quando o estágio da doença estava por demais avançado e o irmão estava prestes a morrer, o pai de Shinjii mandou que ele parece de tentar interagir com o seu irmão. Naquela noite, o irmão, por fim, deixou o mundo dos vivos.

O evento da morte ocorreu durante o verão e naquela época eles não dispunham de tecnologias convenientes como ar condicionado. Não desejando que o corpo apodrecesse devido ao calor e insetos, o pai decidiu levar o seu falecido filho o mais rápido possível para o local onde seria feitos os ritos fúnebres adequados.

A casa do meu avô era localizada no interior da província, em uma inóspita região rural onde não havia estradas a serem utilizadas por carros ou outros veículos. Por causa desse inconveniente, o meu tataravô teve que levar o corpo do seu filho nas costas. Para piorar a situação, não havia luzes na estreita estrada que os levaria até a casa funerária, por causa disso, Shinjii foi incumbido de segurar uma tocha para iluminar o caminho.

Shinjii caminhou ao lado do seu pai, dissipando a escuridão da trilha. Como as casas da vila onde moravam eram afastadas uma das outras, ademais de não ser uma região muito pouco povoada, ambos não viram ou escutaram ninguém enquanto caminhavam em silêncio em seu árduo caminho. Todavia, apesar do garoto e seu pai não emitirem nenhum ruído, a floresta que margeava a estrada estava repleta de sons, uma sinfonia de cantar de grilos e cigarras. Adicionando percussão da viva música noturna estava o som dos passos dos humanos, passos pesados, contínuos e repletos de amargor.

Eles já estavam caminhando há um certo tempo, Shinjii tinha notado o quão cansado estava o seu pai por carregar o corpo de seu irmão. Suor escorria de seu rosto, além de lágrimas que também insistiam em brotar dos seus exaustos olhos. O peso da carga, o peso do seu amado filho, era uma dura tarefa, mas era algo que devia ser cumprido. Ainda em silêncio avançavam na estrada, mas desta vez não estavam sozinhos.

A sua frente havia outra pessoa, caminhando a frente deles e na mesma direção. Tal indivíduos caminhava lentamente, de modo que logo eles iriam alcançá-lo.

Shinjii, curioso, moveu sua tocha mais à frente de seu rosto, para assim melhor visualizar o desconhecido. Quem sabe não era um vizinho? Pelo menos, não estariam sozinhos naquela mórbida jornada.

Shinjii conteve um grito de surpresa que se formou em sua garganta. A pessoa a sua frente, andando a passos trôpegos, lentos, arrastando os pés no chão de terra, usava as mesmas roupas do seu falecido irmão.

Alarmado, Shinjii voltou seu olhar para o pai, que por sua vez tinha notando a macabra semelhança da pessoa na estrada com o corpo que carregava.

— Shinji! — disse ele em um tom autoritário mesclado com nervosismo — Não ilumine essa pessoa! Abaixe essa tocha!

Shinjii seguiu as ordens do pai e desviou a luz da tocha para o chão. A estranha figura a sua frente ficou envolta na escuridão. Contudo, eles ainda podiam ouvir os seus passos arrastados e inconstantes.

— Vamos...Temos que continuar.

Shinjii nem tinha notado que eles haviam parado, mas de fato a visão do andarilho os havia assustado tanto que suas pernas paralisaram. E mais uma surpresa, os passos da figura a frente deles também havia parado. Será que ele os estava imitando?

— Temos que continuar. — voltou a repetir o pai, mais para si mesmo do que para Shinjii. Eles não podiam parar, eles tinham o dever de continuar. E assim o fizeram...

Quando eles começaram a andar, pouco tempo depois o estranho ser também retornou a sua caminhada, confirmando a assustadora verdade que de alguma forma ele estava os acompanhando.

A figura que lembrava o irmão mais velho de Shinji estava à frente deles, mas caminha de forma tão lenta que eles logo iriam cruzar com ela. Mesmo que eles diminuíssem o passo, o estranho de forma proporcional também diminuía ainda mais a sua velocidade. Era inevitável o encontro.

Eles já estavam perto o suficiente. O halo de luz formado pela tocha, mesmo voltada para o chão, conseguia vislumbrar os pés do andarilho. Shinjii notou que o outro estava descalço, o que adicionava mais estranheza a situação. A estrada não era pavimentada e era bastante acidentada, repleta de pedras, galhos e raízes de árvores. Andar descalço minimamente iria provocar algum dano, mas esse tipo de injuria (corte, arranhões ou sujeira) não eram evidenciadas nos pés daquele que andava a frente deles.

Agora que estavam perto não havia como negar a semelhança. Shinjii reconhecia aquelas calças escuras. A camisa de listras azuis e brancas. Era a camisa favorita do seu irmão. Eles o haviam despido, lavado e vestido com uma roupa que seu irmão, quando vivo, apreciava. Shinjii havia escolhido aquela camisa...Não havia dúvida. Eram as roupas que o seu falecido irmão agora usava.

Shinjii sentiu vontade de levantar a tocha e assim ver a cabeça do estranho. O cabelo que seu irmão tinha era da tonalidade castanho escuro, meio encaracolado. Ele saberia dizer se era o seu irmão se olhasse para o ser a sua frente...

—Não olhe! — mandou o seu pai tocando o ombro do filho mais novo.

A curiosidade persistia, mas o medo era maior. Shinji abaixou novamente os olhos, mas não pode deixar de notar que o seu pai resmungava algo. Ele estava rezando.

Finalmente eles estavam lado a lado. Eles e a figura misteriosa. Caminhavam juntos. Seu pai continuava rezando, agora mais alto. Shinji, por sua vez, se controlava para não dar uma olhada de relance no estranho andarilho. O pior é que Shinjii sentia que "ele" o estava olhando. Sim. Sentia que aquilo que caminha ao lado deles estava com o rosto virado, os encarando. Era possível sentir fisicamente o seu olhar percorrendo todo o corpo de Shinjii.

Era verão, mas Shinjii tremia.

O que pareceu uma eternidade, mesmo com passos apressados, eles conseguiram ultrapassar a "coisa". Eles deveriam se sentir aliviados, afinal agora eles não o viam. Todavia, eles se engaram. A figura agora estava atrás deles, eles não tinham mais nenhum contato visual, não sabiam o que "ele" deveria estar fazendo, só podiam presumir pelo o arrastar dos pês desnudos. Espera...Eles não mais o ouviam! O som dos passos tinha terminado.

Será que ele ainda estava lá?

Shinjii ainda sentia aquele intenso calafrio, um efeito deixado pela a intensa mirada do caminhante. Mas será que isso era só impressão sua? Será que tudo não passou de uma ilusão causada pela noite e o luto?

Shinjii quis dar espiada por trás de seu ombro.

— Não olhe para trás, Shinji! Seja o que for que aconteça: não olhe para trás.

Shinjii engoliu em seco. Não iria olhar. Não conseguia nem olhar para o seu pai, ainda mais para a carga que ele trazia nas suas costas. Não podia olhar...

Não ver era realmente pior do que ver. E se aquilo que estava os seguindo resolvesse correr e saltar sobre eles? Se tentasse se comunicar? O que eles iriam fazer? Estavam totalmente sozinhos ali naquela estrada. Ninguém iria vir ajudá-los.

Continuavam andando, agora nem a floresta os ajudava a distrair da jornada. Os sons noturnos tinham se silenciado. Só o barulho de suas passadas rápidas ecoava na mórbida escuridão da madrugada.

Por fim, eles chegaram à casa fúnebre e entregaram solenemente o corpo para que fosse efetuada os rituais apropriados para encaminhar o espírito do falecido a seu destino no além vida.

Quando retornaram para casa, usando a mesma estrada, nada viram de estranho. Nenhum ser vivo ou morto serviu de obstáculo para a triste jornada de volta ao lar.

Eu perguntei ao meu avô, quando ele terminou de narrar esse evento, se aquele "ser misterioso" era realmente o se irmão morto, ou melhor, o espírito dele. Meu avô não respondeu, na verdade ele terminou o seu relato com essa fala:

—Desde daquele dia, eu não consigo me desfazer da sensação de que algo ou alguém está me seguindo... Silenciosamente, atrás de mim, me observando com um intenso olhar. Eu tento ignorar. Alguns dias essa sensação se torna tão forte que é quase sufocante. Mas, eu nunca olho...Nunca olho para trás.


~~*Notas da autora*~~

Tradução - "On a dark country road" - Kawabana vol 1 - Tara A. Delvin.

Vocês já tiveram uma experiência parecida? De se sentirem vigiados por algum parente que não mais pertence o mundo dos vivos?

Minha resposta: Sim!

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