Parte 5- A Chegada

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Esse cap vai para a bolonguinha

Narrados PoV
Final de Abril de 2018

Saudade, essa palavra, tão nossa, tão repleta de nuances, traz em seu bojo o eco de risadas compartilhadas, o brilho de olhares que se cruzaram em silêncios eloquentes. Ela dança na borda do agora, vestida com as memórias de ontem, uma visitante que chega com o peso de um suspiro, mas que, em sua leveza, pode ser acalmada com um reviver: uma canção, uma fotografia, uma carta desbotada pelo tempo. Saudade é o doce-amargo de relembrar, é ter na palma da mão o calor de um sol que já se pôs - distante, porém, de alguma forma, alcançável.

Sentir falta, por outro lado, é navegar um oceano sem bússola, é a busca por um farol em noites sem estrelas. É o vazio que ecoa em uma casa silenciosa, onde cada canto ressoa com a ausência daquele que partiu. Sentir falta é tentar articular o indizível, é encontrar palavras para o abismo, é desenhar na mente a presença de quem já não se pode tocar. É uma dor que não se acalma com o simples ato de relembrar, pois é a própria lembrança que alimenta a ferida, tornando-a mais profunda, mais dolorosa.

Enquanto a saudade pode ser acalentada com o retorno, com a possibilidade de reencontro - um abraço distante, uma viagem planejada -, a falta é um quarto escuro onde a luz não se faz mais presente. É o frio que se instala não fora, mas dentro, congelando a esperança, silenciando as preces. Saudade é olhar para o horizonte sabendo que, além dele, existe a possibilidade de redenção; sentir falta é olhar para o mesmo horizonte e saber que não há barco, não há ponte, não há caminho de volta.

Saudade é a melodia nostálgica que se pode cantarolar; sentir falta é a sinfonia que se desfaz no ar, notas perdidas que não encontram mais seu lugar na partitura da vida. Enquanto a saudade se aninha no peito como uma dor suportável, a falta é a cicatriz invisível que o tempo não cura, é a eterna busca por preencher o espaço deixado por uma alma que se foi, deixando atrás de si o silêncio ensurdecedor da ausência.

Enquanto a saudade é uma janela fechada que se pode eventualmente abrir, permitindo que a brisa da lembrança suavize a dor, sentir falta é uma porta que se fecha para sempre, atrás da qual permanece tudo aquilo que jamais poderá ser recuperado. É a diferença entre a lágrima que escorre pela face com a doçura da memória e o soluço que se engole em seco, sabendo que algumas ausências se tornam companheiras permanentes, fantasmas que sussurram nos ouvidos do coração, falando de um amor eterno, de um adeus que nunca se quis dizer.

Vinte anos haviam se passado desde a perda de Alejandro, uma ausência que, ainda hoje, ecoava em seus corações com uma saudade palpável.

- Sabe, Lauren, tem dias que eu ainda espero ver meu pai entrar pela porta, com aquele sorriso dele, sabia? - Camila quebrava o silêncio matinal, suas palavras carregadas de saudade.

- Eu entendo, Camz. Alejandro era... Ele era uma força da natureza. Sua paixão pela vida, pelo conhecimento, foi o que nos inspirou a chegar até aqui... - Lauren respondia, olhando para a companheira com um olhar cheio de empatia.

- Às vezes, quando eu estava dando aula ou trabalhando em algum projeto, eu sentia como se ele estivesse aqui comigo, sabe? Observando e ainda me guiando. - Camila sorria levemente, encontrando conforto na presença de Lauren.

- Ele estaria tão orgulhoso de você, Camila. De nós. Nós continuamos o legado dele de uma maneira que, espero, o faria sorrir. - Lauren pegava a mão de Camila, entrelaçando seus dedos com os dela.

- Eu sei... E eu sou grata por você estar aqui comigo. Por tudo. - As palavras de Camila eram um sussurro, mas carregavam um peso imenso, uma declaração de amor e gratidão.

- Eu sempre estarei aqui, Camz. Juntas, continuaremos a fazer a diferença, a viver nossas vidas plenamente, como Alejandro sempre quis. E, quem sabe, inspirar outras pessoas a fazer o mesmo. - Lauren sorria, um reflexo da força e do amor que as unia.

- Eu amo você, Lauren. Obrigada por ser minha rocha, minha parceira, em todos esses anos. - Camila apertava a mão de Lauren, um gesto simples, mas repleto de significado.

- Eu também te amo, meu amor.  E vamos continuar a viver, a amar, e a honrar a memória do seu pai, juntas. - Lauren se inclinava para beijar a testa de Camila, um gesto de carinho e promessa.

Naquela manhã, enquanto o sol continuava a subir no céu, Camila e Lauren compartilhavam um momento de reflexão e conexão, uma ponte entre o passado e o futuro. A memória de Alejandro, longe de ser uma sombra, era uma luz que as guiava, um lembrete do amor que nunca desaparece, mas se transforma, fortalecendo os laços que unem corações através do tempo e do espaço.

***

Narrador PoV
Final de Agosto de 1962

-Apresse-se, mija, nós vamos perder o ônibus para Providence! Sua entrada na casa deve ser feita hoje ao cair do dia! - Dizia um Alessandro desesperado batendo na porta do quarto de hotel que Camila ocupava.

- Já estou indo, papai! Eu não consigo achar meu chaveiro da sorte!- Dizia uma Camila estabanada revirando sua bolsa.

-Se por um acaso for o chaveiro que você me pediu para cuidar, ele está à salvo na minha bolsa, Camila! Anda-le!

-Oi, papi...-dizia uma Camila toda descabelada e ainda de pijamas abrindo a porta devagarinho com medo do pai surtar- eu meio que ainda estou de pijamas, deve ter uma hora que eu estou revirando esse quarto...

- Você-tem-CINCO-minutos, Karla Camila! - Dizia Alejandro respirando entredentes.

Cinco minutos se passaram após o furacão Karla Camila passar naquele pequeno quarto de hotel barato no centro de NY, a menina nunca se arrumar tão rápido e com tanta eficiência, já que deixar Alejandro bravo era algo que raramente acontecia, mas que a mesma evitava muito pagar para ver.

-Ya estoy aquí papi hermoso de mi corazón! - Vai que ele acalma? Ninguém sabe ao certo, pensava Camila.

- Mija! Cuantas veces tengo que pedirte que escribas las cosas que das a otros para que las cuiden, siempre es así, como puedo quedarme tranquilo al verte a kilómetros de casa con todo este desorden?! ¿Dime?

-¡Te lo prometo, papá! ¡Voy a mejorar!

Mesmo duvidando que isso aconteceria tão cedo, Alejandro recuperou sua paciência e docura para conduzir sua filha ao destino final. Pegaram o ônibus para Providence ao meio dia e devido ao fluxo de pessoas na estrada nesse final de verão levaram mais cinco horas em uma viagem que teria apenas três horas de duração.

-

Narrador Pov
Chegada da Lauren na Brown

Ao cruzar os portões da Brown University pela primeira vez, Lauren adentrou um mundo à parte, senti-se admirando uma tapeçaria viva de história e inovação tecida em cada pedra, cada folha, cada passo. O campus se desdobrava diante dos seus olhos com uma elegância despretensiosa, árvores antigas estendiam  seus braços como se saudassem os recém-chegados, seus troncos marcados pelo tempo contando histórias de gerações de estudantes que passaram por seus caminhos.

Os edifícios de tijolos vermelhos, adornados com detalhes em pedra calcária, pareciam conversar com o céu, suas fachadas clássicas harmonizavam-se perfeitamente com a energia vibrante e inquisitiva que pulsava no ar. Lauren sentia uma sensação palpável de pertencimento, como se o campus abrisse seus braços, acolhendo todos aqueles com a coragem de questionar, de sonhar, de explorar.

Caminhando pelas alamedas, o chão coberto de folhas sussurrava sob seus pés, contando segredos de eras passadas, enquanto o vento brincava entre as árvores, trazendo consigo o frescor da inovação e da descoberta. O campus era um labirinto de conhecimento, onde cada edifício, cada sala de aula, era uma porta para novos mundos, novas perspectivas, novas verdades.

Os espaços verdes, praças e jardins eram oásis de tranquilidade e reflexão, onde pensamentos podiam voar livres, e as preocupações do mundo exterior se dissipavam, mesmo que por um momento. Ao passar pela Biblioteca John Hay, com sua fachada imponente e suas coleções preciosas, Lauren sentiu-se uma sacerdotisa da leitura, caminhando rumo templo do saber, onde o silêncio era pontuado pelo virar de páginas, cada livro era uma promessa de aventura, cada artigo um desafio ao pensamento estabelecido.

E, então, haviam as pessoas - estudantes, professores, funcionários - cada um trazendo consigo um universo próprio, cada sorriso, cada olhar, cada palavra trocada era um fio a mais na teia de comunidade que era a Brown. Eles eram o coração pulsante do campus, as vozes que o preenchia com risadas, debates, sonhos.

Cada passo era um convite a participar, a contribuir, a deixar sua marca. E, enquanto os novos estudantes olhavam em volta, absorvendo a magnitude da jornada que se inicia, o campus os envolvia, sussurrando boas-vindas, prometendo que, ali, eles encontrariam espaço para crescer, para se transformar, para serem exatamente quem desejavam ser.

Continuando a jornada através do campus, a aura de descoberta e intelectualidade acompanhava cada passo, cada olhar lançado aos detalhes arquitetônicos, às conversas captadas ao vento, repletas de teorias e ideias que desafiavam o status quo. À medida que Lauren e sua mãe avançavam, a universidade revelava mais de sua essência.

Desviando-se levemente das vias principais, entrecortadas por estudantes e professores em diálogos animados, chegava-se à área das moradias universitárias, um microcosmo dentro do vasto universo que é a Brown University. Ali, os edifícios residenciais se erguiam, cada um com sua personalidade e história, refletindo as muitas gerações que já passaram por suas portas.

As moradias, com suas fachadas variando do tradicional ao moderno, eram cercadas por áreas verdes bem cuidadas, bancos sob árvores e espaços de convivência ao ar livre, onde era comum encontrar grupos de estudantes estudando juntos, trocando ideias ou simplesmente desfrutando de um momento de descanso e conexão com a natureza. Esses espaços foram desenhados não apenas para proporcionar conforto físico, mas também para estimular a mente e fortalecer os laços da comunidade acadêmica.

Ao adentrar a casa onde moraria, imediatamente Lauren sentiu-se em um ambiente acolhedor, repleto de vida e energia. Os corredores e as áreas comuns eram adornados com obras de arte, murais estudantis e quadros de avisos repletos de convites para eventos, workshops e palestras, refletindo a efervescência cultural e intelectual que caracterizava a vida no campus.

Cada quarto, compartilhado ou individual, era um santuário pessoal, onde os estudantes podiam se recolher para estudar, refletir ou simplesmente relaxar. As janelas abriam-se para vistas que capturavam a beleza do campus e da cidade além, servindo como uma constante lembrança da jornada singular em que cada um estaria embarcando.

As moradias na Brown eram mais do que simplesmente lugares para dormir; elas eram espaços onde amizades eram forjadas, onde a diversidade de pensamentos e culturas era celebrada, onde cada estudante tinha a oportunidade de aprender mais sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor. Ali, as noites eram frequentemente preenchidas com debates apaixonados, sessões de estudo colaborativo e momentos de criação coletiva, todos contribuindo para o crescimento pessoal e acadêmico dos residentes.

Era nesse ambiente de suporte e estímulo mútuo que Lauren encontraria um segundo lar, uma base sólida a partir da qual poderia lançar-se em busca de seus sonhos e aspirações.

- Bem-vinda à Casa Lowell, Lauren. É um prazer recebê-la. - A professora Heath abriu a porta da frente com um sorriso caloroso, convidando Lauren para entrar. - Este lugar é uma homenagem à Amy Lawrence Lowell, uma poetisa que admiro profundamente. Sua paixão pela imagística e seu espírito inovador são inspirações constantes para nós aqui.

Lauren adentrou o espaço, imediatamente cativada pela combinação de elegância clássica e toques modernos que caracterizavam a decoração interior.

- A casa é linda, Professora Heath, muito diferente de um apartamento em Little Italy. - Lauren disse, olhando ao redor, absorvendo os detalhes do ambiente.

- Vamos, vou mostrar-lhe os quartos. Temos quatro quartos individuais, incluindo o seu, e três quartos compartilhados. - A professora Heath começou a caminhada, levando Lauren através do corredor adornado com fotografias em preto e branco e pinturas abstratas.

Ao passarem pelos quartos compartilhados, a professora comentou casualmente: - Aqui temos o quarto que a Dinah dividia com Ally, e agora dividirá com a nova moça que chega hoje. As outras meninas, Bela e Normani, assim como Kimberly e Whitney, também compartilham quartos. Todos estão bem equipados, claro, com espaço suficiente para estudo e descanso.

Chegando ao quarto individual de Lauren, a professora abriu a porta, revelando um espaço aconchegante, iluminado pela luz natural que se infiltrava pela janela.

- Este será o seu cantinho, Lauren. Como pode ver, é um quarto individual, bem ao lado do quarto da Srta. Leighton. Vocês compartilharão o banheiro ali. - Ela apontou para uma porta no corredor. - Nossa casa é bastante moderna para os padrões dos anos 50 e 60. Temos eletrodomésticos que facilitam a vida, como a geladeira, onde cada uma tem seu espaço designado, e o fogão elétrico na cozinha.

Lauren assentiu, impressionada com o cuidado e a organização do lugar.

- Sobre as regras da casa, é simples. Claire, que faz parte da nossa família, cuidará das refeições durante a semana, preparando café da manhã e jantar. Nos finais de semana, temos refeições compartilhadas, um momento de convívio e partilha. - A professora Heath sorriu, lembrando-se das ocasiões festivas. - O toque de recolher é às 22h, considerando que algumas aulas vão até as 21h. E claro, esperamos que cada uma mantenha seu quarto arrumado, embora Claire ajude com a limpeza duas vezes por semana.

- Entendi, Professora Heath. Parece justo e organizado. - Lauren assentiu, sentindo-se cada vez mais confortável com a ideia de morar ali.

- Ah, e é importante mencionar: rapazes são proibidos nas áreas residenciais, e álcool não é permitido para menores de 21 anos. - A professora Heath enfatizou as regras com um leve aceno de cabeça. - Queremos garantir um ambiente saudável e propício ao estudo e ao desenvolvimento pessoal.

- Claro, concordo plenamente. - Lauren respondeu, já antecipando os desafios e aventuras que sua nova vida na Casa Lowell lhe reservava.

- Muito bem, Lauren. Seja novamente bem-vinda. Estou à disposição para qualquer dúvida ou necessidade que tenha. - Agora, que tal um chá na sala de estar? Gostaria de mostrar-lhe o restante da casa. - A professora Heath sugeriu com um tom amigável, conduzindo Lauren para o andar inferior.

- Adoraria, obrigada. - Lauren respondeu, seguindo-a até uma acolhedora sala de estar, onde a luz do sol filtrava suavemente através das cortinas.

- Esta é a nossa sala de estar, um lugar para relaxar e socializar. E aqui, ao lado, temos a sala de estudos, equipada com tudo o que vocês podem precisar para suas pesquisas e trabalhos. - A professora Heath abriu a porta para a sala de estudos, revelando uma longa mesa de madeira rodeada por cadeiras confortáveis e prateleiras repletas de livros.

Após mostrar a cozinha moderna, com seus eletrodomésticos e organização impecáveis, elas se dirigiram ao jardim, um espaço verdejante onde a professora Heath se orgulhava de cultivar uma variedade de temperos e flores.

- Nosso jardim é uma verdadeira joia. Cultivamos aqui todos os temperos que Claire usa em suas receitas, além de flores que trazem cor e vida ao ambiente. - Ela explicou, enquanto caminhavam entre os canteiros bem cuidados.

Sentando-se no conforto da sala de estar, com xícaras de chá fumegantes à frente, a conversa mudou para um tópico mais sério.

- Clara, sei que a questão do pagamento de $85,00 pode parecer considerável, mas quero que saiba que aqui na Casa Lowell, ofereceremos todo o conforto e suporte necessários para que Lauren possa focar em seus estudos e crescimento pessoal. - A professora Heath começou, olhando diretamente para Lauren. (N/A $1 de hoje equivale a 10.85 doláres em 1962.)

- Eu entendo, professora Heath, e aprecio profundamente. Estou apenas um pouco preocupada, pois é um investimento significativo para nós. - Clara confessou, tomando um gole de seu chá.

- Eu compreendo suas preocupações, Clara. Mas quero que veja isso como um investimento. Além disso, quero que saiba que eu e a professora Vogel cuidamos das meninas aqui como se fossem nossas filhas. Estamos sempre disponíveis para ajudar, seja com conselhos acadêmicos ou suporte emocional. - A professora Heath assegurou, transmitindo sinceridade e empatia.

- Isso significa muito para mim, professora. Sinto-me mais tranquila sabendo que teremos o seu apoio e o de todos aqui. Lauren fará o possível para aproveitar cada oportunidade que a Casa Lowell oferecer. - Clara respondeu, sentindo-se mais à vontade e agradecida pela compreensão e apoio recebidos.

- Ótimo. Estamos felizes em tê-la conosco. Agora, relaxe e sinta-se em casa. A Casa Lowell é um lugar especial, e tenho certeza de que você terá uma experiência enriquecedora aqui. - A professora Heath concluiu, sorrindo calorosamente, enquanto as três mulheres continuavam a desfrutar do chá, cercadas pela atmosfera acolhedora e inspiradora da casa.

Enquanto Lauren e a professora Heath terminavam seu chá, a atmosfera tranquila da sala de estar foi animada pelo som de risadinhas. Dinah e Normani entraram juntas, compartilhando um momento de alegria evidente. A professora Heath lançou-lhes um olhar severo, mas seus olhos brilhavam com carinho, evidenciando a atmosfera familiar que permeava a Casa Lowell.

- Meninas, por favor, um pouco de compostura. - A voz da professora Heath carregava uma leve repreensão, mas era suave, quase divertida. Ela se voltou para Lauren e Clara, sorrindo. - Lauren, Clara, gostaria de apresentá-las a Dinah e Normani, duas de nossas residentes aqui na Casa Lowell.

Dinah, ainda sorrindo, estendeu a mão primeiro. - Olá, sou a Dinah. Bem-vinda à Casa Lowell! - Sua voz era calorosa e acolhedora, a simpatia irradiando de seu gesto.

Normani seguiu o exemplo, com um sorriso igualmente amigável. - E eu sou a Normani. É um prazer conhecer vocês. Espero que se sinta em casa aqui. - Sua saudação era sincera, complementando a boas-vindas de Dinah.

Lauren e Clara retribuíram os cumprimentos, sentindo-se imediatamente mais à vontade pela recepção calorosa.

- Muito obrigada, Dinah, Normani. Estou realmente animada para estar aqui e conhecer todas vocês. - Lauren respondeu, seu nervosismo inicial dissolvendo-se na presença amigável das novas colegas de casa.

Clara sorriu, aliviada ao ver a filha sendo tão bem recebida. - É um prazer conhecer vocês também. Obrigada por fazerem a Lauren se sentir bem-vinda.

- Ah, não há de quê! - Dinah disse, com um aceno de mão. - Vai ser ótimo ter você conosco. A Casa Lowell é realmente especial.

- Sim, e se precisar de qualquer coisa, estamos aqui para ajudar. - Normani acrescentou, reforçando a oferta de apoio.

A professora Heath observava a cena com um sorriso satisfeito. - Bem, agora que as apresentações foram feitas, sinta-se livre para explorar a casa, Lauren. E Clara, espero que esteja tranquilizada em deixar sua filha em nosso cuidado.

Clara assentiu, visivelmente emocionada e grata. - Estou, sim. Muito obrigada por tudo, professora Heath.

Clara ajustou o casaco de Lauren, o olhar transbordando o misto de orgulho e preocupação tão característico das despedidas. Elas estavam na porta da Casa Lowell, um novo capítulo prestes a se iniciar para Lauren.

- Lauren, por favor, não se esqueça de se alimentar direito, sim? - Clara começou, a voz embargada pela emoção.

Lauren sorriu, um gesto leve e cheio de carinho para com a mãe. - Mãe, você não precisa me mandar comer. Claire cuidará das refeições, lembra? Eu estarei bem.

- Eu sei, eu sei... É só que... - Clara suspirou, a mão ainda no casaco da filha. - Você sabe como mães são. Eu só quero ter certeza de que você estará cuidando de si mesma.

- Eu prometo, mãe. E vou ligar sempre que puder, tá bom? - Lauren assegurou, buscando aliviar as preocupações da mãe.

Clara assentiu, então, com um sorriso melancólico, acrescentou: - E, Lauren, quando você se formar... Eu mal posso esperar para ver tudo o que você vai conquistar. Quem sabe, depois, você encontra alguém especial, se casa... Um bom marido que te faça feliz.

Lauren, conhecendo bem a mãe, respondeu com uma leveza cuidadosa: - Vamos focar na formatura primeiro, certo? Passo a passo. E quanto ao resto, acontecerá se tiver que acontecer. O mais importante é eu ser feliz e realizada, não é?

- Claro, querida. A sua felicidade é o que mais importa para mim. - Clara concordou, os olhos brilhando com lágrimas não derramadas. - Só quero o melhor para você, em todas as áreas da sua vida.

- Eu sei, mãe. E eu sou tão grata por tudo. - Lauren envolveu Clara em um abraço apertado, um porto seguro antes de se aventurar pelo desconhecido.

- Cuide-se, minha filha. E lembre-se de que estou aqui para o que precisar, sempre. - Clara sussurrou, afastando-se lentamente do abraço.

- Eu sei, mãe. Eu te amo. - Lauren disse, com uma firmeza que tentava mascarar a emoção em sua própria voz.

- Eu também te amo, Lauren. Muito. - Clara deu um último sorriso, encorajador e cheio de amor, antes de se virar e partir, deixando Lauren à porta da sua nova vida, pronta para enfrentar o que viesse a seguir.

***

Camila chegou à Casa Lowell com a respiração ofegante e o coração palpitante, uma mistura de ansiedade e alívio marcando cada passo seu após uma odisseia inesperada pelos vastos e intrincados caminhos da Brown University. A tarde já se inclinava para a noite, tingindo o céu de tons suaves de laranja e rosa, enquanto ela, finalmente, diante da porta da residência, tentava recompor sua postura e acalmar o turbilhão de emoções.

Alejandro, de braços cruzados e uma expressão de descontentamento estampada no rosto, a aguardava. Sua preocupação paterna havia se transformado em frustração ao descobrir que o motivo do atraso de Camila era nada mais do que um papel dobrado e esquecido no fundo da bolsa - o mapa e as orientações meticulosamente preparadas pela professora Heath, enviadas por carta quase um mês antes.

- Camila, como você conseguiu se perder tendo um mapa com todas as instruções? - Alejandro não conteve o tom de reprovação, mostrando o papel amassado que havia encontrado. - A professora Heath foi bastante clara sobre como chegar aqui.

Camila, ainda recuperando o fôlego, olhou para o pai com olhos arrependidos. - Eu sei, pai. Eu só... Eu coloquei o mapa na bolsa e acabei esquecendo completamente dele. Me perdi nos meus pensamentos e, quando vi, estava completamente perdida, não deveria ter deixado o senhor vir na frente e ter esperado tanto por umas panquecas de banana, mas eu achei que iria desmaiar de fome!

- Você precisa prestar mais atenção, Camila. Essas orientações foram enviadas para ajudá-la. A Brown é um lugar grande, e você não pode se dar ao luxo de andar por aí sem prestar atenção no caminho. - Alejandro suspirou, a irritação dando lugar à preocupação habitual.

- Prometo que vou ser mais atenta, pai. - Camila baixou a cabeça, sentindo-se genuinamente mal pelo ocorrido. - Não queria causar preocupação. Desculpa te fazer esperar por mais de uma hora.

Nesse momento, a porta da Casa Lowell se abriu, e a figura acolhedora da professora Heath apareceu, um sorriso gentil nos lábios, contrastando com a tensão do momento.

- Ah, vocês devem ser a Camila e o Alejandro. Sejam bem-vindos à Casa Lowell. - Sua voz calma e o ambiente acolhedor da residência pareceram suavizar o clima. - Não se preocupem com o atraso. O importante é que estão aqui agora, seguros.

Alejandro, apesar de ainda preocupado, não pôde deixar de agradecer. - Obrigado, professora Heath. Estamos gratos pela sua compreensão.

- Realmente sinto muito pelo atraso, professora. Vou me certificar de que isso não aconteça novamente. - Camila falou, a sinceridade em sua voz evidente.

- Tudo bem, Camila. A adaptação a um novo ambiente sempre pode trazer pequenos contratempos. O que importa é aprender com eles. - A professora Heath tranquilizou-a, antes de convidá-los para entrar.

Enquanto Camila atravessava o limiar da Casa Lowell, um sentimento de pertencimento começou a tomar forma, dissipando o caos da chegada tumultuada. Alejandro, embora ainda ligeiramente frustrado, sentiu-se confortado pela acolhida calorosa e pela certeza de que sua filha estaria em boas mãos, pronta para começar sua jornada na universidade com o pé direito, apesar dos pequenos tropeços no caminho.

A professora Heath iniciou o tour pela Casa Lowell, agora com Camila seguindo-a, os olhos da jovem estudante brilhando de curiosidade e expectativa. O ambiente estava mais vivo do que nunca, com as risadas e conversas das outras residentes ecoando pelos corredores, proporcionando a Camila um vislumbre caloroso da comunidade que agora fazia parte.

- Aqui está a nossa sala de estar, um lugar onde gostamos de nos reunir para estudar, conversar ou simplesmente relaxar depois de um longo dia de aulas. - A voz suave da professora Heath contrastava com o burburinho alegre ao fundo, enquanto ela guiava Camila pelo espaço acolhedor.

Elas passaram pela cozinha, onde o aroma de uma refeição recém-preparada preenchia o ar. A professora apontou para os espaços designados na geladeira e explicou brevemente sobre o funcionamento das refeições na casa. Camila assentia, absorvendo cada detalhe, a ansiedade da chegada dando lugar a uma crescente sensação de entusiasmo.

Ao subirem as escadas para os quartos, cruzaram com algumas das meninas, que lançavam olhares curiosos e sorrisos acolhedores em direção a Camila. A professora Heath fez questão de apresentar rapidamente cada uma, mencionando os quartos compartilhados de Bela e Normani, assim como Kimberly e Whitney, todos decorados de maneira única, refletindo as personalidades de suas ocupantes.

Finalmente, chegaram ao último quarto a ser visitado, o quarto de Lauren. A porta estava entreaberta, revelando um interior ordenado e convidativo.

Lauren, que estava arrumando alguns livros na estante, levantou os olhos ao ouvir a aproximação. Quando Lauren e Camila se viram pela primeira vez, algo imperceptível mudou no ar entre elas, uma faísca invisível, mas palpável. Os olhos verdes de Lauren, normalmente tão expressivos e vivos, hesitaram por um momento, capturados pelos olhos castanhos de Camila, que refletiam uma profundidade e curiosidade igualmente intensas. Foi um daqueles encontros raros, onde o mundo ao redor parece diminuir, focando apenas no momento presente, no cruzar de dois olhares.

Para Lauren, acostumada a se esconder por trás de sua confiança e de suas palavras, o contato visual inesperado foi como um súbito mergulho em águas desconhecidas, provocando um turbilhão de emoções que ela não conseguia nomear. Seu coração, sem aviso, começou a bater mais rápido, um sinal de alerta de que algo fora do comum estava acontecendo.

Camila, por sua vez, sentiu uma onda de calor invadir seu peito, uma sensação estranhamente confortável e inquietante ao mesmo tempo. Havia algo nos olhos de Lauren que parecia chamá-la, uma promessa não verbalizada de entendimento e conexão. Embora tivesse acabado de chegar, e tudo fosse novo e ligeiramente intimidador, esse breve encontro de olhares ofereceu um vislumbre de familiaridade no caos da mudança.

Naquele momento, as duas sentiram algo diferente, uma curiosidade mútua que ia além da mera cortesia de conhecer uma nova colega de casa. Era como se, naquele breve cruzar de olhares, uma linha invisível tivesse sido traçada entre elas, sinalizando o início de algo novo, algo indefinível, mas irresistivelmente atraente.

Ambas disfarçaram rapidamente o impacto daquele encontro, voltando a atenção para as formalidades da apresentação, mas o eco daquele primeiro olhar permaneceu com elas, uma memória silenciosa da promessa de descobertas futuras.

- O-oi, eu sou a Lauren. - Sua voz vacilou levemente, traída pela surpresa e pela súbita onda de nervosismo diante da nova colega de casa.

- Oi, Lauren. Eu sou a Camila, acabei de chegar. - Camila respondeu com um sorriso gentil, tentando aliviar a tensão palpável no ar.

- Bem-vinda à Casa Lowell, Camila. Espero que se sinta em casa aqui. - A professora Heath interveio, seu tom caloroso e acolhedor suavizando o encontro inicial um tanto quanto desajeitado.

- Obrigada, estou feliz de estar aqui. E obrigada, Lauren, por... - Camila fez uma pausa, buscando as palavras certas. - Bem, por me receber no seu espaço. Espero que possamos nos conhecer melhor.

Lauren, superando o breve momento de nervosismo, acenou afirmativamente com a cabeça, um sorriso mais confiante se formando em seus lábios.

- Claro, eu também. Bem-vinda, Camila. - Disse ela, querendo entrar dentro do próprio umbigo e sumir de tanta vergonha.

A professora Heath sugeriu então que Camila se acomodasse e descansasse um pouco, após o longo dia, e ofereceu para Alejandro um quarto de visitas que mantinham na casa para professoras visitantes durante a fase de adaptação a Universidade e a mudança para uma casa nova, enquanto Camila seguia para seu próprio quarto, uma sensação de alívio e a antecipação de novas amizades preenchiam seu coração, marcando o início de uma nova e emocionante jornada na Casa Lowell.

No momento em que Camila abriu a porta do seu novo quarto, uma figura enérgica e irrefreavelmente vibrante entrou em cena, quebrando qualquer formalidade remanescente do dia. Dinah, com um sorriso contagioso e uma energia que parecia preencher cada canto da sala, aproximou-se de Camila, os braços abertos em um gesto acolhedor que prometia amizade e, possivelmente, algumas travessuras.

- Ei, você deve ser a Camila! Eu sou a Dinah, e estou oficialmente aqui para garantir que sua estadia seja inesquecível. - Dinah anunciou, sua voz carregada de entusiasmo e uma pitada de malícia.

Camila, pega de surpresa pela abordagem direta, não pôde deixar de rir. Dinah tinha o tipo de presença que, de alguma forma, dissipava qualquer tensão ou nervosismo, substituindo-os por uma curiosidade alegre sobre o que viria a seguir.

- Prazer em conhecer você, Dinah. Espero que "inesquecível" signifique coisas boas. - Camila respondeu, o sorriso fácil e a leveza na voz indicando que ela estava mais do que disposta a embarcar nas aventuras que Dinah prometia.

A professora Heath, que seguia atrás da novata, observava a interação de uma certa distância, aproximou-se com um sorriso que misturava diversão e um leve aviso.

- Camila, tenha juízo. A Dinah é... peculiar em suas gracinhas. Ano passado, foi seu primeiro ano aqui, e ela caiu em todas as pegadinhas que você pode imaginar. - A professora lançou um olhar significativo para Dinah, que respondeu com uma expressão inocente que não convenceu ninguém. - E algo me diz que este ano ela planeja ser a mestra das pegadinhas com as novatas.

Dinah levantou as mãos em defesa, um brilho travesso nos olhos. - Eu? Eu sou apenas uma alma gentil tentando tornar a vida aqui um pouco mais... interessante. Mas, Camila, se você precisar de uma guia para não cair nas armadilhas de alguém - ela pausou dramática -, estou à sua disposição.

Camila, divertida e já um tanto alerta, concordou, entrando na brincadeira. - Bem, parece que vou precisar manter os olhos bem abertos por aqui. Mas, com você como minha guia, Dinah, tenho certeza de que estarei segura... ou me metendo nas melhores confusões.

A risada que se seguiu uniu a dupla num momento de camaradagem, solidificando o início de uma amizade que prometia ser tão colorida e memorável quanto os próprios dias de Camila na Casa Lowell. Sob a tutela espalhafatosa de Dinah, ela estava prestes a descobrir que, às vezes, são as travessuras e as risadas que fazem a experiência universitária verdadeiramente inesquecível.

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Vejo vocês em breve!
Votem por favor <3

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