Saudade Etérea

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A dor da saudade é diferente, pode ser algo amargo, com lembranças turbulentas e ruins ou poderia ser doce, como me lembrar de como era estar aninhado ao calor de minha mãe.

Como nunca havia sentido essa dor, quando ela veio, o golpe fora forte demais, fazendo a essência etérea se retrair para dentro do ser físico, permitindo que sua natureza selvagem ficasse no controle.

Isso causou desconforto no começo, pois o tigre rugia e atacava, ainda que de forma infantil, e era hostil com sua salvadora, agora que sentia mais coragem por estar em um espaço aberto novamente, ela o havia trazido para um belo jardim, que ficava atrás de uma grande casa, com muros que ele ainda não conseguiria saltar.

Não pensou a princípio que o convívio com aquela humana faria diferença para a dor que parecia o devorar a ponto de pensar que desapareceria da existência, entretanto a ternura e carinho transmitidos por ela começou o curar.

Com o tempo, foi se tornando dócil e suscetível aos carinhos e petiscos que ela lhe oferecia e assim, aos poucos sua essência foi se acalmando, era como ser acalentado sem ser tocado, como se a aura dela o curasse.

Novamente sentiu encontrar um lar e não reclamaria se passasse seus dias somente ali, deitado com a cabeça repousando em seu colo, enquanto ela acariciava suas orelhas e anotava acontecimentos aleatórios em sua agenda.

Mesmo que os instintos do tigre clamassem pela liberdade, por poder correr e observar o horizonte além dos muros, mesmo assim, ele não reclamaria e sentia que o tigre também não.

A essência que vinha dela era tão brilhante que transbordava por seus olhos amáveis, tanto que quando aqueles mesmos olhos demonstraram terror, aquilo inflou a fúria do ser físico de uma forma que nem a essência etérea quis impedir ele de atacar o homem que a ameaçava.

Naqueles dias sentiu um arrepio de algo ruim chegando, ouviu sem interesse os humanos falarem sobre o fim de uma guerra, mas não se importou, era o fim e não o começo.

Infelizmente, a guerra acabou a pouco tempo e as pessoas ainda guardavam rancor sobre os vitoriosos, o pai de minha salvadora era um homem importante e tinha ajudado um dos lados, e por isso, naquela noite, eles invadiram a casa buscando vingança.

Pela segunda vez, sentiu a fúria do homem, ouviu invadirem a casa, o tigre levantou de seu descanso e observou o fogo começar, seus olhos se lembravam do medo que o fogo despertou em sua infância, e jamais toleraria que ela sentisse esse mesmo medo, olhou alarmado para sua janela apagada, observou a parede por um momento e antes de pensar em escalar, a ouviu correr até ele.

Correu a seu encontro, percebendo que em seu encalço estava um monstro encapuzado, com uma aura tão sombria que o fez estremecer, não pensou, somente saltou sobre ela, caindo direto em seu agressor.

O buraco que a bala abriu no peito do tigre não foi suficiente para impedi-lo de destroçar a garganta do monstro.

Sentiu-se abençoado por ter um último olhar em lágrimas e um último abraço aconchegante, daquela que ele amava, antes de sua essência etérea se descontar daquele corpo.

Pairando sobre a cena viu a aura dela se apagar devido a tristeza, mas mesmo assim, mesmo que não a visse mais com olhos, ele podia vê-la claramente naquela escuridão.

Pensou que a dor que sentiu quando perdeu a mãe e os irmão, seria a pior dor que sentiria, mas a dor da saudade, ah sim, veio a descobrir que essa dor poderia vir de muitas formas, tanto que não conseguiu ir, sentiu sua essência ligada a dela e sentia sua tristeza.

Tinha de fazer algo a respeito, não sabia como era possível, mas sua essência etérea conseguiu ficar inquieta, tinha de encontrar um corpo humano para habitar, desesperadamente.

E em meio a seu desespero encontrou uma chance, era algo que nunca havia feito antes, mas por ela, ele tentaria. Quando vagava procurando por um corpo que poderia combinar com a aura dela, ele o viu, ali em pé sobre a ponte, sentiu seu desespero e sua aura se apagar mesmo antes do salto.

Era incerto, mas era sua chance, aguardou que a aura abandonasse o corpo em sua morte e no mesmo segundo, habitou o corpo, com toda a sua força o impulsionou para cima, buscando ar e por um milagre, conseguiu inflar os pulmões com vida.

Olhou para, agora suas, mãos, não acreditava na sua sorte, não sabia que poderia mudar a sina de um corpo físico destinado a morrer, mas tinha conseguido e pela primeira vez, habitava um corpo que era somente da essência etérea para comandar e de mais ninguém, pela primeira vez em sua existência, buscaria por uma vida.

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