Capítulo 18 - Planos ocultos

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Quando foi encontrar Teresa para aprender mais sobre as sombras, Melanie ainda pensava na última conversa que tiveram junto a Merlin, os dois lhe explicaram que Resa não poderia ajuda-la em nada além de ensiná-la como conjurar as sombras, ela estaria sim junto ao exército na batalha, mas lutaria como guerreira e não feiticeira, não quiseram explicar o motivo, pois se Teresa poderia lutar a seu lado contra Mordred, por que não o faria? Como muitas outras coisas que Merlin não lhe explicava, essa somente era mais uma na lista, era um pouco frustrante para Melanie e ao mesmo tempo apavorante, tinha de aprender a controlar as sombras rápido para lutar contra seus medos, todos dependiam dela e isso era o que mais assustava.

"Merlin me disse que você já consegue conjurar sombras, mas que ainda está trabalhando em dar forma a elas. Bem teremos que nos forcar nisso, como me disse antes, para seu plano dar certo você precisará aperfeiçoar o domínio das sombras, pois eu não poderei ajudá-la, lutarei ao lado do exército saxão e Merlin estará em uma missão particular que você não me contou."

Resa olhou significativamente para Mel, que por sua vez ficou envergonhada por guardar segredo dela, quando lhes contou seu plano, Mel pediu para falar em particular com Merlin, a conversa de nada tinha haver com todo o plano, mas sim com a volta de Melanie para seu tempo, ela simplesmente não poderia explicar isto a Teresa. Aceitando que Mel não diria nada, Resa suavizou o olhar novamente e continuou a explicar.

"Para começarmos, quero que mentalize algo pequeno, qualquer coisa que puder imaginar ou que já tenha visto em algum lugar, mas que seja um objeto, por enquanto é melhor trabalharmos com objetos inanimados, pois copiar seres vivos exige muito mais esforço e concentração."

Mel assentiu e fez conforme lhe fora dito, imaginou a primeira coisa que lhe veio a cabeça, o seu livro, logo a frente em cima da mesa sombras apareceram e começaram a se juntar formando algo retangular, em poucos minutos a forma do livro perfeita aparecia sobre a mesa, Resa o pegou balanceando de uma mão para outra, mas quando tentou abrir o livro não conseguiu.

"Veja, você conseguiu copiar a forma perfeita, mas como pode ver não posso folear o livro, você somente copiou a aparência, é nisso que temos que trabalhar, por exemplo, se você for copiar uma caixa de joias, para ser perfeito você terá de copiar todas as joias dentro, está compreendendo agora? Essa é a diferença entre fazer uma cópia de um objeto e criar um ser vivo de sombras."

Melanie processou tudo que Teresa havia dito.

"Então você quer dizer que terei de criar todos os órgãos e tudo mais? Mas como poderei saber?"

"Essa é a questão, não precisa saber exatamente tudo que tem dentro de um... gato, por exemplo, basta quando estiver criando as formas de sombras, saber como ele deve agir, ele ira andar, respirar, miar, arranhar, já sabendo de tudo isso as sombras criaram aquilo que é necessário existir para que a cópia do gato exerça todas as suas funções."

Levantando uma sobrancelha questionadoramente, Mel concluiu.

"Quer dizer que se eu imaginar um animal que não existe eu poderei criá-lo mesmo assim, digo associando tudo que quero que ele faça? Tipo um elefante com cauda de gato que faça som de golfinho?"

Resa teve que rir, gostava do humor sério de Melanie, que podia falar a maior besteira com uma cara de quem diz o fato mais importante da história e ao mesmo tempo sentiu a tristeza vir ao encalço da pequena alegria ao se lembrar de seu filho, que quando pequeno, fizera a proeza de criar um animal de sombras misto juntando partes de animais e com um detalhe a mais interessante, o pelo feito de doce, dera um trabalho imenso para Reza na época. Ignorando a pontada de dor, Teresa suavizou a expressão, tentando aparentar descontração.

"Sim, mas... talvez não seja uma boa ideia."

Mel sorriu concordando.

"De fato, não é."

Ao decorrer do dia, Teresa se mostrou uma professora excepcionalmente paciente, como se conhecesse Melanie e cada uma de suas frustrações. No meio da tarde, depois de comerem alguma coisa, as duas decidiram continuar seu treinamento fora de uma sala apertada e saíram do castelo para o campo onde soldados estavam ajustando armaduras e afiando espadas, foram para o local mais afastado para assim não incomodar a ninguém.

Teresa sentou-se na relva enquanto Mel praticava a última lição, estava pensativa encarando o vazio, não aguentando mais ficar calada, Mel teve de perguntar.

"Você... está bem?"

Por um momento Resa não se mexeu, depois de alguns segundos percebeu Mel a encarando.

"Desculpe, você dizia?"

"Perguntei se você está se sentindo bem, me parece um pouco abatida."

Resa abaixou seu olhar para os pulsos e depois voltou a cabeça para Melanie em um sorriso.

"Não se preocupe comigo, estou bem."

Como Melanie veio a perceber, Teresa mentia tão bem quanto ela, resolveu não perguntar mais, se Resa estivesse segura para dizer, ela diria. Voltou sua concentração para as sombras, uma pequena nuvem pairava a sua frente sob suas mãos, respirou fundo relaxando os músculos, esperou até a tensão passar e tentou novamente, Mel estava tentando copiar um pássaro que estava pousado na árvore à frente.

Fechou os olhos, quando os abriu viu asas brancas como leite acima de sua cabeça, sorriu no seu último movimento de mãos e num segundo o pássaro surgiu pairando eufórico batendo as asas apressadamente. Resa se levantou aplaudindo.

"Veja só, você conseguiu! Isso foi muito bom."

"Obrigada."

O pássaro ainda voava aflito acima de suas cabeças, com mais um movimento de Mel, ele se dissolveu no ar desaparecendo completamente. Dando um passo à frente Mel sentiu-se tonta, estava treinando o dia todo, sentia-se fraca e mesmo assim parecia estar cada vez mais forte. Fechando os olhos por um momento Mel esperou a tontura passar, enquanto Resa se aproximava tocando em seu ombro.

"Acho melhor parar para descansar um pouco, já trabalhamos muito por hoje."

"Não. Já estou bem, quero forçar o meu limite ao máximo e aperfeiçoar a técnica o mais rápido possível."

Teresa sorriu como se soubesse o que Mel diria.

"Muito bem então, sente alguns minutos e assim que estiver melhor, nós vamos aumentar o nível, o que acha? Pronta para invocar alguns dragões?"

Com certeza, Mel mal podia esperar.

***

Tudo bem, tudo bem, isso não será tão fácil quanto eu imaginava, pela quinta ou sexta vez, Mel caia esgotada na grama, agora estava repousando deitada olhando para o céu que escurecia com a vinda do crepúsculo, amarelo, rosa e azul tingiam as nuvens em diversas tonalidades criando uma paisagem surreal, já faziam três horas que estava concentrada naquilo, Resa a ensinara como criar um amuleto que canalizaria a essência do ser que ela gostaria de criar, condensando e solidificando as sombras para criar no caso, um pingente de prata em formato de dragão, com olhos de safira brilhantes e o pendurou em uma corrente de prata com um fecho peculiar criando assim um colar, o colocou em seu pescoço e desde aquele momento tentava invocar seu dragão a partir dele.

Mas como tudo, não era tão fácil assim, estava cansada e sua concentração não era a mesma do começo do dia, definitivamente precisava dormir. Olhou ao redor, já fazia um tempo que estava sozinha, Resa havia se retirado para junto de Mortimer para assim encarar seu próprio exército, aos poucos eles montariam seu acampamento ao lado dos muros do castelo e lutariam junto ao exército do rei.

Sentiu o ar entrar e sair de seus pulmões, quando a noite já caia resolveu que já era hora de ir, seu corpo protestava à medida que ia se erguendo, esticou os braços para cima na ponta dos pés, depois girou o quadril sentindo suas costas estalar, olhando para o céu, percebeu singelas asas que batiam acompanhando a brisa fresca em direção ao castelo.

***

Uma semana, em uma única semana Mel nunca se sentira tão esgotada, agora todo o acampamento saxão se encontrava ao lado dos muros do castelo, eles aproveitaram o buraco feito no dia do ataque ao castelo que se encontrava na parte de trás onde treinavam para acomodar o acampamento lá, de qualquer forma, assim ficaria mais fácil para os saxões acompanharem os treinos sem a necessidade de alarmar a todos caminhando pela vila.

Todos sentiam a aproximação da guerra, como se a morte caminhasse aos seus lados, os cidadãos foram avisados e se preparavam para assim que a batalha estourar, fossem se proteger nos diversos abrigos construídos sob a terra, Merlin e Resa deram uma ajuda a Melanie nesse quesito, cada um construiu um abrigo em um ponto da cidade, onde todos ficariam protegidos dos terrores que poderiam assolar suas casas.

No castelo, nobres que ficaram para ajudar ou simplesmente para apoio moral ao rei, se esconderiam nas passagens secretas já conhecidas. Nesse pouco tempo que transcorreu, Melanie não conseguiu prestar muita atenção ao que estava acontecendo ao seu redor, coisas como bailes e casamentos pareciam não ter importância, o único momento que pensou novamente foi quando descobriu que Lady Catelynn fora embora, disseram-lhe que ela não achou seguro ficar no castelo, que nunca presenciara uma guerra e não o faria naquele momento, dissera que quando tudo estivesse resolvido, voltaria para assumir seu compromisso com Arthur.

Depois de tanto tempo e tantas decisões tomadas, depois de Melanie desistir totalmente de Arthur algo assim acontecia, era como o universo dizendo que esta era sua última chance de escolher ficar... balançou a cabeça tentando esquecer a ideia, era realmente irritante, era como se quando finalmente desistia de algo o mundo fazia de tudo para convergir a favor da escolha descartada. Suspirou e voltou para seus exercícios, agora sim já estava na hora de conjurar aquele dragão.

***

"Não se preocupe, Mel, você está muito perto de conseguir, somente precisa aumentar o tamanho, veja, ele já chega a nove metros mais ou menos, mais um pouco e será um dragão poderoso."

Abaixada com as mãos segurando os joelhos Mel respirou fundo tentando levantar a cabeça para ver Resa, uma sombra pairava sobre suas cabeças, asas esticadas batiam agitando o vento, seu dragão estava sobrevoando há algum tempo, rodopiava subindo e depois se jogava em uma queda livre, até Mel chamá-lo para baixo, ele pousou insatisfeito.

Aproximando-se dele, Mel esticou a mão para perto de sua cabeça, o dragão branco então baixou seu pescoço deixando seu focinho ao alcance de sua mão, Melanie acariciou a pele gélida do animal enquanto este a observava com olhos penetrantes de um azul profundo. O dragão piscou os olhos já entendendo o que aconteceria depois, olhou para o céu no que pareceu um suspiro e se dissolveu em sombras fundindo-se ao ar, Melanie caiu de joelhos exausta, o frio que piorava a cada dia não estava ajudando, sentia suas pernas congelar com a pouca brisa que vinha do norte.

"Vamos, precisamos entrar um pouco para nos aquecermos, você foi brilhante hoje."

Agradeceu com um olhar, enquanto Resa a ajudava a se levantar, suas pernas bambearam, mas ficaram firmes o suficiente.

"Me diga, de que tipo ele será?"

Resa parecia se divertir ao perguntar o óbvio.

"O que você acha?"

Resa ponderou por um momento.

"Uma escolha elegante."

Mel riu, eram raros momentos de humor que tinha ultimamente, mas eram bons momentos, infelizmente duravam pouco.

"Resa, às vezes me sinto tão perdida, sem... confiança... você acha mesmo que dará certo? Acha que ele não perceberá?"

"Os planos mais simples, aqueles subestimados, que todos acham que vão fracassar, a sim, esses são poderosos. Quando se tem tudo para dar errado e mesmo assim você não desisti..."

Resa encarou Melanie sorrindo.

"Quando você coloca seu coração, alma e espírito, pode ter certeza que mesmo que seja a única a acreditar em uma causa já é suficiente. Não existe causa perdida se houver um único tolo que lute por ela, eu acredito nisso Melanie, eu acredito que o ser humano tem um poder imensurável dentro de si e não estou somente me referindo a poucos que como nós conhecem a magia, estou falando do poder que um pensamento tem sobre qualquer coisa que quiser, só não consegue quem não quer sair de sua zona de conforto, quem não quer enfrentar seus próprios medos, somos tão grandes..."

Olhou para o céu e sorriu ao ver algo que Melanie não se preocupou em levantar a cabeça para observar, pois lágrimas enchiam seus olhos, tentou contê-las, mas elas insistiram em cair, escorrendo pelo seu rosto.

Continuaram a andar, aquela caminhada pareceu a Melanie algo transcendente, como se aquele caminhar não a estivesse levando a um simples lugar, mas sim ao futuro.

***

"Estará pronto para fazê-lo?"

"Assim que Melanie me entregar o livro."

Já era a quinta vez que perguntava, Resa sabia que estava se excedendo na cautela, mas Merlin não poderia culpa-la, afinal era de seu filho que eles estavam falando.

"Sinto muito, Merlin, é que eu... tenho tanto medo. Nós teremos uma única chance de fazer dar certo, se não der..."

O futuro estará condenado, sim ele sabia, não se tratava somente de seu filho, mas do futuro de todos. Como era cansativo viver em presente, passado e futuro, Merlin esperava que algum dia sua mente não fosse mais suportar e se perderia na loucura, mas não, ele permaneceria forte, afinal de contas seu tempo ainda não havia chegado ao fim.

Realmente, depois disso, preciso de umas férias bem-merecidas, riu-se consigo mesmo E quando foi que tirei férias mesmo? Oh sim, nunca.

"Não vou dizer para ficar tranquila, sabe que nunca fui de mentir para você, teremos uma chance por demasiado pequena e não dependerá de nós, você sabe, não tenho como te dizer se dará certo, temos de ter fé."

Um pequeno sorriso.

"Sim, como sempre tivemos. Assim que Melanie lhe entregar o livro, colocarei o feitiço, caberá a você mandá-lo para onde deve ir."

Merlin assentiu, pensando nas referências a filmes e livros que Melanie tanto adorava usar, aquela guerra não era nem a ponta do iceberg, o que o futuro reservava estava além das profundezas escondidas na escuridão. Sem dúvida, Melanie concordaria que era uma referência adequada.

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