Capítulo 22 - De volta para o ...

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Sua cabeça latejava, mesmo assim Melanie não queria levantar, ainda estava com muito sono e estava confortável demais em seu colchão macio, colocou a mão por debaixo do travesseiro sentindo o celular no lugar de sempre, o pegou e olhou a tela que acendia com uma luz forte demais em seus olhos, o relógio marcava 16:29, qua, 21 de out...

De repente sentiu-se desperta, olhou para tela desbloqueando-a, a data estava certa 16:29 quarta-feira dia 21 de outubro de 2015, era... foi... o dia em que ela chegou em Camelot, tinha certeza, nunca esqueceria aquela data.

Olhou ao redor para o seu quarto, bem o seu verdadeiro quarto em sua casa em Gales, viu o lanche que fizera mais cedo ainda em cima de sua mesa com a tela do computador virada para ela, somente quando se mexeu ao sair da cama noto um som crepitante debaixo de si, várias folhas de um papel envelhecido estavam espalhadas sobre sua cama.

Melanie as recolheu, eram seus desenhos, desenhos feitos em outra era, feitos em Camelot, quando ela fora para lá naquele mesmo dia, Merlin tinha cumprido com o prometido, depois que ela vencesse a guerra, independente do que acontecesse, Merlin deveria mandá-la de volta sem o livro, esse era o acordo.

Com os desenhos nas mãos, Melanie caiu de joelhos, não sabia o que sentia primeiro, se era a alegria da vitória, se era a dor da perda, se era a saudade de pessoas que nunca mais veria, foi então que outro sentimento tomou conta de seu ser a fazendo levantar abruptamente, correu pelo quarto colocando os tênis, que não vestia a muito tempo e pegando um casaco.

Saiu de casa trancando a porta as presas, Melanie tinha de fazer isso, esse era basicamente o principal motivo dela ter voltado, tinha de fazer isso agora, não podia mais adiar um segundo sequer, tinha que vê-lo.

***

Sentada na cadeira do hospital, Melanie aguardava impaciente pela enfermeira que a autorizaria a ver o seu pai, Mel quase quicava na cadeira de tanta ansiedade, quando finalmente viu a enfermeira virar o corredor em sua direção levantou na mesma hora já correndo até ela.

"Então, posso vê-lo agora."

A enfermeira a olhou como sempre a olhava nos últimos três anos, com um misto de pena e solidariedade, o nome era Sra. Jenkins.

"Sim querida, mas saiba que..."

"Tudo bem, eu sei."

Mel acelerou o passo passando pelos quartos com portas fechadas até parar na frente de uma porta a muito familiar, entrou sem bater sentindo aquele cheiro de hospital, um ar gélido e esterilizado atingindo sua pele deixando suas bochechas rosadas.

No quarto assim que fechou a porta, se aproximou da única cama disposta no pequeno espaço que tinha também um pequeno sofá verde ao lado, Melanie se aproximou do leito do homem de pele caramelo a muito apagada pelos anos sem sol e cabelos encaracolados como os do irmão, Melanie queria se parecer mais com o pai que era filho de imigrantes espanhóis, mas o único traço que pareceu herdar foi a coloração de um único olho castanho esverdeado.

Sentou na cadeira ao lado da cama como o fez nos últimos anos e começou a conversar com o pai.

"Oi pai, hoje aconteceu uma coisa realmente maluca, sabe. Eu entrei numa livraria e de repente me tornei aprendiz do mago mais famoso do mundo! Você devia conhecê-lo ele é incrível, enfim... eu aprendi magia... e acho que posso finalmente curá-lo."

Se calou tremendo ao ouvir sua própria voz pronunciar as últimas palavras, Melanie conversou com Merlin a respeito da hipótese de curar seu pai com seus recém-adquiridos poderes de cura, Merlin lhe deu esperanças dizendo que poderia ser possível que Melanie conseguisse reverter o quadro de coma de seu pai, que já durava quase três anos.

Com a mão tremendo, Melanie repousou-a sobre a testa do pai, como não sabia exatamente o que curar, fez igual ao que lhe fora ensinado, aos poucos mandou sua força vital para o pai, com o intuito de regenerar qualquer tecido, molécula ou seja lá o que tiver sido destruído, qualquer coisa que pudesse impedir o pai de acordar, Mel projetou sua energia para ele.

Nada aconteceu.

Respirou fundo sem desistir, sua mão já estava firme agora, fechou os olhos se concentrando ainda mais...

"Mel... o quê está... querida onde eu estou?"

Abriu os olhos assustada, o pai a encarava com seus mesmos olhos castanhos esverdeados, um pequeno sorriso brincando em sua boca, ele pegou sua mão tremendo e a beijou como fazia quando era criança.

"Pai... eu não..."

Melanie o abraçou já caindo no choro, não acreditava que tudo isso estava acontecendo, não acreditava que estava ouvindo a voz do pai outra vez.

"Se acalme, o que aconteceu Mel? Por que estou aqui? E por que você está chorando, eu... não vou a lugar algum querida."

O pai afagava suas costas enquanto o choro desesperado continuava sem cessar, a muito Melanie não se sentia tão feliz e completa.

***

A noite passara muito rápido e num piscar de olhos já era hora de levantar, não que Melanie tivesse planejado ficar acordada metade da noite assistindo a filmes com a família, não se arrependia por isso, rindo e atualizando o pai sobre os últimos três anos, foi assim nos últimos cinco dias, na quinta após seu pai acordar, sua mãe não foi ao trabalho e seu irmão faltou na faculdade pelo que pareceu ser a primeira vez.

Melanie faltou os dois dias seguintes e passou o fim de semana inteiro com o pai, não teve tempo para pensar sobre tudo o que aconteceu em Camelot, as lembranças pareciam tão distantes e confusas, toda a dor estava entorpecida pela felicidade imediata.

A manhã de segunda começou como sempre, seu irmão mais velho correndo atrasado para a faculdade, sua mãe já arrumada e pronta para sair, com seu costumeiro blazer, dessa vez verde, acompanhado da inseparável camisa branca e seu pai que tinha levantado mais cedo para fazer o café da manhã para todos, andava pela cozinha conduzindo panquecas até seus pratos e suco até seus copos.

No segundo que sentou para tomar seu café, seu pai se sentou também assim que seu irmão e sua mãe haviam saído, foi um café estranhamente animado para uma segunda-feira, conversaram sobre a escola e sobre o que ela gostaria de fazer a seguir, quando deu a hora de ir para a escola correu para o quarto pegar sua mochila e viu os desenhos empilhados sobre a mesa, Lize, Dom, Dario, Marion... Arthur, não havia parado para pensar neles ainda, não havia parado para digerir tudo que havia acontecido... era difícil e complicado demais lidar com aquilo.

Quando estava saindo do quarto, passou pelo espelho do seu armário e parou para observar, exatamente nada havia mudado, o mesmo uniforme sem graça, o mesmo rabo de cavalo, os mesmos sapatos e mesmo assim, tudo havia mudado, Melanie não conseguia mais se ver como aquela garota, tudo que conquistou, toda a experiência haviam mudado ela drasticamente, uma mudança tão abrupta em seu espírito que refletia em sua aparência, no final, ela não tinha que realmente mudar por fora, nunca fora o uniforme que a fazia desinteressante ou o cabelo preso, não, era seu espírito que estava apagado, mas agora brilhava como uma chama na escuridão.

Quando saiu, se despediu do pai e não seguiu pela mesma rua de sempre, mudou seu caminho para ir em outro lugar, Melanie tinha de falar com Merlin, tinha de acreditar que tudo era real, que ia além de seus desenhos, além de curar o pai, pois depois disso não usou a magia para mais nada, temia tê-la perdido.

Ao dobrar uma esquina, no final da rua, já podia vislumbrar o toldo azul da frente da livraria, correu para chegar e abriu a porta, aquilo parecia ter acontecido há muito tempo, e de certa forma, foi há muito tempo, a livraria não parecia mais a mesma da primeira vez que entrou, agora tinha um ar mágico emanando dela.

Mel caminhou pelas estantes até chegar a seu livro, ele estava lá, o diário no mesmo lugar de antes, ela o pegou, a chave se materializou na capa e ela a retirou colocando no fecho e girando, quando abriu a história de sua vida estava toda escrita nas páginas, ficou feliz e triste, pois se agora podia encarar os acontecimentos bons, teria de encarar os ruins.

"Olá Mel, a quanto tempo."

Merlin estava parado perto da prateleira oposta, Mel correu e o abraçou.

"Eu não... quer dizer... é tão... isso realmente... aconteceu... Deus Merlin, por que o livro ainda está aqui, o que significa?"

"Vamos com calma, o que tem que saber no momento é que o livro é seu e que você continua sendo minha aprendiza, o que significa que temos de marcar nossas aulas."

Melanie não compreendia.

"Mas eu pensei que estava tudo acabado."

Merlin sorriu.

"Não, não, ainda tem muito o que aprender, a magia é passada para as próximas gerações, sempre, não pode se perder, Mel você foi escolhida e sempre será uma de nós, por isso ainda tem que aprender, para no futuro poder ensinar."

"Mas eu não vou poder... voltar, certo?"

"Sinto muito, sobre isso eu já lhe disse, não pode simplesmente ir e voltar quando quiser, o tempo é algo muito perigoso para se mexer, você fez sua escolha, decidiu voltar e esta escolha como qualquer outra tem suas consequências, mas elas não incluem perder a magia."

Melanie sorriu, ainda sentia um aperto no coração quando se lembrou de Resa e posteriormente, Arthur.

"Sobre o que aconteceu na guerra... Resa."

Merlin desviou o olhar, sem querer encará-la, Melanie entendeu a resposta, mudando de assunto.

"Então, como funciona esse negócio de ser uma aprendiza de Merlin em pleno século 21?"

"Sinceramente, será algo que teremos de descobrir juntos, não se preocupe, as coisas ainda não acabaram de mudar, temos algo especial vindo em breve."

Melanie ia dizer que não havia entendido, mas Merlin viu a hora e mando-a ir.

Seguiu pela rua abraçando seu livro pelo que pareceu mais um dia normal.

***

Sabia que sua decisão afetaria toda sua família e também seu melhor amigo, mas já estava decidido, todos o apoiaram, até sua irmã já aceitara o fato e o incentivava.

Desde a morte de Resa, sentia que não poderia perder mais nenhum segundo, faria isso, mudaria tudo, toda a sua vida para sempre.

Essa era sua escolha e de mais ninguém.

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