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Às vezes, quando as voracidades da nostalgia e os seus perfumes indecifráveis chamam a minha porta, geralmente eu lembro muitas nuances da minha simples e desprevenida infância. Sim, geralmente, eu lembro alguns brinquedos quebrados e remendados, também lembro, entre todos os aromas de uma existência distante, a minha mãe e a minha irmã querida. Lembro-me de tudo isso, porque todos eles, muito cativantes e insubstituíveis nas partículas mais íntimas que compõem a essência da minha vida, são os transeuntes mais leais na névoa espessa do mundo solitário e descorado da minha infância. Aquela infância  que correu tão suave quanto uma peça de nuvem de luz, entre os jogos e o amor fraternal. Aquela infância  que desapareceu de repente da antiga casa em que eu cresci ao lado da minha irmã, a minha mãe e um papagaio tímido que chamávamos "o Ramón". Nissos tempos, ainda me lembro, só havia no meu ser uma coisa bastante clara: a primavera não era para mim, como é agora, uma parte do infinito que havia escapado do Éden para divertir aos amantes. Em consequência, dentro das minhas mais ontológicas certezas de infantil facticidade cotidiana, a primavera era o tempo do meu jogo favorito, o meu, naturalmente, e o da minha querida irmã Angela. O jogo das escondidas que ela e eu jugávamos com Braulio e Ernesto que eram os filhos de Rosalba, a vizinha que sempre nos doava, todas as tardes, sem falta, um dos pequenos bolos de pão que ela vendia diariamente em uma pequena barraca que estava na rua. Um jogo que entre os quatro praticávamos como se fosse uma espécie de ritual sagrado entre as crianças. Um jogo de suaves interstícios e descobrimentos intensos. O que eu nunca fui capaz de explicar, dentro de mim e dentro do meu própio ser eu, nem sequer agora que passaram vários anos como brisas ligeiras de outono, é por que às vezes eu sentia ciúmes e colocava-me tão furioso quando via ao namorado da Angela chegar e interrompia o jogo. Aquele namorado que depois de alguns alguns anos a deixou a ela grávida e após perdeu-se como um náufrago no mar dos esquecimentos com forma de sargaços. Claro, eu amava a alegria infinita com a que a Angela sorria com a sua típica coqueteria de gata travessa. Eu amava a beleza hipnótica e incomum do brilho dos seus olhos. Não havia dúvida de que ela parecia um anjo. Além disso, ela era a minha única companhia. A única pessoa que me abraçava e me dava incentivos e algo de dinheiro quando os grandes crianças na escola me quitavam o meu dinheiro da semana. Sim, naqueles dias eu conhecia algumas alegrias e sabia do sabor agradável dos sorrisos, mas com o passar dos anos eu cheguei a ser bastante introspectivo, tímido e isolado. Claro, já estava terminando a minha infância, e esta estava terminando, para piorar as coisas, com um episódio escuro e sinistro que nunca poderei apagar da minha mente.

Tudo aconteceu numa manhã de primavera, logo após o meu aniversário número quatorze. Recentemente, havia me interessado em uma menina que ia à mesma escola que eu todas as manhãs. O nome dela era Cristina. Ela evocava me desejo. Um desejo intenso e profundo. Esse desejo que eu ignorava e que me mergulhava em uma curiosidade inescrutável e abismal, e que enquanto mais aumentava, mais me fascinava. E assim, com o desejo de paixão vagando na minha mente, uma manhã quando jogávamos às escondidas com o Braulio e o Ernesto, a Angela e eu nos escondemos debaixo de uma mesa que tinha uma toalha de bordados finos e imaculados sobre ela. Nós ocultamos muito juntos e, de um momento para outro, sem perceber, a toquei a ela em esse lugar onde não devi ter tocado nunca, ou seja, em uma das suas partes de mulher. Mas isso não foi o realmente ruim. O realmente ruim foi que eu a olhei a ela, a minha querida irmã, como se olha uma mulher que desperta desejo e paixão, porém. para aqueles momentos, em meu coração de criança, eu não compreendia muito bem o desejo, e muito menos tudo o que respeita à paixão. De qualquer forma ela o percebeu tudo e corou. Ela saiu então da mesa e disse que não queria continuar jogando porque tinha muitas tarefas para a semana, embora, dentro da nossas almas, ambos sabíamos que essa não era a verdadeira razão pela qual ela decidiu parar o jogo. A partir daí, comecei a me sentir vazio. Comecei a me sentir solitário. Angela nunca voltou a abraçar-me, nunca voltou cuidar de mim, nunca voltou para me dar incentivo e estar comigo nos momentos difíceis.

Não há dúvida de que aqueles foram os dias em que a minha solidão começou. A nossa vizinha Rosalba, que sempre viveu com a única companhia que lhe ofereciam os seus dois pequenos, conheceu um homem de quem ela se apaixonou perdidamente, um homem que depois se foi com a ela, e com o Braulio e com o Ernesto, para viver em um cidade distante, ou pelo menos issos eram os rumores que havia por lá. Um dia, mergulhado em uma solidão muito densa, uma solidão de infinitos interstícios, eu me sentei e ouvi algo estranho. Olhei aos lados, olhei ao horizonte, mas não encontrei ninguém. No entanto, eu ouvia que uma voz estranha me chamava, e que me chamava pelo meu nome. Era a voz de uma mulher. Naquele momento eu me concentrei profundamente naquela voz para ver se eu podia sonhar com a vida e com as mais doces entregas de um alma desconhecida. Então, de um momento para outro, tudo ficou vermelho; uma tonalidade vermelha com a mesma essência insigne da sangue humana. Ao final, eu não pude saber quem estava me chamando, então eu acabei pensando que aquele fenômeno tão estranho era apenas uma voz dentro de mim, uma voz que atravessava uma densa e sofrida solidão.

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