𝟮𝟬. 𝗖𝗢𝗡𝗦𝗧𝗘𝗟𝗟𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡𝗦

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Gwyn ainda observava Azriel dormir, mesmo fazendo algum tempo que já estava acordada. Ele dormia tão em paz que ela fez o possível para não acordá-lo.

Tirou aquele tempo para memorizar cada pedaço de seu rosto, dês das cicatrizes quase imperceptíveis, até aos músculos delineados de sua mandíbula. Não se cansava de dizer que ele era o macho mais lindo que ela já havia posto os olhos.

O cabelo negro como a noite caía um pouco nos olhos, e ele respirava tão tranquilamente que Gwyneth quis ficar ali pelo resto da manhã apenas para apreciar aquela calma incomum que irradiava de Azriel. Ficou tentada em passar a mão no rosto esculpido do encantador, mas se conteve.

Ela desceu os olhos para o braço de Azriel que ainda descansava em sua cintura, da maneira que havia feito toda noite. E quando ela tentava se mexer um pouco, o encantador a trazia para perto novamente, como se estivesse com medo dela fugir de mansinho.

Tentou suprimir o sorriso leve que surgiu em seu rosto, mas não conseguiu. Tinha dormido tão bem que ela se negava a omitir o bom humor que aquela ótima noite de sono tinha proporcionado-a.

Algo nela dizia que o motivo era o illyriano que ainda dormia do seu lado.

Naquele momento, ela sentia que podia ignorar todas as outras loucuras que estavam acontecendo no mundo. Ali, sentia que tudo que importava era Azriel e ela, o tempo parecia concordar, pois sempre parava quando estavam juntos, e mesmo assim, ela tinha a impressão de que nem todo tempo do mundo seria o suficiente com ele.

Deuses... Ela estava realmente apaixonada pelo Encantador de Sombras. E a sensação era... Era como pular sem se preocupar em como ou quando iria cair.

Parte dela estava assustada, apreensiva com toda aquela explosão de sensações e sentimentos que se acumulavam cada vez mais no seu peito. Mas, a outra parte estava tranquila, como se soubesse que ela poderia abraçar esse sentimento e assumir a verdade, pois de alguma forma, tudo daria certo.

Suspirou, tentando acalmar o coração. Mas os dedos de Azriel apertaram de leve sua cintura, fazendo com que ela levasse os olhos de volta para o rosto do illyriano.

Ele abriu os olhos devagar, e Gwyn jurou que podia se perder naquele âmbar tão reconfortante. Um sorriso de lado surgiu em seu rosto.

— O que foi? — perguntou se afastando um pouco para checar seu rosto.

— Bom dia para você também, Valquíria. — A voz de Azriel saiu rouca e preguiçosa. — Eu só estava surpreso em te ver aqui, achei que teria ido embora.

— Ah, então está me mandando ir embora? — riu, jogando o lençol que as cobria para o lado. — Não seja por isso, Encantador.

Brincou, levantando o torso e ameaçando sair da cama, mas duas mãos grandes envolveram sua cintura, a jogando de volta para o colchão. Ela riu, sentindo as sombras passar de leve pelo seu pescoço.

As mãos de Azriel permaneceram ali em cima do tecido em sua cintura, ele negou com a cabeça.

— Se depender de mim você ficará aqui o resto da tarde. — O encantador se espreguiçou, fechando os olhos. — Há quanto tempo está acordada?

— Já faz um tempo considerável. — Ela riu fraco, observando o encantador se sentar na cama e alongar as asas.

— E porque não me acordou?

— Porquê você teve uma longa noite... — Gwyn se sentou também, abaixando o tom de sua voz.

O encantador a encarou, os olhos brilhando tão intensamente, que ela precisou engolir em seco. Tinha algo escondido naquele olhar, algo que ela não conseguia decifrar.

Ele sorriu de leve, chegando mais perto dela e levando os dedos até sua bochecha.

— Alguém já te disse que você tem pequenas constelações no seu rosto?

Gwyn riu fraco, o nariz franzindo, enquanto ela negava com a cabeça.

— Como?

— Suas sardas... — Ele retirou a mão, mas continuou sustentando o olhar. — Elas parecem pequenas constelações espalhadas pelo seu rosto.

Azriel deu um sorriso contido, Gwyneth sentiu suas bochechas corarem, fazendo com que ela desviasse o olhar para o colchão.

— Ainda tem certeza que quer ir para Sangravah?

A voz do encantador estava mais baixa, como se tomasse cuidado com as palavras. Gwyn levou o olhar de volta para ele e apenas concordou com a cabeça.

— Tenho. — suspirou se levantando. — Eu preciso... Preciso fazer uma coisa e só posso fazer lá.

Respirou fundo, Azriel a acompanhou com os olhos, ainda sentado na cama.

— Certo. — O Mestre-Espião lhe ofereceu um sorriso reconfortante. — Passo em seu quarto daqui uma hora, tudo bem?

— E depois... — Gwyneth apertou as mãos, entortando a boca de leve. — Depois vamos para Velaris?

— Apenas se você quiser.

— Eu quero. — Ela se apressou para responder, antes que sua mente a fizesse pensar demais e acabasse desistindo. — Se ainda estiver disposto a me levar.

— Te levarei aonde quiser ir, Gwyneth. — Azriel tombou a cabeça. — Não se preocupe.

— Você não tem coisas para resolver hoje?

— Estou por sua conta hoje, Gwyn. — Azriel se levantou, caminhando até ela. — Faremos o que você quiser fazer.

A sacerdotisa sentiu o coração acelerar. Apenas concordou com a cabeça, sorrindo fraco, tentando não deixar claro o que aquelas palavras tinham causado em seu corpo.

— Certo. — respondeu Gwyn. — Vejo você daqui uma hora então, Encantador.

— Tente não sentir muitas saudades. — Azriel brincou, fazendo com que ela gargalhasse.

— Machos illyrianos e seus egos enormes. — revirou os olhos, caminhando até a porta — Me dê um desafio de verdade, Encantador de Sombras.

— Ai — Azriel torceu o rosto em uma careta de dor. — Você feriu meus sentimentos.

— Bom, lide com isso. — Gwyn deu de ombros, piscando para o encantador antes de sair do quarto.

Conseguiu escutar a risada leve de Azriel dos corredores, enquanto voltava para os seus aposentos. O seu coração naquela euforia de sempre toda vez que se encontrava com o Mestre-Espião.

𓆩*𓆪

Gwyn encarava o guarda roupa depois do banho que havia tomado, pensando se devia realmente fazer aquilo.

Parte dela sentia que ela precisava, e a outra parte queria correr na maior velocidade que conseguia para bem longe. Gwyneth não se permitiu pensar muito, pois sabia que sua mente sempre era sua pior inimiga e de alguma forma tentaria sabotá-la

Ela escolheu vestir uma calça e uma túnica verde, pensou em colocar um vestido, mas preferiu ficar mais confortável naquela manhã.

A adaga que Azriel havia dado estava no coldre em sua coxa direita.

Gwyn caminhou até a escrivaninha do seu quarto, pegando algumas miçangas que havia guardado ali, além de pegar um dos vários braceletes que ela e Catrin já haviam feito juntas, engolindo o bolo que se formou em sua garganta.

Guardou em uma pequena bolsa, suspirando enquanto transpassava o compartimento pelo ombro. Ela se endireitou, tentando manter a respiração e o coração no ritmo normal.

Você precisa disso, Gwyn.

Tentou se acalmar mentalmente, pois não era nada mais que a verdade.

Escutou uma batida na porta de madeira do quarto e se dirigiu até o som, abrindo-a por inteira e enxergando Azriel já pronto. O encantador vestia o preto de sempre, mas não usava o couro illyriano, ao invés disso, trajava uma túnica mais leve e uma calça mais trabalhada, o coturno nos pés e o cabelo jogado para trás, mas sempre com aquelas mechas mais teimosas caindo pela sua testa.

Tinha pelo menos umas três armas espalhadas pelo corpo, mas Reveladora da Verdade continuava ali, presa contra sua coxa.

Lindo. E não era nenhuma surpresa para ela. Na verdade, Gwyn estava começando a ficar irritada com a facilidade que ele ficava bonito, como se não exigisse nenhum esforço.

— Está pronta? — Azriel perguntou com um sorriso de leve esboçado no rosto.

— Sim. — disse Gwyn. — Vamos?

O encantador concordou, oferecendo o braço para ela que aceitou de bom grado.

— Vou nos atravessar, tudo bem? Íamos demorar muito se fôssemos voando.

— Certo. — Gwyneth apertou de leve o seu braço, sentindo aquela apreensão começando a tomar conta de seu corpo.

Bom, se fossem voando ela teria tempo para matutar a viagem na sua cabeça, se acostumar com a ideia de ver o templo novamente, com certeza não da maneira que se lembrava. Mas Sangravah ficava bem longe do circuito de Velaris, quase uma ilha, praticamente pertencendo as três Cortes Solares, Corte Diurna, Corte Noturna e Corte Crepuscular. Então, entendia o porquê de ser mais vantajoso usar o atravessamento.

— Está tudo bem, Gwyn. — Azriel afirmou, levando aqueles olhos achocolatados com centelhas de dourado em direção aos de oceano. — Vou estar com você o tempo todo.

Gwyneth respirou fundo, balançando a cabeça positivamente. Graças a Mãe, ele estaria com ela, pois a sacerdotisa não tinha certeza se conseguiria fazer aquilo sozinha.

Tudo ficava mais fácil quando estava com ele.

O encantador acenou com a cabeça e em questão de segundos suas sombras os envolveram, Gwyn sentiu aquela sensação estranha que era ser transportada e quando percebeu que não estava mais na Casa, ela se forçou a abrir os olhos.

Sua respiração parou por um momento, enquanto ela observava o que um dia já tinha sido sua casa. Seus olhos arderam, a garganta fechou e aquele aperto no peito se intensificou.

O templo estava destruído, praticamente em ruínas, tudo que enxergava eram as pedras caídas e quebradas e parte das paredes em pedaços.

A mão de Azriel envolveu a dela, apertando-a em um carinho sutil. Gwyneth levou os olhos até o encantador, e não sabia como, mas não precisaram dizer uma palavra sequer para entender o que passava na cabeça um do outro.

Ela sabia, de alguma maneira, que Azriel dizia para ela que estava tudo bem chorar. E foi o suficiente para que ela se permitisse deixar as lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

Não da forma desesperada que chorava toda vez que se lembrava. Não, suas lágrimas desciam tranquilamente, como se estivessem tirando um peso de seus ombros, como se ela estivesse se libertando de um fardo que não suportava mais carregar.

A sacerdotisa caminhou em direção ao Templo. Se lembrando da enorme fortaleza que já havia sido um dia, de quantas crianças e jovens foram amparados e acolhidos naquelas paredes que já não existiam mais.

Azriel se negou a soltar sua mão, enquanto ela adentrava as ruínas. A grama ainda continuava verde como esmeralda, e a vista ainda era tudo que ela se lembrava.

— Ali naquele canto tinha uma enorme sala de estar. — Gwyn apontou para uma parte da fortaleza, conseguindo projetar na sua mente todo o cômodo. — Catrin e eu sentávamos por horas ali, lendo e discutindo.

Ela riu limpando as lágrimas. Uma brisa leve bateu em seus cabelos, fazendo com que ela se arrepiasse, Gwyneth se permitiu fechar os olhos, pois sabia que aquele toque leve, só podia pertencer a uma pessoa.

O encantador permaneceu calado, como se desse espaço para que Gwyn se conectasse com aquelas memórias e lembranças.

Ela havia vivido tantas coisas boas ali, tantos momentos incríveis ao lado de sua mãe e irmã, ao lado das outras sacerdotisas e de todas as crianças que sempre alegravam suas noites.

Aquele lugar tinha sido um refúgio para sua mãe, tinha sido um refúgio para ela e para Catrin. Ela não queria e nem podia resumir ele àquela noite, pois sempre foi mais do que um templo, foi sua casa, seu lar.

— Eu não escolhi ser sacerdotisa, sabe? — Gwyn começou, enquanto olhava para cima, observando os quadros agora mofados e os lustres quebrados. — Minha mãe não foi acolhida pelas ninfas e também sofria abusos demais na Outonal.... Esse acabou sendo o único lugar que ela encontrou conforto e bom, aqui se treinavam as sacerdotisas.

Azriel não desviou o olhar dela desde quando havia chegado.

— Eu sempre gostei de me dedicar muito a tudo até conseguir, pelo menos, ser a melhor. — Riu fraco, chutando algumas pedrinhas em sua frente, o sol entrava de leve pelos buracos do teto. — Então, estudei horrores me forçando a não apenas me tornar sacerdotisa, mas ser uma das melhores.

A valquíria revirou os olhos, envergonhada com a confissão.

— Catrin morria de raiva, pois eu sempre fazia disso uma competição e a minha irmã nunca ligou muito para nada daquilo. — suspirou, sentindo as orbes queimarem. — Ela sempre dizia que eu estava perdendo meu tempo tentando provocá-la, mas vez ou outra ela sempre entrava na brincadeira.

A sacerdotisa caminhou até o jardim.

— Agora eu tenho certeza que ela fazia isso apenas para me motivar mais. — sorriu fraco ao ver a linda paisagem que se formava no horizonte.

Cadeia de montanhas e centenas de árvores e flores. O céu azul brilhante e o mar que abraçava de longe todo o restante da vista.

— Minhas mãe que nos presenteou com a pedra da invocação, e disse que não deveríamos temer, pois sempre estaríamos protegidas.

— Sua mãe parecia ser uma fêmea muito amável.

— Ela era. — Gwyn sorriu tristemente. — Minha mãe acreditava muito na bondade das pessoas, parte de mim acredita que foi isso que causou sua morte.

— Não. — O encantador negou com a cabeça. — Não a culpe por ter o coração bom, Gwyn. Foi com ele que ela criou você e sua irmã, e o seu coração é um dádiva que merece ser contemplada.

A valquíria sorriu fraco, sentindo aquela cosquinha idiota na barriga.

O jardim não estava tão bonito igual era há algum tempo, nem bem cuidado, já que estava abandonado, mas continuava com a sua essência. As estátuas dos Deuses – agora destruídas – ornamentavam o jardim.

— Você pode segurar isso para mim? — Ela entregou a bolsa para Azriel, que concordou pegando-a de imediato.

Gwyn andou até um local mais afastado, perto de uma árvore grande e uma muda de lírios. Ela colheu as flores, fazendo um buquê rápido e improvisado. Em seguida, ela se ajoelhou em frente a árvore.

— O que está fazendo, Gwyn?

A sacerdotisa respirou fundo, pegando um dos braceletes que havia feito com Catrin. A pulseira era adornada de pecinhas brancas, um pingente delicado prateado completava a peça.

Gwyneth retirou o bracelete, o encarando na palma da mão por um momento. Aquele tinha sido o primeiro que tinham feito juntas.

— Me despedindo. — engoliu em seco, os olhos voltando a lacrimejar. — Eu nunca consegui me despedir e acho... Acho que é por isso que ainda carrego tanto comigo.

Deixou a lágrima escorrer, ela conseguiu escutar os passos de Azriel atrás dela quando ela colocou a pulseira na terra em frente a árvore. Suas mãos cavaram um pequeno buraco, e Gwyn não impediu quando as lágrimas que escorriam molharam o solo a cada pingo que caía na terra.

Ela sentiu a mão grande e calejada do encantador encostar no seu ombro de leve, um carinho reconfortante, provavelmente para deixar claro que ele ainda estava ali.

A sacerdotisa colocou o bracelete no pequeno buraco, voltando a colocar a terra por cima, até cobrir toda a pulseira, dando batidinhas de leve para assentar a terra e deixá-la mais lisa.

Ela sentiu seu peito apertar.

— Sinto saudades de você, Catrin. — o tom da voz saiu baixo e vacilante. — Eu acho que nunca havia imaginado minha vida sem você... E eu... Eu não estava preparada para dizer adeus, irmã.

Não limpou as lágrimas que escorreram em sua bochecha, deixou que elas lavassem sua alma, deixou que elas levassem todo aquele peso e toda aquela culpa que ainda carregava tão profundamente no peito.

— E eu acho que nunca vou estar de fato preparada para isso. — entortou a boca. — E todos os dias eu sangro pela ferida que ainda está aberta. Mas, eu sinto que ela finalmente está se curando... E por muito tempo eu impedi que ela se curasse, Catrin. Sempre a abria de novo, porque... Porque acho que não queria me curar, pois sentia que a dor era a última coisa que me ligava a você e eu não queria perder aquilo também.

A sacerdotisa olhou para o céu, suspirando fundo antes de continuar, a mão ainda em cima do bracelete enterrado.

— Mas, eu não podia estar mais errada. — Gwyn sorriu, sentindo o salgado das lágrimas em sua língua. — Eu vou estar sempre ligada a você, mesmo em outro plano. E tenho certeza que em outro lugar, outro mundo, outra vida, nós estamos lado a lado rindo da possibilidade maluca de estarmos separadas.

Ela apalpou a terra.

— E eu vou te encontrar novamente, irmã. — A valquíria pegou as flores que havia colhido, colocando ali em cima do pequeno buraco tampado. — Então isso não é um adeus... É apenas um até logo.

Limpou o molhado do rosto, se levantando e limpando a terra da calça.

— Eu te amo, Catrin. — sussurrou, um sorriso triste, porém reconfortante estampado no rosto. — Quero que saiba que o céu ficou ainda mais bonito depois que te recebeu.

Respirou fundo, aquele aperto ainda existia, mas perto da sensação de alívio que estava sentindo, se transformava quase em nada. Se sentia leve como uma pluma, pois sabia que Catrin estava presente ali de alguma forma, a motivando como sempre fazia, torcendo para que ela finalmente deixasse aquele ferida cicatrizar.

As lágrimas ainda escorriam de seu rosto quando Azriel apertou seus ombros e a virou de frente para ele. O encantador limpou as bochechas de Gwyneth, um sorriso tranquilo estampado no rosto.

Suas mãos expostas foram em direção a corrente da sua pedra de invocação. Ele passou a pedra pela cabeça da sacerdotisa, retirando-a do pescoço e levando-a até a testa de Gwyneth.

Ele ajustou o cordão, a pedra agora pendendo em sua testa. E de nada adiantou que ele limpasse suas lágrimas, pois naquele momento, Gwyn chorou ainda mais.

As sombras rondaram o espaço entre os dois.

— Você é merecedora, Gwyn. — Azriel sussurrou, as mãos agora de volta em seu pescoço. — Você sempre foi e sempre será digna.

A pedra emitiu um brilho azul leve, e a sacerdotisa sentiu seus lábios tremerem, não conseguindo conter o soluço que saiu de sua garganta.

Não raciocinou e nem pensou demais, apenas abraçou Azriel com força, não conseguindo explicar o quanto era grata por ele estar ali, por ele ter encontrado aquele caminho torto que o levava até ela, por essa paciência e compreensão.

O encantador a abraçou de volta, os braços fortes a envolvendo e praticamente a tirando do chão, enquanto o rosto de Gwyneth se escondia ali, na curva de seu pescoço, sentindo aquele cheiro de névoa noturna e cedro que sempre a trazia paz e conforto.

Azriel nunca havia a tratado com pena. Nunca a viu como um vaso prestes a despedaçar, mas sim como uma peça ainda em formação. E ao invés de fazer o que todos faziam, ao invés de evitar tocar, ele se sentou ali e a ajudou a se moldar.

— Quero te mostrar uma coisa... — Gwyn se afastou de leve, o encantador levou mão até o cabelo solto da valquíria, o colocando atrás da orelha e concordando com a cabeça. — Vem comigo.


𓆩*𓆪

Caminharam por tempo indeterminado até finalmente chegarem onde Gwyneth queria. O local era bem afastado do perímetro do templo, quase chegando nas extremidades de Sangravah e perto das montanhas que adornavam o lugar. Já não estavam mais na primavera, mas as flores ainda estavam lindas.

Cada passo que ela dava naquela floresta, era uma lembrança que se despertava em sua mente. Das vezes que ela e Catrin faltavam das cerimônias para visitar aquele lugar mágico que ela tanto amava.

Quanto mais fundo entravam, mais seu coração disparava contra as paredes de seu peito. Fazia tanto tempo que ela não entrava ali, fazia tanto tempo que ela não visitava aquele lugar e ela esperava que ainda estivesse o mesmo.

Chegaram até extremidade da floresta, batendo de frente com a gruta em volta de plantas e flores, Gwyn olhou para Azriel com um sorriso ansioso.

— Eu deveria ficar com medo?

— Pensei que precisaria de mais para assustar o grande Mestre-Espião. — forçou um pouco a voz, fazendo Azriel revirar os olhos em meio a uma risada.

— Com você tudo é uma surpresa, então não sei o que posso esperar. — O encantador riu fraco.

— Eu acho que você vai gostar. — Gwyn sorriu pegando em sua mão.

Ela afastou algumas flores e abaixou um pouco a cabeça para entrar na abertura da caverna.

Andou um pouco mais até chegar de fato ao local. E ele continuava a mesma coisa desde quando era pequena. Sorriu abertamente para a imagem que encheu seus olhos.

A caverna não era escura, já que tinha uma enorme abertura na superfície, permitindo que o sol preenchesse toda gruta, fazendo com que as pedras brilhassem contra os raios.

Os olhos desceram para a extensão do lago subterrâneo que a caverna escondia, deixando o sorriso largo estampar ainda mais suas feições. O sol batia contra a água de um azul intenso que brilhava de maneiras imprescritíveis.

Continuava sendo um dos lugares mais lindos que ela já havia pisado, e ainda era tão especial quanto ela se lembrava.

A sacerdotisa desviou os olhos da beleza natural que era o lago subterrâneo, agora voltando-os para Azriel, que encarava a caverna levemente maravilhado.

— É incrível... — O encantador sorriu. — Como achou esse lugar?

— Quando éramos menores, Catrin me convenceu a escapar de uma cerimônia. Decidimos explorar a floresta e Catrin acabou achando essa gruta.

Gwyn andou pela caverna, olhando para cima e observando todos os detalhes da pedra, das flores e plantas que cresciam nas paredes.

— Ela tinha as heranças ninfas mais presentes do que eu, e muitos estudiosos dizem que ninfas d'água sempre acabam encontrando água de alguma maneira ou de outra.

Gwyneth tirou as botas caminhando até o perímetro onde o lago se estendia. Sorriu quando sentiu o gelado da água bater contra seus dedos, fechando os olhos e deixando que aquela sensação gostosa de nostalgia se instalasse em seus ossos.

— Aqui se tornou nosso esconderijo. — Ela olhou sobre o ombro para Azriel que caminhou até ela em passos lentos. — Toda vez que algo acontecia, nos encontrávamos aqui.

Ela voltou a olhar para o lago, enxergando seu reflexo contra a água cristalina, e por um segundo pôde jurar que viu Catrin a encarando de volta.

Aquela vontade de entrar na água igual faziam quando era mais novas se apropriou de seu corpo.

— Gwyn...

Ela pulou em um finquete antes que Azriel pudesse continuar. Afundou até onde conseguia, sentindo o gelado tomando conta de todo seu corpo. Ela sorriu debaixo d'agua, rodando e deixando o corpo seguir o fluxo da corrente do lago.

Nadou até a beirada, emergindo devagar e dando de cara com um Azriel com a expressão estampada em surpresa. Molhou os cabelos para trás, nadando até chegar na pedra onde o encantador estava ajoelhado.

— Você perdeu o juízo.

— Tem medo de água, Encantador? — Ela ergueu a sobrancelha, apoiando os braços na beirada da pedra.

— Podia ao menos ter me avisado que iria pular. — Azriel ignorou sua pergunta.

Gwyneth forçou um pouco os braços, levando seu corpo para cima, sentindo a água escorrer pelo tecido da blusa. Chegou perto o suficiente do rosto do encantador, sorrindo para ele.

— Venho de uma família de ninfas, Mestre-Espião. — abaixou uma oitava na voz. — Você pode relaxar um pouco.

A respiração de Azriel ficou mais pesada, seus olhos dourados preso nos olhos azuis da sacerdotisa. Ele desceu o olhar para os lábios da ruiva, a boca entreaberta fazendo com que seu hálito fresco batesse contra o rosto de Gwyneth.

Ela cedeu a vontade de roçar seus lábios nos dele, passeando o nariz contra o rosto do encantador, ele fechou os olhos e respirou fundo.

Mas, antes que o Mestre-Espião conseguisse pensar em quebrar aquela distância mínima, Gwyn agarrou sua túnica e o puxou, fazendo com que Azriel caísse na água gelada.

Gargalhou quando escutou o barulho que Azriel deixou escapar dos lábios antes de cair no lago, fazendo sua barriga doer.

Gwyneth levou os olhos para o encantador que agora emergia da água, o rosto estampado em uma carranca, balançando a cabeça negativamente enquanto jogava os cabelos molhados para trás.

Azriel se levantou, o torso agora fora da água. Gwyn precisou morder os lábios com a cena que atraiu seus olhos curiosos e ávidos. A água escorria do tecido ensopado, a túnica grudava contra o peito musculoso, marcando cada curva de músculo daquele abdômen excepcionalmente trabalhado.

— Parece que você está se divertindo, Berdara. — O encantador caminhou até ela, movimentando a água que batia em sua cintura.

— Ah, não se sente bem mais fresco agora, Encantador? — Gwyneth arqueou uma sobrancelha.

O Mestre-Espião sorriu de lado, chegando perto o suficiente dela para que ela sentisse aquele desejo irrevogável tomar conta do seu corpo.

— Sua tentativa de me refrescar foi em vão. — Azriel respondeu em um murmúrio. — Perto de você é impossível me sentir refrescado.

— É mesmo? — engoliu em seco, encarando o rosto esculpido do encantador. — Posso saber o porquê?

— Porque você faz meu sangue parecer fogo ardente correndo pelas minhas veias.

O encantador respirou fundo e Gwyneth precisou de todo seu auto-controle para não derreter ali mesmo.

— Você esquenta cada célula do meu corpo.

Azriel chegou mais perto dela, Gwyn sentiu o peitoral molhado encostar contra o dela, a mão cicatrizada tocou sua cintura com delicadeza. De repente, ela desaprendeu como se respirava.

Deuses... Ela o queria tanto.

Ele era a sua definição de desejo, puro, límpido e selvagem. Aquela parte que ela não conseguiria domar nem se dedicasse anos da sua vida em aprender.

Não sabia o quão catalisador as chamas daquele desejo poderiam ser, até agora. Até perceber que deixaria Azriel fazer o que quisesse com ela.

Ele passou o nariz contra o dela, passeando pelo resto do rosto, respirando fundo como se a cheirasse, como se a memorizasse. Suas mãos apertaram a carne de sua cintura, colando ainda mais os seus corpos.

Sem aviso prévio, o encantador de sombras colou seus lábios nos dela, em um beijo quente e necessitado, como se ele precisasse daquilo para viver. Gwyneth não o impediu quando a língua de Azriel invadiu sua boca procurando pela dela.

A sacerdotisa envolveu seus braços na nuca do Mestre-Espião com tanta força, que Azriel se desequilibrou de leve, o que fez com que ele deslizasse as mãos até suas coxas e a puxasse para cima, fazendo com que ela enrolasse as pernas em volta do quadril do illyriano.

O beijo apesar de quente, era lento e tranquilo, como se eles quisessem sentir cada toque e cada sensação com calma.

E Gwyneth não estava com pressa.

Ele a segurou com apenas um braço, sustentando quase todo o peso da sacerdotisa em uma mão, enquanto a outra voltava para seu pescoço, o segurando com força suficiente para que ela não conseguisse se mover.

Os dedos calejados e cicatrizados entrelaçaram nos fios de cabelos ruivos da nuca da sacerdotisa, puxando-os de leve, fazendo com que Gwyn deixasse escapar um gemido de satisfação contra os lábios ainda grudados.

E dessa vez, Azriel não a afastou quando pulsou contra a calça. Não, ele a apertou mais contra o volume, soltando um ruído de prazer puro ao morder os lábios inferiores da valquíria.

A pressão que se instalou no meio de seu centro quase a fez revirar os olhos.

Partiram o beijo em busca de fôlego, os peitos descendo e subindo pesadamente. Mesmo dentro d'água, Gwyn podia jurar que suas roupas a qualquer momento ficariam secas pelo calor que exalava de seus corpos.

Ele a desceu devagar. Gwyneth se arrepiou de leve sentindo o gelado da água bater contra o seu corpo novamente. As mãos de Azriel, no entanto, continuaram pousadas ali sobre o tecido molhado.

Gwyn o encarou, os olhos brilhando tão fortemente, que achou que poderia queimá-lo. Algo reconfortante se instalou no seu peito, como se brilhasse em uma luz fraca, quieta e silenciosa, fazendo com que ela tomasse coragem para dizer:

— Eu contei para as estrelas sobre você...

Azriel afastou o rosto um pouco para enxergá-la melhor.

— O quê? — Ele pareceu confuso.

— Você me disse que eu poderia contar para ela sobre todas as coisas espetaculares que acontecessem comigo. — murmurou, sentindo sua voz vacilar. — Eu contei sobre você.

As sobrancelhas de Azriel caíram em seu rosto, um sorriso reconfortante surgiu em meio as suas feições, e Gwyn pôde jurar que os lábios dele tremeram de leve.

— Gwyn...

— Eu acho que ela me escutou. — interrompeu o encantador. — Eu acho que todas elas me escutaram e concordaram que você é realmente, algo espetacular, Azriel.

Ele a beijou novamente. E dessa vez, não teve nenhum fogo. Tudo que tinha ali era simples, revitalizante e acolhedor, como uma lareira acesa em um dia frio, como chegar em casa depois de um longo dia.

Casa.

Se sentia em casa.

𓆩*𓆪


— É a décima vez que perco uma pedrinha. — Azriel resmungou tentando colocar a pedra no barbante mais uma vez. — Eu realmente não sirvo para isso.

Gwyn gargalhou, negando com a cabeça, enquanto colocava mais uma pedra azul no barbante.

— Você já está quase acabando e eu nem sequer comecei direito. — O encantador bufou, as mãos grandes tentando novamente enfeitar o cordão.

— Eu já acabei. — Gwyn levantou o bracelete já pronto, mostrando-o para Azriel. Praticamente jogando-o na cara do encantador.

— Nem tudo é uma competição, Gwyneth.

— Disse o perdedor.

Azriel riu fraco, revirando os olhos.

— Me dê seu braço.

Azriel estendeu a mão para ela, ela sorriu inevitavelmente ao ver de novo que ele não usava luvas.

Gwyneth passou o bracelete pelo seu pulso, a pulseira trançada com barbantes em tons de azuis e pedras da mesma cor ficou discreto no pulso do encantador, quase imperceptível.

Ele encarou a pulseira, um sorriso contido no rosto.

— Obrigado, Gwyn. — Azriel voltou os olhos para os da sacerdotisa. — É lindo.

— Me dê o seu para eu terminar. — Ela riu de leve, abrindo a mão para que ele colocasse o cordão ali.

O encantador desviou, segurando o bracelete mais ou menos traçado nas mãos.

— Claro que não. — respondeu. — Eu vou acabá-lo e depois irei calar sua boca.

O encantador voltou a tentar colocar a pedra, dessa vez conseguindo enfiá-la no cordão. Gwyn riu fraco, deixando Azriel terminar a pulseira.

As roupas em seu corpo já estavam secando, enquanto descansavam seu corpos perto de uma árvore do lado de fora da caverna. O sol passava pelas frestas entre os galhos da árvore, a brisa leve que batia vez ou outra derrubava um pouco das folhas e flores, caindo um pouco na bolsa onde as pedras e os barbantes estavam.

Ela observou a paisagem, abraçando os joelhos e deixando que aquela sensação gostosa do vento batesse contra seu rosto e seus cabelos.

Seus pensamentos foram interrompidos quando escutou Azriel dizer em um tom de voz elevado:

— Há! Acabei. — levantou a pulseira traçadas em fios brancos, dourados e azuis, igual a adaga que ele havia a presenteado. — Você gostou?

Gwyn sorriu vendo a pulseira. As pedras azul claro que enfeitava o barbante eram lindas e pareciam brilhar de leve contra o sol.

— Eu amei, está linda. — admitiu, o sorriso ainda estampado no rosto. — Talvez você não seja tão ruim assim.

— Ha ha, me dê seu braço, espertinha. — Azriel puxou o braço de Gwyn levemente, a trazendo para mais perto.

Não conseguiu conter a risada que escapou de seus lábios. Azriel passou a pulseira pelo seu pulso, colocando-a entre a pulseira que tinha feito com Nestha e Emerie e a última que tinha feito com Catrin. Sorriu ao encarar as três ali, lembrando-a das pessoas mais importantes que ela tinha na sua vida.

Azriel estava incluído. Ela estaria mentindo se dissesse que ele não havia se tornado uma das pessoas mais especiais em sua vida. Apenas pensar em perdê-lo, perder o que tinham, o que compartilharam... Doía absurdamente.

— Agora eu irei calar a sua boca.

Ele a puxou mais uma vez, fazendo com que ela soltasse uma risada em surpresa, antes dos seus lábios estarem grudados nos de Azriel novamente. A mão dele pousada em seu pescoço, enquanto a outra descia em direção a sua cintura.

A sacerdotisa levou sua mão até o rosto de Azriel, segurando-o enquanto se deliciava no beijo que começava a se intensificar.

Ela mordeu os lábios inferiores do encantador, puxando-os levemente. Um grunhido grave saiu da garganta dele, fazendo com que um arrepio descesse de sua coluna até a ponta de seus dedos do pé.

Sua mão desceu para o pescoço do encantador, o apertando de leve, fazendo com que outro gemido abafado saísse dos lábios do Mestre-Espião.

E, pela Mãe... Aquele som causava os mais variados tipos de sensações em sua pele, como se fosse mais um catalisador para aquele desejo latente que fluía entre os dois.

Ela se inclinou mais na direção do encantador, intensificando o beijo e fazendo com que ele se apoiasse nos cotovelos, ela escutou o barulho das asas se abrindo atrás do corpo de Azriel.

Partiu o beijo, abrindo os olhos, apenas para observá-lo.

E ela tinha certeza que nunca cansaria de olhá-lo.

A túnica preta ainda estava um pouco úmida, assim como os cabelos que agora se encontravam mais rebeldes do que o normal. As mangas da camisa estavam enroladas até os cotovelos e as pernas estavam esticadas, a calça ainda molhada deixava os músculos trabalhados de suas coxas ainda mais ressaltados.

Gwyn quis pressionar suas pernas uma na outra. Como alguém poderia ser tão bonito?

— Eu quero te tocar... — Sua voz saiu em um sussurro.

Os dedos delicados passaram nos fios de cabelo de Azriel, que fechou os olhos em resposta soltando um suspiro alto, como se não estivesse esperando por aquelas palavras.

— Onde... Onde você quer me tocar, Gwyneth? — A sacerdotisa notou uma leve dificuldade em formular a frase.

Então, ela se lembrou. Se lembrou que tinha tanto poder sobre o corpo de Azriel quanto ele tinha do dela, se lembrou de como ele parecia responder a qualquer simples movimento que ela fazia.

Ela queria explorá-lo, queria passar a mão no seu corpo da maneira que ele passava pelo dela. Queria venerar e adorar cada pedaço de músculo e carne que tinha ali.

Os dedos finos dedilharam a barra da túnica que ele vestia, Azriel a seguiu com os olhos, a boca entreaberta e a respiração cada vez mais pesada. Ela puxou o tecido pra cima, revelando o abdômen definido e amarronzado.

O illyriano ajeitou a postura, voltando a se sentar normalmente.

O Mestre-Espião puxou o restante da blusa, finalmente deixando todo seu torso amostra, as tatuagens que adornavam parte do braço e ombros brilhando contra os raios do sol que chegavam até a pele do encantador. Gwyneth sentiu o peito pesar, a excitação evidente se formando ali nos mamilos que começavam a enrijecer contra o tecido úmido de sua blusa.

A valquíria desceu os olhos por toda extensão do corpo de Azriel, tentando gravar cada mísero pedaço da sua pele.

Em um ato de coragem e talvez pura excitação, Gwyneth se ajoelhou, apoiando as mãos nos ombros de Azriel, pronta para passar uma perna do outro lado da coxa do encantador e sentar ali em seu colo, mas duas mãos grandes a seguraram antes que ela pudesse quebrar aquela distância.

— Gwyn...

Shh... — A sacerdotisa interrompeu, levando as próprias mãos até as de Azriel. — Me solte.

A respiração do encantador de sombras vacilou, mas ele a obedeceu, soltando suas mãos cuidadosamente, voltando-as para a grama debaixo deles. Ela segurou seus ombros e se sentou com cuidado naquele volume no meio das pernas dele.

Ambos deixaram escapar um ruído juntos quando sentiu os corpos colarem em uma fricção irresistível. Ela se permitiu acostumar com a sensação de tê-lo tão perto dela.

Quando abriu os olhos, Azriel a encarava, os olhos âmbares envoltos em um brilho tão potente, que ela sentiu que poderia cegá-la.

E aqueles olhos pareciam gritar que ele estava entregue á ela. De todas as maneiras possíveis.

A mão direita da sacerdotisa passou pelo pescoço do encantador, enquanto os olhos azul-mar seguia cada movimento que seus dedos faziam na pele de Azriel. Ela subiu até o rosto do encantador, passando o polegar de leve pela bochecha marcada e deslizando até os lábios entreabertos do Mestre-Espião.

Ela passeou com o dedo por ali, sentiu a pulsação na calça do encantador contra a sua intimidade. E quando os lábios de Azriel se envolveram ali em volta de seu dedo, chupando-o de leve, ela sentiu que poderia morrer com a pressão que se formou no meio de suas pernas.

— Você gosta de estar no controle, Gwyn? — Azriel sussurrou. — Gosta de me ver em baixo de você?

Caldeirão.

Ela não só gostava, como adorava.

Controle.

Ela estava no controle.

— Sim. — respondeu, voltando a descer a mão pelo pescoço de Azriel.

Ela passou os dedos pela sua garganta, Azriel fechou os olhos, engolindo em seco.

— E você? — perguntou, a voz arrastada e tentadora. Ela apertou o pescoço de Azriel de leve, fazendo com que ele soltasse um gemido rouco. — Você gosta quando estou no controle?

Ela deslizou a mão pelo peitoral de Azriel.

— Porra... — ele tombou a cabeça, apertando os olhos. Gwyn sentiu aquele volume endurecer ainda mais debaixo dela.

Seus dedos desceram para os gomos que se formavam em seu abdômen, sentindo cada músculo e pele que tinha ali. Outro grunhido baixo escapou dos lábios do encantador, fazendo com que ela inclinasse o corpo em direção ao seu ouvido, a mão ainda apoiada em seu abdômen.

— Você não vai me responder, Encantador? — sussurrou, passando a boca de leve entre o espaço do pescoço e da orelha.

— Sim, sim. — O corpo de Azriel remexeu de leve, enquanto ele respondia de imediato. — Gwyneth...

Gwyn se aventurou e depositou um beijo ali no seu pescoço, e continuou, deixando sua língua explorar toda a extensão, Azriel agarrou com força a grama que se acumulava em suas mãos.

Ela moveu os quadris, sentindo a sensação indescritível tomar conta de seu centro quando o pau de Azriel se esfregou contra ela. O encantador soltou gemido baixo, levando as mãos até o quadril de Gwyneth.

— Está tentando me matar? — Ele sussurrou em meio a respiração ofegante.

— Não... — respondeu Gwyn contra o pescoço do encantador. — Estou tentando aprender as coisas que eu posso fazer com você. As sensações que eu posso arrancar de você e de mim. O mesmo que você faz comigo.

— Você pode fazer o que quiser. — disse Azriel, aquele desejo estampado em seu rosto. — Me use, me teste, se apodere de mim, eu não me importo. Você pode fazer o que quiser.

Aquilo a pegou de surpresa. Ela não sabia que um dia veria um dos machos mais temidos de Prythian tão entregue a algo. Nunca imaginou que o veria praticamente se curvar a qualquer outra coisa que não fosse a sua Corte.

— Azriel...

— Você quer, não é? Me usar? — Ele sussurrou, olhando para seus olhos.

— O quê? — Sentiu sua respiração pesar.

— Me use para o seu alívio, Gwyneth. — Ele segurou mais o seu quadril, pressionando-a contra a calça que agora estava apertada demais para ele, ela gemeu em resposta. Azriel movimentou a cintura de Gwyn, fazendo com que ela se esfregasse contra o volume. — Desse jeito...

O encantador soltou o quadril de Gwyneth, deixando que ela continuasse os movimentos sozinha. Ele fechou os olhos, tombando a cabeça para trás e aquela cena fez com que algo se acendesse dentro dela.

A valquíria intensificou os movimentos, ficando as unhas na carne dos ombros do encantador, para que conseguisse continuar com o ritmo intenso.

Não conseguiu conter os gemidos, enquanto rebolava em cima de Azriel como se sua vida dependesse daquilo. A respiração do encantador ficava cada vez mais descompassada, se perdendo em meio aos grunhidos que ele deixava sair dos lábios.

A sensação nova e deliciosamente estranha fazia com que Gwyneth se perdesse em meio aquelas dezenas de choques prazerosos que ela recebia contra sua intimidade.

Grudou seus lábios nos de Azriel, sentindo um formigamento diferente em seu baixo-ventre, seu corpo tremeu e ela quase parou sem entender tudo aquilo que se acumulava ali onde seus corpos de colavam.

— Azriel... Acho...

— Continue, Gwyn. — Ele arfou, como se controlasse algo dentro dele. — Não pare agora.

— Me ajude. — pediu em meio a um choramingado. Sentindo a sensação ficar cada vez mais forte a cada segundo que se esfregava contra Azriel.

O encantador grunhiu antes de levar as mãos até o quadril de Gwyneth. Ele a beijou novamente, ajudando Gwyn com os movimentos, e ela achou que iria explodir agora que tudo estava mais rápido e mais forte, agora que ela sentia como se não tivesse nada atrapalhando ela de sentir Azriel por inteiro.

Mesmo com a boca ainda colada na de Azriel, seus gemidos aumentaram, seus músculos enrijeceram, os dedos do pé contraíram e um calor anormal subiu de sua intimidade até o centro de seu peito.

Ela nunca sentiu nada assim, e quando sentiu que poderia explodir, Azriel separou seus lábios, continuando no ritmo exato, sussurrando:

— Isso, Gwyn... — arfou. — Goze para mim, meu bem.

Seu corpo entrou em erupção.

Ela colapsou no colo de Azriel. Sentiu tudo tremer, enquanto aquele pico de prazer intenso se apropriava de todas as sua terminações nervosas. Um gemido longo, alto e arrastado saiu de sua boca, fazendo com que ela apoiasse a cabeça no peito do encantador, sentindo os espasmos musculares inundarem seu corpo.

Azriel a segurou firme, o queixo apoiado contra sua cabeça, a respiração ofegante e vacilante. Ele beijou o topo de sua cabeça, suas mãos fazendo um carinho leve em seus braços.

Então, aquilo era um orgasmo?

Quando se tocava a sensação era parecida mas bem menos intensa, aquilo quase a jogou em direção as estrelas e não parecia ter sido nada demais.

Deuses.... Ela sentiu suas bochechas queimarem quando notou o que tinha acontecido, como tinha acontecido e com quem.

O encantador pareceu notar o corpo antes relaxado da sacerdotisa, ficar completamente rígido. Pois se afastou de leve, fazendo com que ela enxergasse o rosto lindo por completo. Suas bochechas ficaram ainda mais vermelhas.

— Gwyn... Não precisa ficar envergonhada. — riu fraco, acariciando sua pele.

— Estou tentando. — respirou fundo.

— Estou falando sério. — Azriel sorriu.

— Eu sei... É só... É a primeira vez que algo assim acontece e eu ainda estou tentando assimilar tudo.

Ela saiu do colo de Azriel devagar, sentindo as pernas moles como gelatina. Seu corpo estava tão relaxado que ela jurou que se fechasse os olhos, poderia dormir.

— Se depender de mim podemos te acostumar com isso, fazer disso uma rotina, o que acha? — Ele riu fraco, beijando seus lábios com delicadeza.

Gwyn revirou os olhos se encostando na árvore, as bochechas agora ainda mais vermelhas. Azriel se levantou, suspirando e alongando as asas.

Gwyneth desceu os olhos para o volume na sua calça que ainda permanecia ali intacto e presente. Subiu os olhos para o rosto do encantador novamente.

Ele a encarava de volta. Notando o que ela reparava tão indiscretamente.

Ele respirou fundo, caminhando em direção a gruta onde ficava o lago subterrâneo.

— Azriel, o que está fazendo?

— Me dê um minuto.

Ele adentrou na caverna, desaparecendo de sua vista. Gwyn se endireitou, ainda sem entender o que ele iria fazer. Minutos depois ela escutou o som do corpo de Azriel batendo contra a água do lago.

Naquele momento, ela percebeu que, mesmo quando estava tentando fazer algo ser sobre Azriel, ele de alguma forma conseguiu virar o jogo e fazer aquilo ser sobre ela. Sobre o seu prazer apenas, sobre as suas descobertas e sobre o seu corpo.

E ela queria que ele sentisse aquilo também, que se aliviasse da mesma maneira que ela se aliviou.

Apesar de tudo, ela não deixou de sorrir, quando se deu conta de como ele tinha aberto mão de algo que provavelmente estava tão necessitado quanto ela, apenas para fazer com que ela se sentisse bem.

E quando Azriel reapareceu, molhado, com os cabelos pingando na frente do rosto e vestindo a camisa seca, tudo que ela quis foi abraçá-lo e agradecê-lo pela paciência, pelo carinho e pela dedicação.

Ela estava se moldando com a ajuda das mãos dele. E notou naquele momento, que ele tinha entrado na vida dela como se ele sempre estivesse ali, como se sempre havia pertencido ali. Como se o coração dela fosse fosse uma casa construída apenas para ele.

E era tudo que ela queria.

Que ele se sentisse em casa, da mesma maneira que ela se sentia quando estava envolvida pelo seus braços.



Eita, e um capítulo todinho de Gwynriel para vocês, mereço muito carinho depois dessa. Fala sério, dor, fofura e tesão tudo em só um capítulo! Delícia demais!

Acho que esse se tornou um dos meus capítulos favoritos no livro. E vocês o que acharam? Gostaram? Se sim já sabem né? Comentem bastante e deixa uma curtida que isso motiva demais a continuar.

Quero agradecer por todas as mensagens que venho recebendo, e de novo por todo o carinho que vocês vem me dando. Eu realmente não esperava que a fanfic seria lida por tantas pessoas e eu espero que vocês estejam gostando da jornada desses dois.

É isso, vejo vocês no próximo capítulo! Obrigada por tudo amores <3

PS: desculpa qualquer errinho.

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