Workaholic

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O escritório da empresa Hogwarts de Artigos Esportivos estava mergulhado em uma penumbra acolhedora, com apenas algumas luzes de mesa quebrando a escuridão. Pilhas de papéis, folhetos promocionais de rugby e críquete, e maquetes de campanhas publicitárias adornavam as mesas em um layout organizado, mas cheio de vida. A maioria dos funcionários já tinha ido embora, deixando um silêncio sólido e pesado que só era ocasionalmente quebrado pelo zumbido dos aparelhos de ar-condicionado e o clique suave de um teclado.

Neste cenário estava Harry Potter, sentado à sua mesa na ala de vendas, olhando fixamente para uma planilha aberta em seu computador. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, não apenas de cansaço mas também de alguma emoção não expressa. A gravata e o paletó já tinham sido retirados há horas e agora estavam jogados casualmente na cadeira ao lado. As mangas da sua camisa social estavam arregaçadas até os cotovelos, revelando um relógio prateado que mostrava que já passava das 22 horas.

Harry era um dos melhores no departamento de vendas. Desde que começou na empresa, ele tinha mostrado um talento especial para entender as necessidades dos clientes e criar pacotes de produtos esportivos que não só vendiam bem mas também criavam um vínculo duradouro com os compradores. Seu sucesso não passou despercebido; ele havia sido promovido duas vezes nos últimos três anos e estava agora responsável por algumas das contas mais importantes da empresa.

Seu celular vibrou em sua mesa, a tela iluminando brevemente para mostrar mensagens de Ron e Hermione, seus amigos de longa data, convidando-o para beber em um pub. As mensagens já tinham algumas horas, e ele não tinha respondido. Harry nem precisava fazer essa planilha agora; ela era para uma apresentação que só aconteceria na próxima semana. Mas o trabalho se tornou um refúgio conveniente, uma forma de evitar pensar no rompimento com Gina, sua ex-namorada e estrela ascendente do futebol feminino, que agora estava namorando um jogador de futebol famoso.

Com um suspiro profundo, Harry tentou se concentrar nos números à sua frente, mas sua mente continuava voltando para a tristeza que ele estava tentando evitar.

Harry olhou para a planilha mais uma vez e soltou um palavrão. "Chega", pensou. "Hora de ir para casa." Fechou o laptop com um clique audível e começou a recolher suas coisas: o paletó, a gravata, e sua mochila. Quando ele saiu para o corredor, notou uma luz vindo da direção do departamento de Marketing.

O corredor estava apenas parcialmente iluminado, as luzes do teto estabelecendo um padrão de sombras alternadas que se alongavam e se encurtavam no carpete cinza. Era um espaço comprido e estreito, ladeado por portas de escritórios de vidro fosco, cada uma com o nome e a função de seu ocupante gravados em placas douradas.

Foi neste ambiente sombrio que Harry viu a figura de Draco Malfoy emergir de seu escritório no departamento de Marketing. Draco estava impecavelmente vestido, como sempre, embora fosse evidente que ele também havia tido um dia longo e estressante. Sua camisa branca estava meticulosamente abotoada até o colarinho, mas ele já havia tirado o paletó e o colete, deixando-os em algum lugar em seu escritório. Seu cabelo loiro estava um pouco despenteado, um contraste raro à sua aparência geralmente polida.

Draco segurava uma pasta de couro com o logo da empresa estampado na capa, que ele trancou cuidadosamente em uma gaveta antes de sair. Ele fechou a porta de seu escritório, girando a maçaneta para confirmar que estava trancada, e começou a caminhar pelo corredor.

Ele andava com um ar de autoridade inconfundível, mesmo estando visivelmente exausto. Seus passos eram rápidos e determinados, ecoando no silêncio do edifício vazio. O brilho suave das lâmpadas fluorescentes acima lançava um brilho etéreo em seus olhos cinza-azulados, que varriam o ambiente à sua frente.

Foi quando Draco estava quase na metade do corredor que Harry decidiu segui-lo, impulsionado por um instinto travesso. Avançando silenciosamente, ele se aproximou, calculando o momento perfeito para surpreender seu rival. No entanto, Draco pareceu sentir algo, virando-se abruptamente, seu rosto endurecido e as mãos segurando um frasco de spray de pimenta como se fosse uma arma.

"O que você pensa que está fazendo, Potter?" Draco rosnou, o frasco de spray ainda apontado para Harry, sua expressão um misto de surpresa e desdém.

Harry levantou as mãos em sinal de rendição. "Relaxe, Malfoy. Era só uma brincadeira."

"Ser assustado por um colega de trabalho em um corredor escuro é a sua definição de 'relaxar'?" Draco retorquiu, claramente não achando a situação nem um pouco divertida.

Ambos continuaram discutindo, seus passos ressoando pelo corredor vazio enquanto caminhavam em direção ao elevador. O ar entre eles estava saturado de tensão, quase palpável.

"Sabe, Malfoy, com essa sua postura séria e rígida, você vai envelhecer antes do tempo. Vai acumular pés de galinha antes dos trinta," Harry provocou, um sorriso irônico se formando em seus lábios.

Draco olhou para Harry como se ele tivesse sugerido algo escandaloso. "Minha aparência está impecável, Potter. Ao contrário de você, que parece que foi atacado por um furacão cada vez que sai de casa. Você realmente não está em posição de dar dicas de beleza."

Harry riu, um som curto e sarcástico. "Os clientes parecem gostar do meu visual 'descontraído', se é que você me entende."

Draco levantou uma sobrancelha. "Descontraído? Isso é o que você chama? Eu apostaria que eles te acham hilário. Uma espécie de mascote desajeitado para a empresa."

Harry sentiu o calor subir pelo seu pescoço. "Melhor ser um mascote desajeitado do que um robô sem emoção."

Eles haviam chegado ao elevador. Draco, com um ar de irritação acentuada, passou seu crachá no painel ao lado da porta. Nada aconteceu. O painel estava completamente desligado.

"Veja só o que sua presença fez, Potter. Até a tecnologia não quer mais funcionar perto de você," Draco resmungou, claramente frustrado.

Harry tentou o mesmo, também sem sucesso. "Não, é que até os circuitos estão cansados da sua chatice," ele respondeu, olhando para o painel inerte.

Foi quando Draco consultou seu celular e percebeu a data. "É um feriado amanhã. O zelador deve ter saído mais cedo e desligado tudo. Inclusive este maldito elevador."

Harry revirou os olhos, pensando em quão irônico era o universo. "Claro, claro que eu ficaria preso aqui. E com Draco Malfoy, ainda por cima. Só o que me faltava."

Draco se virou para ele, cruzando os braços. "Oh, pare de fazer drama, Potter. É meia-noite, mas certamente alguém pode nos resgatar. Você tem amigos, não é?"

"Amigos que já devem estar bebendo em algum pub e que, honestamente, não preciso incomodar à meia-noite com um resgate de escritório," Harry respondeu. "Não me importo de dormir aqui, e não seria a primeira vez."

Draco parecia desconfortável com a sugestão. "Dormir aqui? No escritório?"

Harry riu. "O que foi? Vossa Majestade Malfoy não consegue dormir sem seus travesseiros de plumas de ganso e cobertores de seda?"

"Eu já dormi neste escritório, se é que você realmente quer saber," Draco retrucou, visivelmente irritado. "E, ao contrário de você, não faço alarde dos meus 'feitos' como se fossem motivo para celebração."

Harry se surpreendeu com a resposta. "Nossa, o Príncipe do Marketing já se deitou no vasto reino de cubículos e impressoras? Estou verdadeiramente impressionado. Devo estar sonhando."

Ignorando a zombaria, Draco suspirou. "Se é para ficar, que fique. Eu também vou. Mas tenha em mente que assim que o relógio marcar um horário socialmente aceitável, ligarei para o zelador para nos tirar dessa."

"Perfeito, pelo menos concordamos em algo," Harry respondeu. "Mas, se eu ouvir você reclamando das acomodações aqui, vou te lembrar que foi uma decisão mútua."

"Lembro-me muito bem de todas as minhas decisões, Potter, especialmente das que quase instantaneamente lamento," Draco finalizou, pegando sua maleta e caminhando em direção ao seu próprio escritório.

Harry não pôde evitar um sorriso. Por alguma razão, a ideia de passar a noite preso no escritório não parecia mais tão ruim.

E com essa relutante trégua, ambos se dirigiram para seus respectivos escritórios, cada um se acomodando como podia para a noite inusitada que os esperava.


Harry se ajeitou em uma cadeira de escritório menos desconfortável, mas logo percebeu o roncar suave de seu estômago. Ainda que não fosse o melhor momento para um lanche, sua fome implorava por atenção. Ele se levantou e caminhou em direção à cozinha, uma sala pequena mas bem equipada localizada no mesmo andar. Luzes suaves iluminavam bancadas de granito, onde descansavam cafeteiras de última geração e uma variedade de máquinas de snacks. O ambiente cheirava a café e algo mais — chá, talvez.

Ao entrar, notou Draco de pé junto à bancada, mergulhado em um relatório e tomando um chá. Uma pequena pilha de biscoitos estava ao lado da xícara.

"Você consegue ser ainda mais workaholic do que eu," Harry comentou, indo até uma das máquinas de lanches. "Relaxa um pouco, amanhã é feriado."

"Eu relaxo trabalhando, Potter," Draco respondeu, não tirando os olhos do relatório. "Além disso, o feriado só significa que vou passar o dia inteiro dormindo e na companhia de Bob."

Harry sentiu uma pontada de curiosidade misturada com um inexplicável sentimento de irritação. "Bob? É seu namorado?"

Draco soltou uma risada de desdém. "Bob é meu gato."

"Ahh, um gato chamado Bob. Claro, faz sentido," Harry brincou, embora sentisse um estranho alívio em saber que Draco parecia não ter um parceiro.

Draco, por sua vez, resolveu inquirir. "E você, Potter? Vai passar o feriado jogando futebol com sua namorada, a famosa Gina?"

Harry hesitou por um momento antes de responder. "Nós terminamos."

"Ah, eu sinto muito," Draco disse, um tom raro de sinceridade tingindo sua voz. Ele deu um gole em seu chá, como se o líquido quente pudesse dissipar o desconforto do momento.

Draco e Harry terminaram de preparar suas bebidas e se acomodaram em lados opostos da cozinha. Um silêncio desconfortável preencheu o ar até que Draco, incomum para ele, resolveu rompê-lo.

"Gina está cometendo um erro," ele disse, pousando sua xícara de chá na bancada.

Harry franziu a testa, desconfiado. "Desde quando você se importa com meus relacionamentos, Malfoy?"

"Não me importo. É uma observação."

"Ah, uma observação. Claro," Harry respondeu, mordendo um biscoito. "Para sua informação, o trabalho foi um dos principais motivos do término."

"A razão para o término foi também a razão para o início, eu imagino?" Draco indagou, curioso.

"Na verdade, sim," Harry confirmou. "Eu era o vendedor responsável pela negociação dos equipamentos esportivos para o time de Gina. E, bem, um negócio se transformou em outro tipo de... negócio. O fato de ela ser irmã do Rony também ajudou."

Draco quase engasgou com seu chá, surpreso. "Gina, a estrela de futebol, é irmã do nosso 'querido' Ronald Weasley do Contábil?"

Harry riu. "Sim, eu sei. É difícil de acreditar que eles sejam da mesma família."

Draco não conseguiu conter uma risada. "Ah, isso é hilário. Muito hilário."

"É melhor você parar de rir antes que eu me sinta ofendido," Harry advertiu, mas um sorriso se formava em seus lábios também.

"Não, eu estava apenas imaginando o Ron tentando jogar futebol," Draco disse, balançando a cabeça em diversão.

Harry riu mais abertamente desta vez. "Acredite, não é um espetáculo que você gostaria de ver."

Draco olhou pensativo para Harry. "Então, você está dizendo que sua dedicação ao trabalho foi o que levou ao fim do seu relacionamento com Gina?"

Harry assentiu. "Basicamente, sim. Eu estava tão focado em fechar negócios e garantir contratos que deixei o nosso relacionamento em segundo plano."

Draco fez uma pausa antes de falar, "Compreensível. Eu também gasto mais horas no escritório do que em qualquer outro lugar. Minha vida social é... bem, quase inexistente."

"É, eu já percebi isso. Só nunca imaginei que você admitiria," Harry disse, mordiscando outro biscoito, ignorando o olhar irritado que Draco o lançou.

Harry prosseguiu: "De qualquer forma, ela já está com outro cara agora. Um jogador famoso do Manchester United, um tal de Jack... alguma coisa."

"Ah, Jack! Ele é bastante conhecido, na verdade. E também muito bem-apessoado," Draco comentou, saboreando um gole de seu chá.

Harry sentiu uma onda súbita de irritação que não conseguia inteiramente compreender. "Ah, então você acha o tal de Jack atraente, é isso?" A surpresa foi evidente em sua voz, tingida por um inesperado tom de amargura.

"Jack é uma figura pública; é inevitável que as pessoas comentem sobre sua aparência," Draco replicou, tomando mais um gole de chá. "Quanto a Gina, parece que ela tem um bom gosto."

O olhar de Harry endureceu, como se o comentário de Draco o tivesse afetado mais profundamente do que simplesmente o fato de Gina estar com outro homem. "E você? Com todo esse compromisso com o trabalho, deve haver alguém à sua espera em casa, certo?" desafiou Harry.

Captando a mudança de tom, Draco travou contato visual com Harry. "Na verdade, não," ele respondeu, corando ligeiramente. "Minha vida amorosa é tão empolgante quanto um arquivo de PowerPoint. Em outras palavras, não tenho uma lista extensa de relacionamentos passados, ao contrário de você, Potter."

Harry soltou uma risada. "Então você está sugerindo que eu sou um conquistador?"

Draco ergueu uma sobrancelha. "Não estou sugerindo, estou afirmando. Você é, afinal, um sujeito atraente e carismático," disse ele, embora seu tom irônico fosse inegável.

"Ah, veja só, Malfoy acha que eu sou atraente," Harry respondeu, brincalhão.

Draco revirou os olhos. "Não torne isso mais difícil do que já é, Potter."

"Relaxa, estou só brincando," Harry respondeu, embora algo em sua expressão tivesse mudado, como se uma nova compreensão estivesse se formando entre eles.

Harry, percebendo que a conversa tinha mudado de tom, decidiu dar um passo mais ousado. "Sabe, Malfoy, você também não é exatamente desagradável aos olhos. Quem sabe não encontraria alguém?"

Draco estudou Harry com um olhar cauteloso. "Então sou atraente só na questão de aparência, é isso?"

Harry soltou um riso leve. "Na pesquisa anual não-oficial para 'O Cara Mais Bonito da Empresa', você sempre ganha. E eu tenho que admitir, até votei em você uma vez."

Draco arqueou uma sobrancelha, visivelmente surpreso. "Existe tal pesquisa? E você votou em mim?"

"Sim, existe, e sim, eu fiz isso," confirmou Harry. "Mas, infelizmente, sua personalidade, hm, forte, parece afastar as pessoas."

Emburrado, Draco respondeu: "Minha personalidade é perfeitamente apreciável, obrigado."

Harry riu mais uma vez. "Talvez para o seu gato Bob. Você é incrivelmente rígido quando se trata de trabalho. Você mal se permite relaxar, raramente sai para beber com os funcionários, e nem me fale sobre as festas de aniversário de alguém da empresa que você sempre 'convenientemente' evita."

Draco olhou para Harry, considerando suas palavras. "Talvez você tenha razão, Potter. Mas cada um tem suas formas de relaxar e encontrar prazer no que faz. Para mim, o trabalho é uma delas."

Harry assentiu, refletindo sobre como Draco era tão diferente e, ainda assim, estranhamente semelhante a ele em certos aspectos. "Bom, quem sabe um dia você encontre algo ou alguém que o faça querer sair do escritório um pouco mais cedo, hm?"

Draco sorriu, um raro sorriso genuíno que fez Harry se perguntar o que mais ele ainda não sabia sobre Draco Malfoy. "Quem sabe, Potter? Quem sabe?"

Os dois permaneceram ali, saboreando suas refeições e bebidas em um silêncio que agora se mostrava agradavelmente confortável.

Percebendo que havia passado mais tempo na cozinha do que inicialmente pretendia, Harry se levantou. "Acho que já é hora de eu ir. Boa noite, Malfoy."

Draco fez uma pausa e olhou para Harry. "Se eu soubesse dessa pesquisa não-oficial, teria votado em você, Potter."

Harry, surpreso, observou o rubor surgindo nas bochechas de Draco. Ele sentiu seu coração acelerar e não pôde deixar de perguntar: "Você me acha de fato atraente então, é isso?"

Parecendo entrar em pânico, Draco começou a arrumar suas coisas apressadamente. No meio do nervosismo, ele derrubou seu relatório e a xícara de chá. Harry rapidamente se aproximou, tentando ajudar a recolher os papéis molhados.

"Eu perguntei se você me acha atraente, Draco. É uma pergunta simples," disse Harry, olhando diretamente nos olhos de Draco.

Draco parou, olhando para Harry como se estivesse em um dilema interno. "Isso é realmente necessário, Potter? Você já sabe que é atraente. Tem esse sorriso encantador, é paciente com todo mundo, um verdadeiro herói. Então, sim, é óbvio que eu, como qualquer outra pessoa nesta Terra, estaria sujeito ao seu charme e provavelmente acabaria me apaixonando por você!"

Ao terminar sua frase, Draco pareceu congelar, percebendo que havia dito mais do que pretendia. Seu rosto adquiriu um tom de vermelho que Harry jamais tinha visto.

Harry, agora também visivelmente corado, disse suavemente: "Bem, se é tão óbvio assim, talvez você deva considerar que eu também posso ser sujeito ao seu charme, Malfoy."

O silêncio entre eles era palpável, cada um processando as revelações e as emoções que acabavam de ser postas à mesa.

Draco foi o primeiro a quebrar o silêncio. "O que estamos fazendo, Potter?"

Harry sorriu, aquele sorriso que Draco havia descrito como 'encantador'. "Estamos fazendo algo que talvez devêssemos ter feito há algum tempo," disse ele, suas palavras tingidas de uma nova certeza.

"O que seria?" Draco perguntou timidamente, seu rosto tingido de um rosa suave que apenas acentuava sua aparência.

Em vez de responder verbalmente, Harry deu um passo cauteloso em direção a Draco, suas mãos tremendo ligeiramente. Quando chegou perto o suficiente, ele se inclinou e capturou os lábios de Draco em um beijo.

Foi um beijo inicialmente suave, como se Harry estivesse testando território desconhecido. Os lábios de Draco eram suaves, quase aveludados, e o sabor do chá que ele tinha bebido ainda permanecia. A hesitação de Draco durou apenas um momento antes de seus lábios responderem com uma urgência repentina e desesperada. Ele levou suas mãos ao cabelo de Harry, puxando-o para mais perto, como se quisesse fundir suas almas.

Harry sentiu um calor espalhando-se por seu peito, um calor que ele nunca soube que estava faltando até este momento. Seu coração batia a mil, como se quisesse escapar e se unir ao ritmo igualmente frenético do coração de Draco. E então ele percebeu — ele queria isso; ele queria provar o sabor dos lábios de Draco, queria sentir o calor de seu corpo, queria perder-se na complexidade de suas emoções.

Quando finalmente se separaram por necessidade de ar, ambos estavam respirando pesadamente, seus olhos se encontrando em uma mistura de assombro e compreensão.

"Isso é o que eu quis dizer," disse Harry, sua voz embargada de emoção.

Draco, com um ar deliberadamente confuso, inclinou a cabeça para o lado. "Ah, é? Você sabe, esse é um de seus defeitos, Potter. Você não é muito bom em ser explicativo," ele desafiou, um brilho travesso nos olhos.

Harry riu suavemente. "Bem, sempre estou disponível para esclarecer qualquer dúvida que você possa ter," disse, e antes que Draco pudesse responder, Harry o puxou para um segundo beijo.

Diferente do primeiro, este beijo estava carregado de uma energia diferente — mais sensual, repleto de um desejo há muito reprimido. Os lábios de Harry se moveram com mais propriedade desta vez, suas mãos encontrando o caminho para a nuca de Draco, dedos entrelaçando-se nos fios loiros. Draco respondeu com igual fervor, suas próprias mãos deslizando pelas costas de Harry, como se estivesse mapeando um território até então desconhecido, mas profundamente desejado.

O espaço entre eles parecia estar carregado de eletricidade, cada toque enviando faíscas que incendiavam mais e mais o ambiente já aquecido. As mãos de Draco subiram para o peito de Harry, sentindo o calor através do tecido de sua camisa, enquanto as mãos de Harry deslizaram para a cintura de Draco, puxando-o para ainda mais perto.

Ambos começaram a explorar, dedos dançando sobre a pele e tecido, cada toque uma afirmação, cada suspiro um testemunho de um desejo crescente que nenhum deles poderia mais ignorar.

Quando o beijo finalmente terminou, não foi por falta de vontade, mas sim pela necessidade de respirar. Eles se separaram apenas o suficiente para recuperar o fôlego, olhares intensos e respirações ofegantes preenchendo o silêncio.

Harry falou primeiro, sua voz rouca. "Acho que isso foi claro o suficiente."

"Incrivelmente claro, Potter. Incrivelmente claro," disse Draco, sua voz também tingida de uma qualidade emocional. Ele pausou, seus olhos cintilando sob o brilho suave das luzes da cozinha. "Você sabe, tenho um sofá no meu escritório na área de marketing. Um sofá que vira uma cama," acrescentou, o timbre de sua voz sugerindo uma proposta não dita.

Draco se virou e começou a andar na direção de seu escritório, cada passo uma conjuração silenciosa que puxava Harry atrás dele. O movimento de Draco era sinuoso e deliberado, como se ele fosse algum tipo de ser encantador deslizando através de um mar invisível. Harry o seguiu como um predador atrás de uma presa irresistível, cada célula de seu corpo gritando que ele estava exatamente onde deveria estar.

Ao chegarem no escritório de Draco, Harry notou o ambiente cuidadosamente projetado. Paredes em tons suaves de cinza, com acentos em prata e verde. Uma estante repleta de livros e pasta de documentos, e claro, um sofá de couro preto elegante no canto.

"Observe," disse Draco, pressionando um botão escondido sob o braço do sofá. Mecanicamente, o móvel começou a se transformar, estendendo-se e dobrando-se até se tornar uma cama confortável.

"Isso é incrível! Por que meu departamento não tem algo assim?" Harry não pôde evitar um tom de inveja.

"São os privilégios de trabalhar sob a supervisão de Snape," Draco revelou, com um sorriso satisfeito.

Harry sentiu um estranho aperto no peito, puxando Draco para si. "Ele te deu cobertores de seda e travesseiros de plumas de ganso também?"

"Por que você não vem aqui e avalia você mesmo?" Draco sugeriu. Seus lábios encontraram os de Harry novamente, mas desta vez, ele foi puxando Harry lentamente em direção à cama recém-transformada.

Com um movimento fluente, Draco pressionou um controle remoto, e a luz do escritório diminuiu, mergulhando o espaço em um brilho suave e dourado. Ele deu um passo atrás, puxando Harry com ele até que ambos estivessem sobre o sofá-cama, agora revelado em sua totalidade — e sim, coberto com lençóis que tinham a suavidade da seda e travesseiros que, se não eram de plumas de ganso, eram igualmente luxuosos.

Harry olhou para baixo, para Draco, e nesse momento, todas as dúvidas, todos os questionamentos, pareceram pequenos e distantes. Aqui e agora, tudo o que importava era esse homem e o espaço que haviam criado juntos — um espaço de desejo, de reconhecimento, e, quem sabe, de algo que só o tempo poderia revelar.


Ao amanhecer, os primeiros raios de luz se infiltravam pelas persianas do escritório, lançando sombras delicadas sobre o sofá-cama onde Harry e Draco estavam deitados, entrelaçados em uma intimidade recém-descoberta. Os dois estavam nus sob os lençóis, uma prova muda do que havia acontecido entre eles naquela noite.

"Isso parece um sonho," murmurou Draco, sua voz tingida de incredulidade. "Nunca pensei que teria uma chance com você."

Harry riu suavemente. "Isso é difícil de acreditar. Como eu disse, você é, de longe, o cara mais bonito da empresa."

Draco corou, então hesitou. "Eu não tinha certeza sobre sua orientação sexual. Até agora, eu só sabia que você tinha namorado mulheres."

"Isso não é inteiramente verdade," admitiu Harry. "Eu tive um caso com o famoso jogador de rugby, Viktor Krum, e também com Cedric Diggory do departamento de Recursos Humanos."

Draco ficou visivelmente surpreso, talvez até um pouco receoso. "Isso é... inesperado. E eu, bem, não tenho tanta experiência em romances."

Harry soltou um sorriso caloroso, trazendo Draco para um abraço mais íntimo. "Não se preocupe, estou acostumado a ser um mentor. Sou o responsável pelo treinamento dos estagiários do meu departamento, afinal."

Draco olhou para ele com um ar intrigado, um sorriso malicioso se formando em seus lábios. "E o treinamento inclui coisas como... a noite passada?"

Harry riu, seus olhos brilhando com um misto de afeição e divertimento. "Ah, aquele é um curso especial que eu estava reservando só para você."

Os dois não conseguiam conter o riso, dissipando qualquer vestígio de tensão que ainda pairava entre eles. Naturalmente, suas bocas se aproximaram para outro beijo apaixonado, uma promessa silenciosa de muitos "treinamentos especiais" a vir. Absortos em sua própria bolha, não perceberam a batida estridente que ressoou na porta.

Com um estalido suave, a porta se abriu abruptamente. O zelador entrou primeiro, suas sobrancelhas elevando-se em um misto de espanto e diversão que transicionou rapidamente de um para o outro. Atrás dele, Ron e Hermione pareciam igualmente chocados, mas significativamente mais preocupados.

"Senhores, o que está acontecendo aqui?" O zelador não conseguiu esconder um sorriso maroto, como se tivesse tropeçado em um segredo delicioso.

"Harry, nós estávamos preocupados com você! Você não estava atendendo suas ligações e percebemos que você não havia voltado para casa," disse Hermione, fazendo um esforço quase sobre-humano para evitar olhar diretamente para os dois. Ron, ao lado dela, parecia uma escultura petrificada, sua boca aberta em um misto de choque e incredulidade, como se tivesse sido surpreendido no meio de um grito e agora estivesse completamente sem palavras para expressar seu espanto.

Harry e Draco trocaram olhares cúmplices, e então, como se um interruptor tivesse sido acionado, ambos começaram a rir de novo. Ficou evidente que a dinâmica no escritório jamais seria a mesma dali em diante. E, de alguma forma estranha e maravilhosa, ambos estavam plenamente conscientes de que era exatamente assim que deveria ser.

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