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Que a primavera é a mãe carinhosa e amorosa das mais belas flores e que cada estrela tem o seu próprio rastro de calor, eram verdades que a pequena Susana sentia, de alguma forma ou de outra, no seu pequeno e acomedido coração de suave inspiração palpitante, lúcida e inocente.

Hoje em dia, ninguém sabe com certeza como foi que ela desapareceu. Alguns vizinhos naquela região costeira, tão rica em horizontes sonhadores, essências de vida mística e recifes de coral onde aquela garota pequena de olhos brilhantes e cabelos crespos e escuros, vivia, têm vindo a dizer alguma que outra coisa para explicar o que realmente ocurreu com ela.

Eles têm vindo a dizer, por exemplo, e sempre em tom de "Escuta o que se diz entre os vizinhos", que o senhor Rodrigo Buenaventura, é dizer, o pai da pequena garota de grande ternura e de olhos de lua sonhadora, vendeu-la um dia. Sim, vendeu-la e ela foi comprada por um contrabandista. Um traficante daqueles que tendem a procurar produtos novos e suntuosos ao redor do mundo. Também têm vindo a dizer, sempre naquele tom de "Escuta o que se diz entre os vizinhos", que ele, a saber, o pai daquela linda garota, abusava sexualmente dela durante o despertar de cada manhã comum ou misteriosa, nas horas quentes e letárgicas da tarde e baixo as misticidades incertas e nebulosas que acontecem como sombras hipnóticas baixo as estrelas. Que certa noite, frente ao olhar expectante e pavoroso de uma lua prateada, ele se excedeu, tanto no estupro como no espancamento que lhe dava a sua pequena, e a acabou matando em um piscar de olhos. Diz-se que, em seguida, ele passou a enterrá-la em algum lugar na praia, sob a doce melodia polifônica de algumas brisas que queriam se tornar na roupa da lua e no vôo incessante de algumas poucas gaivotas apaixonadas pela magia do mar.

Claro, só Rodrigo Buenaventura poderia nos dar alguma pista, mais ou menos correcta, sobre o que realmente aconteceu aquela sinistra, pérfida e opaca tarde na qual Susana desapareceu como por arte de um terrível e misterioso ato mágico. Uma pista que nos possa ajudar a investigar a forma como os acontecimentos se desdobraram. Uns acontecimentos, com certeza, obscuros, inquietantes e cobertos com a essência seminal e insuspeita do mistério.

Aquele dia, o céu estava todo cheio de chuva e parecia se zombar do mesmo passo do tempo. Quando o Rodrigo chegou de trabalhar como de costume, encontrou sobre a mesa principal da sua casa uma nota onde a pequena Susana dava razões do seu paradeiro. Esse era um ato comum nelA. Às vezes, a pequena Susana deixava notas para o seu pai que diziam: "Fui comprar pão no povo", ou "Estarei desenhando na areia da praia". No entanto, a nota fatídica que nesses momentos o Rodrigo mantinha com olhos impassíveis entre as suas mãos, dizia, simplesmente: "Pai, me fui a seguir a voz do horizonte".

Nesse mesmo instante, o Rodrigo saiu a procurar a sua querida filha, a única companhia que tinha em casa desde que a sua esposa, é dizer, a mãe da pequena Susana, morreu alguns anos atrás. Sim, ele saiu a procurar a sua pequena, que era a luz e a razão última do seu ser. Saiu a procurá-la sob uma chuva arrítmica que encharcava os seus pensamentos e umedecia todas as essências do seu coração, quando na distância ele a viu, lamentavelmente quando uma onda furtiva se a levou depois da sua forte batida na praia e depois de regressar, inclemente, ao oceano. Uma onda de agressiva força que só deixou uma opacidade de tamanho imponderável no aflito e despedaçado coração do Rodrigo.

Desde então, todos os atrades, com o chilrear das cigarras sobre a alma, se coloca em pé frente ao mar para ouvir a mistacidade enigmática do vento, com o seu taciturno e triste olhar, e a única certeza de que os sonhos da sua pequena estarão desenhando caminhos sempre no fundo mais insuspeitado do oceano. Sim, desenhando caminhos infinitos no fundo do oceano, da mesma forma em que as gaivotas voam cada dia sobre ele enquanto jogam em um enorme céu aberto a uma esperança sem limites nem cores, e com uma beleza incansável e perene que, por algum motivo desconhecido, muitas vezes esconde certo aspecto de inocência angelical.

Alguns anos após a desaparição de Susana, Don Rodrigo Buenaventura morreu durante uma tarde cinzenta. Ele morreu de dor e angústia. Morreu com o coração cheio de tristeza.

E quando por fim passaram 14 anos desde a misteriosa e absurda desaparição daquela bela e inocente garota daquela cidade costeira tão rica em recifes de coral, e de muitos encontros fortuitos e inesperados com a ausência da vida dentro do destino, ela apareceu com mais de 20 anos de idade em um trem, com um vestido vermelho e sem saber ou ter a menor idéia de quem era exatamente. Sem ter a menor idéia do que estava por vir.

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