Capitulo 5 - Problemas

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Os seus olhos azuis observaram as chamas. O brilho, o calor e o perigo. Com o corpo a tremer, Kennedy levou a mão ao cabelo castanho e limpou algumas gotas de suor que percorriam a sua delicada face. Vestia poucas roupas – apenas um polo com capuz preto e leggins – o seu corpo parecia ir cair a qualquer momento. Ela já podia ouvir as sirenes do FBI na rua atrás dela. Ken, ou Kenny como a sua avó a chamava, atirou o garrafão de gasolina para as chamas, o que aumentou terrivelmente o pequeno incêndio, ou como ela lhe chamava:

Pequena vingança.

A sua respiração estava completamente descontrolada e os seus pulmões pareciam estar prestes a explodir. Mas ela tinha de correr, agora o seu "aviso" estava feito. Nas próximas semanas não falariam de outra coisa. O FBI tentaria mais uma vez descobrir a identidade da "garota psicopata". Iriam procurar as gravações das camaras mais próximas ao local do incidente, mas mais uma vez eles não iriam descobrir nada. Ela planejara este golpe há muito tempo e calculara todos os problemas possíveis, e, caso falhasse, teria sempre um plano B, e se esse falhesse, teria o C.

A garota de olhos azuis começou a correr, colocando o capuz preto e escondendo-se nas sombras. Algumas horas depois em todos os noticiários dos Estados Unidos as apresentadoras com a maquilhagem demasiado carregada anunciariam "Neste sábado, dia um de Dezembro por volta da meia-noite foi queimada a bandeira dos Estados Unidos em frente à casa branca, em Washington. As autoridades não pararam até descobrir o autor deste ato, por enquanto, mantenham-se calmos."

Como podiam os americanos estarem calmos depois de tal ato? Bem, ela só esperava que o Presidente percebesse que ela não estava a brincar.

Kennedy acordou com a respiração descompassada e com o corpo envolto em suor. É difícil respirar quando os pesadelos do passado nos invadem. Fechou os olhos por alguns minutos e quando os abriu ficou a encarar o teto em silêncio. Respirou novamente tentando acalmar-se e depois levantou-se da cama suja e já muito usada. Foi descalça até uma minúscula casa de banho e encarou o seu reflexo no espelho que estava à entrada. Os seus olhos azuis estavam marcadas por profundas olheiras, nos seus lábios vermelhos estava um pequeno corte no lábio inferior do canto esquerdo. O seu traje preto estranho marcava as suas curvas. O V estava ligeiramente iluminado por uma luz azulada. Os seus cabelos castanhos estavam completamente desalinhados. Ela baixou o olhar para o chão e mordeu o lábio. Sentiu a garganta arder e a sua mente ficou completamente em preto por uns segundos. As horas que dormira foram poucas e a confusão daquilo tudo deixava-a louca.

Assim como Dominik, ela também não se lembrava como tinha ido parar ali. Na sua mente existiam apenas algumas pequenas lembranças dos dias anteriores.

Ela não podia pensar com claridade, aquilo era como um beco sem saída. Manhattan, ela lembrava-se de ter ido ali com a avó Nana, embora nunca tivesse sabido grande coisa sobre ela. Agora estava tudo um caos, os grandes edifícios estavam destruídos como se tivessem sofrido as terríveis consequências de uma devastadora guerra.

Mas ela não podia dar-se ao luxo de relembrar-se do passado, ela tinha apenas de pensar em como sair dali, isto é, se houvesse alguma saída.

Começou a andar de volta ao pequeno quarto mas o seu corpo imobilizou-se assim que ouviu um disparo. Ela não tinha a certeza, mas parecia mesmo um disparo. Aproximou-se até a janela com cuidado e tentou espreitar lá para fora.

Nada, apenas o alcatrão destroçado coberto de terra e de pedaços de vidros partidos. E foi então que ouvi a madeira velha ranger, alguém se aproximava.

Pensou nas suas hipóteses. A pessoa podia ser uma vítima, apenas uma sobrevivente, ou podia ser, o mais provável, uma pessoa perigosa. Apenas havia uma saída e com certeza que a pessoa que estava lá fora a iria ver se ela saísse. Então pensou, podia ficar ali e esconder-se como uma menina assustada, ou podia ser a Kennedy do passado, procurar alguma coisa com o que pudesse defender-se e apanhar a outra pessoa de surpresa.

***

Dominik Darwin continuou a andar até chegar a um edifício alto que antes fora muito luxuoso. Sentia como os seus pulmões ardiam após ter andado mais de duas horas. Ele sentia falta de um cigarro, mas sabia que seria difícil encontrar um por ali perto, e para além disso a comida era mais importante. Continuou a andar mas agora com um ritmo mais lento. No meio do alcatrão cheio de terra estava uma placa branca retangular caída no chão que indicava com letras pretas "Centro de Manhattan". Ele sentiu que as suas pernas tremulas não iriam aguentar muito mais. Sentou-se numa grande pedra – o resto do escombro de um edifício. Respirou fundo algumas vezes e tentou não entrar em pânico. A dor de cabeça ainda estava lá mas a sensação de falta de comida era mais intensa. O loiro humedeceu os lábios e a seguir olhou em volta. Todos os edifícios pareciam iguais, apenas se distinguiam pelo facto de uns estarem mais desfeitos que outros. Levantou-se e entrou no edifício alto que estava à sua frente. A porta estava no chão, a madeira partida e os vidros de decoração completamente estilhaçados. Esperou e pôs-se à escuta. Nada.

Deu um passo, e a seguir outro. Subiu as escadas até encontrar uma porta, que estava entreaberta e entrou. Não se deu ao trabalho de verificar as divisões do apartamento e foi diretamente até a cozinha. O seu estomago pedia comida e se não ingerisse algo em breve, iria ficar a um passo da morte. Abriu os armários de desenho caro e chique procurando algo que estivesse pelo menos dentro do prazo de consumição. Mas nada, não havia nada. Apenas umas embalagens quase no fim mas o cheiro a mofo enjoou-o de tal maneira que pensou que iria vomitar.

Saiu do apartamento e subiu mais escadas, foi até uma porta que estava fechada e sem sequer pensar deu-lhe um pontapé e esta caiu no chão fazendo barulho e poeira. Procurou a cozinha e revistou todos os armários. Num deles, bem ao fundo estava uma lata que dizia "Congeladinhos" numa letra infantil azul. Tirou a lata. Marisco. Mas calculou que já não estava bom. Mas para sua surpresa quando a abriu o cheiro parecia bom e o aspeto do marisco parecia comestível. Nem pensou em prato, virou a lata e em menos de um minuto esvaziou-a. Procurou mais latas e encontrou outras duas, fez a mesma coisa, abriu e comeu ferozmente. Depois disso Dom sentia-se melhor. Procurou mais alguma coisa mas já não havia nada. Preparou-se para sair, mas mal abriu ligeiramente a porta viu a sombra de uma pessoa a subir as escadas.

***

Kennedy ficou imóvel atras da porta da cozinha agarrando com cuidado o vidro partido. A porta foi-se abrindo pouco a pouco e um homem de estatura média começou a entrar. Tinha o cabelo preto e parecia ter óculos. Ken preparou-se para atacar.

Agora!

Ela saiu do seu esconderijo e saltou para cima do homem, tentou calcular onde devia apontar. Se apontasse para o coração morreria em questão de alguns minutos, mas ela pensou que era melhor não. Podia ser um sobrevivente.

Kennedy apontou um pouco mais abaixo dos pulmões. Mal ela enfiou o vidro partido no corpo, ele gritou. Ela não saiu de cima dele. Olhou para ele, a sua face estava pálida e os óculos tortos. Tinha olhos castanho-escuros. Mas o que lhe chamou a atenção foi o fato. Ele também vestia o mesmo fato preto que ela. Kennedy tirou o vidro do corpo do homem e afastou-se apenas uns centímetros dele. Tinha-lhe feito uma bela ferida, dolorosa e profunda, sem dúvida. Mas com tratamento adequado sobreviria. A sua cara transmitia dor e pânico. Ela tirou o vidro e ele gemeu de dor. Ken apontou o vidro cheio de sangue à cara dele.

— Quem és?

Ele não respondeu de imediato, contraiu-se com a dor e depois humedeceu os lábios.

— Ca-calma. — gaguejou ele.

— Quem és? — perguntou Ken de novo, sem paciência.

Aproximou mais o vidro à cara do homem mostrando que não estava a brincar.

— Chamo-me Chim. Po-por favor não... — a voz dele parecia fraca.

— Cala-te! Que raio de nome é esse?

— Por fa-favor não...

— Escuta aqui. Eu não sei quem tu és nem o que queres mas deixa-me em paz.

— Tu não en-entendes. — murmurou ele. — Kennedy...

Ela ficou em choque por uns segundos, completamente sem reação.

— Es-escuta Kennedy. — ele tossiu e fechou os olhos expressando a dor — Eu po-posso ajudar-te.

— Eu não sei como caralho sabes o meu nome mas tu não podes ajudar-me.

Ela levantou-se e examinou-o. O que era suposto fazer? Deixa-lo morrer ali?

— Ajuda-me, po-por favor. — choramingou ele.

— Para quê? Não vou arriscar ajudar-te para te facilitar matar-me.

— Não! Kennedy...

Cada vez que aquele homem – um estranho para ela – pronunciava o seu nome, o seu corpo parecia que congelava.

— Eu po-posso ajudar-te.

Quando ela ia responder que se não se calasse lhe ia enfiar o vidro outra vez ele disse:

— Po-podemos sair daqui, Kennedy.

Ela tentou não parecer chocada. Bufou e aproximou-se novamente dele.

— Como? Como se sai de uma cidade cheia de assassinos sem morrer?

— Che-cheia de assassinos? — Chim riu e olhou para ela — Não, Kennedy. Es-escuta, tu ajudas-me e e-eu ajudo-te.

Ela suspirou. Se o ajudasse havia muitas hipóteses de que ele a matasse assim que pudesse. Se o deixasse morrer ali, talvez nunca soubesse como sair dali. Mas, ainda havia a questão de como ele sabia o seu nome.

— Esta bem.

Ela olhou para a ferida e fez uma careta.

— Espera aqui.

Ele assentiu e ela dirigiu-se à casa de banho. Revistou os pequenos armários brancos, e encontrou um quit de primeiros socorros. Abriu-o e comprovou que estava lá tudo o necessário. Depois voltou para a cozinha onde Chim estava. Podiam-se ver algumas gotas de sangue em volta dele.

— Pronto. — disse numa voz um pouco trémula. — Deita-te e apoia a cabeça no chão, não mexas o corpo e fecha os olhos. Isto vai doer.

Sentou-se junto dele e começou a tirar as coisas necessárias para o curativo de emergência. Preparou-se para salvar a vida a um homem que podia ser a sua salvação e ajuda para sair dali, ou podia ser o seu assassino. 

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