Estava se afogando na escuridão, seu corpo se contorcia em espasmos, não conseguia entender o porquê de ainda estar vivo, qual era o objetivo daquele sofrimento? Porque, seja lá quem for, queria vê-lo sofrer?

A dor era tão dilacerante que não entendia como conseguia ter algum pensamento claro em sua mente, podia sentir cada nervo do seu corpo em colapso, se apagando e ascendendo, como em uma micro transformação, como se estivesse mudando cada pequena partícula do seu ser físico.

Sua boca, outrora se afogando em seu próprio sangue, secou, agora queimava com uma sede que nunca sentiu antes, uma sede tão profunda como se fosse a sua alma a ansiar que a saciasse.

Abria os olhos na escuridão, podia sentir que estava em um espaço apertado, chacoalhando em uma estrada precária, a escuridão então foi se tingindo de vermelho, esfregou os olhos tentando limpá-los, mas o vermelho do seu sangue permanecia.

Em seu último pensamento naquele lugar apertado, antes que abrissem o porta malas, foi que sua vida tinha acabado, sentia que tudo tinha acabado, que a partir daquele momento, ele não mais reconheceria a si mesmo, ele não mais seria o mesmo, nunca mais.