Capítulo 12 - Lembranças vívidas

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Sua mente fragmentada tentava em vão se concentrar, Merlin sentia-se em pedaços, estando preso somente naquele presente, não podendo buscar o futuro e ter de montar o passado como um quebra cabeças de lembranças ofuscadas.

Criança tola, o que fizera?

Merlin não culpava Melanie, entendia o que sentia a respeito dos pupilos e por isso fez o que fez, mas era difícil acreditar que existiria alguém que seria daquela forma tão corrompido quanto Mordred. Ainda podia sentir a dor daquele dia, quando finalmente havia desistido sabendo que a única forma de impedir o caos seria sacrificar seu irmão.

Não o matou, entretanto, Merlin fez algo muito pior do que a morte, pelo menos fora o que Mordred gritou em desespero enquanto Merlin selava seus poderes e o deixava somente com um corpo atrofiado e debilitado no escuro de uma sombria caverna, essas lembranças nunca se apagariam, estariam sempre vívidas em sua mente como se tivessem acabado de acontecer.

"Merlin, por favor... desistiu de salvar-me, irmão?"

Suas mãos tremiam como nunca, não sabia como ainda mantinha o feitiço. Cerrou os dentes com força.

"Sabes que não tenho escolha, suas ações foram abomináveis, os feitiços que executara... as vidas que sacrificara, como pudera... como podes fazer tais crueldades, como podes condenar a ti mesmo dessa forma?!"

Sabia o que teria de fazer quando planejou atrair Mordred para aquela caverna e selar seu poder, mesmo assim Merlin não estava preparado, não para sentir o que sentiu. A vida escapava aos poucos junto com o poder de Mordred, sombras o cercaram quase carinhosamente, enquanto seu corpo secava e murchava, pois esse era o preço por dominar o poder do caos, pouco a pouco você perderia sua vida.

Saindo do torpor da lembrança, Merlin piscou para ver onde se encontrava, ainda caminhava lentamente pelos corredores em direção aos grandes salões, não estava com o espirito para comemorações, as preocupações que o afligiam eram por demasiado demais para ele suportar e algo lhe dizia que seriam ainda piores em um futuro próximo.

***

Depois de passar semanas sozinha, tendo somente Merlin como companhia com quem conversar, Melanie sentia-se estranha no meio de tantas pessoas. Esperou pacientemente até Correl sair de seu quarto, sempre com aquela postura arrogante como se ninguém chegasse a seus pés por ele ser um ser superior.

Melanie ainda sentia a mesma repulsa do dia em que o conheceu, aquele homem era desprezível, não era à toa que havia sido tão facilmente controlado. Ainda teve de esconder sua presença enquanto caminhava pelos corredores com Correl, não queria arriscar ser vista por ele.

Assim que entraram no salão Melanie retirou o feitiço que ocultava sua presença desviando a atenção para não ser vista, agora somente mantinha as cores de Teresa, os cabelos ruivos, os olhos chocolate, notou algumas cabeças virarem ao vê-la penetrar o salão atrás de Correl, ignorou todos sem prestar muita atenção aos detalhes, não queria perde-lo na multidão.

Diferente de todos os outros convidados que conversavam animadamente, Correl se mantinha afastado, próximo às colunas perto das sacadas, enquanto todos estavam se dirigindo as mesas para dar início ao grande jantar ele seguiu pelo caminho contrário passando pelo portal adornado da sacada mais afastada fazendo Melanie perde-lo de vista.

Apressando-se em meio à multidão, Melanie seguiu para a sacada, conforme se aproximava sentia a mesma presença maligna que sentia todos as vezes que o encontrava, Kaled, o ar ficava mais denso e frio, seu corpo se retesava de tensão e era inundado de sensações ruins.

Quando estava se aproximando sentiu a presença de mais alguém seguindo na mesma direção de Correl, parou para observar e viu Benjamin do lado oposto do salão seguindo para a sacada, quando estava quase entrando Melanie conseguiu paralisa-lo, seu corpo estancou, seus olhos estavam vidrados, enquanto o mantinha assim se aproximou e sussurrou uma ideia em seu ouvido o suficiente para fazê-lo se esquecer de Correl.

"Siga Melanie."

O tirou do torpor, quando acordou Ben balançou a cabeça como que tentando se lembrar o que estava fazendo, olhou para a sacada, mas não seguiu por ali, virando as costas caminhou pelo salão em direção a jovem Melanie.

Respirando um pouco mais aliviada, Melanie poderia voltar a se concentrar, por pouco Ben não correu o risco de ser visto, voltando a ocultar sua presença, Melanie saiu pelo portal penetrando na brisa fria de outono, assim que adentrou a sacada viu que Correl estava ao lado da amurada de joelhos, sua cabeça pendia para trás em um ângulo doloroso, uma mão pálida vinda de um corpo envolto por sombras negras por sobre a capa, pousava na testa de Correl, uma cabeça coberta por um capuz se aproximou do ouvido de Correl como se sussurrasse algo, o mesmo que Melanie o viu fazer com o velho saxão.

Não ousava nem mesmo respirar em sua presença, levantando a cabeça se afastando de Correl, Melanie pode ver uma parte de seu rosto, estava pálido com manchas esverdeadas, como se suas veias fossem visíveis, os lábios pareciam inchados, um pequeno sorriso surgiu olhando em sua direção, como se pudesse vê-la, sentindo a sucção do ar que sentia sempre que alguém dava um salto no tempo, meu viu o corpo coberto de mantos negros desaparecer no ar.

Correl levantou-se como se nada tivesse acontecido, ficou de pé olhando o horizonte apoiado na amurada como se nunca mais fosse se mover. Mais uma vez Melanie o perdera deixando-o ir, sabia que Merlin estava certo em tentar seguir a linha do tempo sem interferências, mesmo assim era difícil somente observar, não fazer nada a respeito, Melanie sentia-se inútil, como nunca antes.

Os minutos foram passando enquanto isso Correl se mantinha na mesma posição, depois de mais um tempo cansativo ele finalmente se moveu, Melanie agradeceu por finalmente poder se mover quando Correl caminhou em sua direção, se afastou antes que pudesse vê-la adentrando novamente a multidão.

Seu olhar estava desfocado, seus ombros caídos, Correl caminhava entre as pessoas sem vê-las realmente, cruzava todo o salão em direção à outra sacaca, Melanie o seguia de longe, agora que sabia que era de fato Kaled que o controlava não era mais necessário observar Correl, queria sair daquele baile o mais rápido possível antes...

Era tarde demais, a sua esquerda um grupo de pessoas dançava animadamente, entre elas estava Arthur, Melanie o evitou durante todas as semanas que passou novamente naquela era, não queria vê-lo, não queria sentir a dor, mas quando o viu parou de andar ficando imóvel no meio da multidão, Arthur dançava com uma mulher que Melanie não conhecia, depois com outra, então finalmente, depois das trocas de parceiros foi a vez da Jovem Melanie.

Observou com um olhar nostálgico, lembrando de seu toque, de suas mãos ao redor de sua cintura, dos giros e rodopios, da sensação de aproximação... eles pararam, Arthur semicerrava os olhos, seu cabelo caia-lhe por sobre a face enquanto se inclinava em direção a jovem Melanie, suas testas quase se encontrando... aquilo era demais para Melanie suportar, abriu caminho em meio à multidão e correu para fora dos salões adentrando os grandes corredores do castelo.

***

Fora pego de surpresa, em um momento estava no salão abafado dançando com Melanie, em outro estava em uma sacada com Lady Catelyn o beijando.

Logo depois de Melanie o deixar, Arthur fora arrastado pelo salão por uma Lady Catelyn dizendo coisas que não faziam sentido ao entrarem em seus ouvidos, ele não se importava com tudo o que ela mencionava, na verdade não se importava com mais nada naquele momento, não queria se importar com mais nada, o que infelizmente não poderia fazer.

Não demorou muito para o rei vir acompanhado do pai de Lady Catelyn, pelo que parecia já estava tudo decidido, a vida e o destino de Arthur estavam encaminhados, seguindo um caminho que não escolhera para si.

Por um momento sentiu inveja do irmão, inveja por Dom ter tido coragem de renegar o título por amor ou talvez inveja por ele ter um amor ao qual fora correspondido, Arthur nunca fora igual a Ben e Dom nesse quesito, ele sempre fora mais parecido com o irmão Dario, os dois eram reservados, calmos, tinham dificuldade em demonstrar sentimentos profundos.

É claro que não fora o beijo em si que o pegou de surpresa, não era como se Arthur já não tivesse sentido o gosto, o toque, a delicadeza feminina em sua pele, o caso era que descobrira naquele instante que não era esse gosto, toque, beijo que desejava sentir, tanto que nem sequer reagiu a investida, não sentiu nada, foi tão frio quanto a brisa gélida da varanda. Ao final, Ben estava certo.

Não esperou que ela se afastasse, antes que conseguisse envolver os braços em seu pescoço segurou em seus ombros e a afastou, ficou por um tempo assim segurando-a até ela abaixar os braços desistindo, depois a soltou.

"Peço perdão, eu somente pensei que agora que estamos noivos..."

Ela o olhou esperando uma resposta, um sinal. Ele queria dispensá-la, dizer a verdade que não sentia nada por ela, que nunca sentiria, mas tinha de cumprir seu dever, com o seu pequeno sorriso charmoso ele afastou uma mecha do cabelo dourado.

"Não se desculpe... é que... somente me pegou de surpresa... vamos dar tempo ao tempo certo?"

Beijou sua mão, depois a colocou em seu braço levando-a de volta ao baile, com um sorriso Lady Catelyn repousou a cabeça em seu ombro e os dois saíram da sacada em direção ao salão.

***

"Kaled já está assumindo o controle, em breve irá subjugar Mordred, ainda pode senti-lo, certo?"

Melanie perguntava depois de lhe contar o que havia acontecido no baile, como Melanie lembrara, Merlin disse que sua jovem versão veio até ele falando sobre Correl querer o livro, então agora tinham certeza de que Kaled desejava o livro, mas ainda teriam de descobrir o motivo.

"Sim, ainda sinto a presença de Mordred, creio que Kaled ainda não está preparado para executar o feitiço, ainda esperará mais um pouco."

"Acha que conseguiremos impedi-lo de possuir esse poder?"

Merlin suspirou, queria anima-la, mas não iria mentir.

"Nossa chance é por demasiado pequena, sabe disso. Entretanto, ela ainda existe."

Sim Melanie sabia, abaixou a cabeça segurando-a com as mãos, se o baile já fora doloroso, não sabia se suportaria os próximos eventos, pois dentro de alguns dias seria o ataque dos saxões e junto do ataque, a morte de Dom.

Dias sombrios se aproximavam.

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