A Libertação - Herobrine x Turqueza

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BIM BIM, A PARTIR DESSA, TODAS SÃO NOVAS!!

Heyy gente! Paciência chegou no zero, então dane-se o suspense. Ia postar esse livro apenas quando a história da Turqueza e do Morro estivesse pronta, mas de ontem pra hoje escrevi essa, e gostei tanto, que mandei para minha antiga professora de português (que viu minha evolução na escrita do 6o ao 9o ano).
Ela me disse que tenho uma escrita envolvente e que tenho futuro com isso, e que devia continuar essa história, e não só deixar como uma one shot.
Então, leiam e me deem sua opinião! Fiquei até as 4 da manhã escrevendo....
Shipp: Turqueza x Herobrine
Universo: uhh, mundo real acho. Da pra entender tudo na História, não precisam saber nada de Minecraft.
Avisos: tem uma pequena parte meio dark com cadáveres e sangue seco. Nada demais.
É minha historia mais longa até agora, com +4000 palavras. Talvez futuramente se torne o prólogo de algo maior.
A imagem de cima foi o que me deu inspiração e a ideia, mas ela não é exatamente usada na história.

Ponto de Vista da Turqueza

Desci as escadas em espiral que levavam ao calabouço.
Eu sabia que não devia fazê-lo. Ninguém devia, era um local proibido.

Mas era como se algo me chamasse, me atraísse, me fazendo andar até ali.

Era um corredor escuro, tornando difícil enxergar, mesmo com uma lanterna ligada e meus óculos no rosto.

Escutava claramente o barulho da água pestilenta do fosso pingando por alguma goteira no teto.
Correntes balançavam conforme meus passos ecoavam na frente das grades de ferro; prisioneiros tentando ver o que lhes perturbava.
Ouvia o que pareciam ser roedores, mas evitava ilumina-los, não querendo ter certeza do que eram.

O ar era denso e frio, além de cheirar a mofo, misturado a outras coisas indistinguíveis, que preferia nem imaginar.

Através do fraco feixe de luz amarela que carregava comigo, era possível ver as partículas de poeira e a sujeira no chão. Era deplorável.

Difícil de imaginar como alguém sobrevivia aqui debaixo, sem o sol e com pouquíssimas aberturas para a troca do ar. Mas esses prisioneiros estavam aqui para me provar o contrário.

Não sabia quais eram seus delitos, mas foi fácil perceber que conforme avançava, procurando pela parede dos fundos, eles eram mais graves.
Quanto mais escondido, pior fora o crime.

E eu tive a sensação de que quem eu procurava, era o mais perigoso.

As celas não estavam lotadas. Pelo contrário, me surpreendi ao perceber que a grande maioria estava vazia, com exceção daquelas poucas por que passei na entrada, e um ou outro pelo caminho.
Inclusive, as masmorras pareciam quase abandonadas.

Avançando e descendo mais alguns lances de escada - não era apenas um andar. O que pensei ser apenas um corredor, veio a ser uma gigantesca prisão subterranea - minhas narinas foram invadidas por um cheiro azedo e podre, de carne.

Virando hesitante a cabeça para o lado e apontando a lanterna para lá, encontrei a pior das cenas: corpos, ainda acorrentados às paredes imundas, cobertos por fungos. Estavam em decomposição. Ossos aparecendo em certos pontos do corpo, uma poça de sangue seco escuro à suas voltas, a pele, outrora branca, agora esverdeada e escura.

Precisei prender a respiração e me segurar nas grades enferrujadas para não cair e vomitar.

Não era um corpo apenas, mas vários.
Me forcei a continuar, tentando não ficar tonta com o cheiro insuportável, me manter focada e não olhar para dentro de cada salinha dividida por pedra, para não contar quantas pessoas haviam perdido a vida naqueles túneis.
Mesmo que fossem criminosos, ainda eram humanos.
E eu temia tornar-me mais uma...

Meu plano era simples e mal feito. Não contava com nada disso. Achei que seria fácil fazer o que eu queria - que nem sabia exatamente o que era -, mas seguir minha intuição foi um erro.
Já estava há bem mais de meia hora ali embaixo, e começava a me arrepender de ter escolhido fazer isso de madrugada. Se bobear, já eram três da manhã.
Os guardas voltariam a patrulhar perto do amanhecer, então ainda tinha tempo... Mas não sabia o quão distante de meu objetivo ainda estava.

Não podia ficar parada, caso contrário me desesperaria e me tornaria completamente improdutiva, então mesmo sem ter certeza de nada, continuava caminhando, sempre em frente. Em direção ao perigo iminente, mas não ligava. Não desistiria agora.

Mais degraus.

Um portão estranho e quebrado, de madeira negra coberto de musgo, bloqueava minha passagem. As dobradiças eram as únicas que permaneciam inteiras e brilhantes, feitas de ouro.
As cordas que deveriam servir para prender e travar aquilo, foram corroídas e pendiam soltas.

Com um chute forte, derrubei aquela madeira estragada, levantando uma nuvem espessa de poeira.

Espirrando algumas vezes e cobrindo o rosto, continuei, ultrapassando os limites antrs fechados.

Notei que o piso mudara.
Era mais antigo, como se não fosse deste século.
Parece loucura o que estou dizendo, mas é verdade.

A pedra polida - mesmo que suja, coberta de limo e com rachaduras, que me acompanhou desde a primeira escada - deu lugar a pedregulho irregular, partes em tábuas de madeira quebrada, e até mesmo terra, de onde ervas daninhas negras e pontudas cresciam.

As paredes estavam rachadas e davam a impressão de estarem repintadas, como se alguém tivesse tentado cobrir, as pressas, alguma escritura ou desenho feito ali. Minha teoria provou-se correta quando, após mais alguns passos, a tinta escura mal aplicada descascava-se, deixando a mostra imagens em cores vibrantes.

Sem a continuação, apenas fragmentos, não conseguia saber o que eram, mas era surpreendente parecerem tão novas, quando o local transmitia uma aura extremamente antiga.

Porém, eu não era historiadora nem arqueóloga, nem viera para dicas de decoração para minha casa.
Afastando minha mão da parede suja e desenroscando meu pé de uma teia de aranha, olhei adiante, apertando os olhos numa careta, tentando distinguir algo diferente.

Por metros, tudo que encontrei foram galhos secos e cipós pretos crescendo dos vãos do teto e laterais. Não era um túnel muito apertado, e agradecia por isso, mas não era exatamente agradável.

Eu precisava tomar cuidado para não tropeçar, já que um deslise poderia ser fatal.

Após mais alguns metros, encontrei na parede direita, rochas mal colocadas, tampando um espaço aberto. A curiosidade levou o melhor de mim, e empurrei a menor delas, tentando abrir espaço para passar, sem causar um desmoronamento.
Nem precisei quebrar muito minha cabeça, pois ao derrubá-la, as outras, sem suporte, desabaram com um baque seco.

Por um instante, paralisei de medo, achando que alguém poderia ter escutado, mas logo me lembrei que devia estar muito abaixo de qualquer forma de vida.

Estava enganada.

Recuperada do susto, tossindo um pouco, limpei as lentes do óculos, que agora estavam cobertas de poeira.
No buraco aberto, coloquei apenas minha mão com a lanterna, tentando saber o que me esperava, antes de me atirar de cabeça no que poderia ser a morte certa.

Mas não era nada demais. Uma grande sala circular.
O que fora tampado com pedras era provavelmente a entrada, ou ao menos, uma delas. O chão lá dentro era de mármore, e havia algum padrão estranho criando um desenho, porém vendo desta pequena altura, era impossível decifrar.

As paredes não deixavam a desejar, e eram altamente trabalhadas com entalhes e cores.
As imagens, que foram precisamente pintadas como um gibi grande e realista, descreviam uma violenta batalha. Seus protaginistas pareciam idênticos, tirando o fato de que um deles parecia não possuir olhos... Ou melhor, pupilas. Seus globos oculares eram brancos brilhantes, feitos de pura luz. Este, carregava uma picareta, e estava cercado de raios.
O outro segurava firmemente uma espada, e não parecia ter nada de especial.
Ambos vestiam a mesma roupa, já rasgada e coberta de sangue, e flutuavam bem acima do chão, que estava coberto em chamas.

O desenho era extremamente vívido, e senti como se tivesse presenciado aquilo. Como se estivesse no momento daquela luta épica, assistindo de um canto, evitando me envolver mais...

Meus devaneios foram cortados por um barulho forte de metal.

Meu coração, que já estava acelerado, ameaçou explodir e parar. Minha respiração chiava, de tão ofegante, e era interessante como tão abaixo da superfície ainda havia oxigênio.

Voltei meu olhar para a parede, ainda não aceitando que aquilo pudesse ter sido obra da minha cabeça. Foi como uma memória.
Mas eu tinha certeza que nos meus dezesseis anos de vida, nunca tinha visto nada como aquilo. Encarando mais um pouco, como se aquilo fosse um imã que me prendia, algo estalou em minha mente, e soube que a cena retratada não era historinha para dormir, mas a realidade. Ainda havia muito mistério naquilo, e uma parte de mim parecia acender ao olhar aquilo. Se ficasse um pouco mais...

Outra vez, o ruído metalico.

Virei minha cabeça tão rapido, que temi ter deslocado algum osso.
Não havia ninguém na sala comigo.
Apontei o feixe de luz para todos os cantos, inclusive o teto, para não deixar nada passar batido.
Mas estava vazio.

Na verdade, parte do teto estava desabada, criando um amontoado de pesados blocos de pedra, trincando o mármore claro naquela região.

Fiquei dividida entre seguir por ali, ou retornar. Só que o caminho por onde vim parecia querer esconder tudo isso, que parecia ter saido de um livro de fantasia. E minha intuição, aquela vozinha chata que me fez querer descer aqui em primeiro lugar, me mandava ignorar o túnel estreito - se comparado com esta sala - e avançar nessas ruínas empoeiradas, que apesar de destruídas, mantinham sua imponência, resquício do poder e influência que deveria ter no passado.

Isso me fez pensar... Fosse o que fosse essa construção subterrânea, era extremamente velha, e de dificílimo acesso. O prédio atual, onde tudo isso começou, não era novo. Era um castelo, que já existia há gerações.
Conforme segui nessa linha de pensamento, notei que, ao contrário das masmorras metros acima, aqui não havia um único bicho ou inseto. Até a atmosfera, antes tão nojenta e putrefata, mudara.

Algo estranho rondava este lugar, mas diferente do esperado, não me fazia querer fugir, e sim ficar.

Eu sentia uma conexão com alguma coisa, e não entendia.
Aquilo tudo fora escondido dos olhos humanos por milênios, e parecia tão errado que logo eu encontrasse.

Desta vez, o que me assustou não foi metal, mas minha lanterna caindo no chão. Abaixei para pegá-la, imaginando quanto tempo já havia se passado desde que descera, sabendo que não daria para voltar tão cedo.
Era movida pela adrenalina, pois o esperado era que eu estivesse extremamente cansada e com sono.

Após mais uma olhada na pintura, avancei, escalando os escombros.
Era uma situação que nunca me imaginei protagonisando, e tinha certeza que se saísse viva e contasse para as pessoas, ninguém acreditaria. Não era meu estilo sair numa aventura.

Minha roupa já estava suja, e minha blusa estava inclusive rasgada, de quando caí numa escada.
Meu casaco, a princípio na cintura, agora estava vestido, pois ali fazia muito mais frio que na superfície ensolarada.
Por sorte, meu óculos estava inteiro.

Cheguei do outro lado sem me machucar muito - mas quase torcendo meu tornozelo, já que saltei de uma altura considerável quando não se tem experiência, porque não tinha como descer de outra forma.

Era um corredor também, mas este era largo. Poucas decorações estavam encostadas na parede, teias de aranha em baixo, mas o inseto que as fez já não vivia mais.

Uma mesa quebrada, um quadro rasgado.
Estilhaços de vidro.

Meus passos não tinham rítimo, e meus níveis de ansiedade estavam bem altos.

Olhando apenas para frente, tropecei. Consegui me equilibrar antes de cair, mas dei um pulo ao ver que "alguém colocou o pé pra eu tropeçar". Sim, era um esqueleto caído de lado, parcialmente apoiado contra a parede - esta, manchada num tom escuro de vermelho, que deduzi ser sangue. Seu crânio estava quebrado, e ao seu lado repousava uma espada dourada.

Me arrepiei, mas precisava ignorar. Não importava quem era ou como morreu, não sobrara nada além de seus ossos. Nem o cheiro podre de carne em decomposição que havia no último andar da prisão existia aqui. Isso fora um cadáver há muito tempo.

Agora observando o chão também, encontrei outros corpos. Ou o que sobrou deles.
Armas se espalhavam de monte, desde flechas quebradas e encravadas nas paredes, até arcos, espadas e machados. Pedaços de armaduras também podiam ser vistos ocasionalmente.
Entretanto, as cores das manchas variavam. O que um dia foram poças verdes cobriam a maior parte do piso, misturando-se em lugares com o escarlate conhecido. O teto e as paredes também estavam manchados.

Uma grande luta ocorrera ali, e talvez tenha sido ela que acabou com o lugar. Talvez, tenha sido a dose dois da guerra da pintura. Não sabia.

Porém, apesar de tudo parecer morto e sucumbido naquele fim de mundo subterrâneo, sem cheiro nem barulho além do que eu fazia, eu sentia uma presença ali. Não era a minha, mas como se houvesse mais alguém comigo.
A sensação não era nem boa nem ruim, não me dizia nada. Acelerava meu coração, mas não me dava medo.
Apesar da respiração entrecortada, estava mais confiante do que jamais me sentira.

Não quis pegar nada para me defender, tudo parecia equilibrado demias naquele corredor comprido, e não seria eu a destruir isso. Num outro momento, talvez tivesse parado para observar o trabalho em ouro dos pilares que sustentavam a construção na passagem para uma sala, ou a mobília digna de um rei aonde me vi após passar pela porta - agora inexistente.

Mas novamente escutei o barulho metálico, dessa vez, mais próximo. Vinha de debaixo de mim. Corri os olhos por aquele estranho ambiente onde uma batalha foi travada, achando um alçapão num dos cantos, com um móvel jogado de lado. Um dia deve ter escondido a passagem.

Disparei naquela direção, um misto de emoções dentro de mim, e memórias - não, deviam ser déjàvus, não tinha como eu ter estado ali antes - inundando minha mente, enquanto eu não ligava para os ossos quebrando sob meus sapatos.

Tentei abrir, mas estava trancado e enferrujado. Minha cabeça a mil por hora, tentando pensar numa solução.

Não compreendia esse desespero por descer ali. O risco era enorme, mas meu corpo simplesmente não escutava ou obedecia a parte racional do cérebro, preferindo seguir aquela vozinha que vinha de dentro.

Eu não perderia tempo procurando a chave, que podia até mesmo estar quebrada, queimada, ter sido levada para longe, ou, no estado em que a fechadura se encontrava, nem funcionar. Engolindo em seco e ignorando a sensação repugnante de tocar em algo que foi usado para matar tanto tempo atrás, peguei um machado - que ainda estava preso às costelas de alguém - e num golpe certeiro, consegui quebrar o fecho, fazendo um estrondo. Só torcia para não ser um animal que estava preso ali, e eu tivesse acordado uma fera enorme que me devoraria...

Com um rangido, levantei a porta, que era mais pesada do que imaginei. Apontei meu feixe de luz - que gostaria que fosse mais forte - para dentro, achando uma escada quebrada o suficiente para ainda ser usável, e que talvez aguentasse meu peso. Com mais uma rápida olhada no salão em ruínas, me aventurei ainda mais nas profundezas.

Não existiam os últimos degraus, me forçando a saltar, mas de resto tudo correu bem. Não digo como o planejado, porque:
1-) eu não tinha um plano, desde o começo;
2-) a vaga ideia que eu tinha do que faria, já tinha ido por água abaixo há horas.

Aquele lugar parecia uma prisão, mas bem pequena.
A atmosfera ali era opressora e pesada, mas pelo menos não fedia.
As paredes eram de pedra, completamente simples, sem desenhos ou trabalhos. Surpreendentemente, o chão e o teto eram feitos do mesmo material. E era isso que diferenciava esse local do resto por onde passei. Sempre havia algo, um quadro, um desenho. Ladrilhos coloridos, o que fosse.
Aqui não, era totalmente desprovido de tudo.

Passei a lanterna por grades de metal grosso, e vi algo se mexer.
Eu tremia, mas não tinha vontade de recuar. Uma parte de mim sabia que era ali que eu devia estar, não importava o quão improvável parecesse.

Foquei melhor o feixe de luz, achando quem estava preso ali.
Escutei o mesmo barulho, e descobri que vinha das correntes que o prendiam.

Era um homem. Pela aparência, podia dizer que não devia ser muito mais velho que eu, talvez 2 ou 3 anos... Mas algo me dizia que ele estava preso há mais tempo do que humanos vivem.
Estava de pé, e era mais alto que eu. Talvez eu batesse em seu ombro, ou um pouco mais.
Não estava esquelético, mas olhando em volta, não parecia comer faz tempo.
Seu cabelo era castanho escuro liso e curto, e seus olhos estavam fechados. Apesar disso, sua boca estava curvada num sorriso de lado.
Trajava roupas comuns, uma blusa verde-água azulada, suja, rasgada e manchada de vermelho - sangue -, uma calça marinho no mesmo estado, e botas cinzas gastas.

As correntes envolviam ambos seus pulsos e seus tornozelos, além de uma em seu pescoço. Não eram compridas, apenas o suficiente para sentar e levantar, talvez com esforço se aproximar das grades.

Apesar da aparência durona e das cicatrizes, era notável que estava enfraquecido. Provavelmente, por essa coisa que senti quando desci aqui.

Ele me lembrava de alguém... os dois lados de mim, tanto o racional, quanto esse doido da intuição, recordavam dele, só que de maneiras diferentes. Este último, parecia ter uma ligação mais profunda...

Meus pensamentos foram cortados quando - cansado de esperar eu falar algo - ele abriu os olhos. O que vi não foram olhos assassinos, prontos para me matar, mas sim dois globos oculares vazios e brilhantes, nenhuma pupila. Iluminavam mais que a lanterna de plástico que eu carregava.
Consegui finalmente ter noção do quão pequeno era aquele espaço.

Então, como um flash, minha parte pensante lembrou de onde o conhecia: a pintura na sala, na primeira que encontrei após derrubar as rochas.
Mas não era possível. Se aquilo foi real, era uma lenda antiquíssima. Não havia como algum de seus protagonistas estarem vivos, seres imortais não existiam.
Todo mundo morre...

- Vejo que manteve sua promessa... - Ele falou, seu sorriso se alargando.

Pelo jeito, eu estava em frente a prova concreta de que tudo aquilo em que eu acreditava era mentira. Mas eu não estava entendendo. Nunca ouvira nada a seu respeito, ou sobre uma grande guerra épica que pudesse ter feito sucumbir civilização nenhuma. Não haviam lendas desse tipo... e olha que eu lia muito.

Continuei olhando para ele com cara de nada, esperando que se explicasse. Promessa? Do que ele estava falando? Quem ele era?

- Então não se lembra de mim, Turqueza?

Arregalei os olhos, não era possível que este ser soubesse meu nome.
Mas também não era como se fosse um chute sortudo; meu nome não é o mais comum de todos.

Recuei alguns passos, batendo na parede atrás de mim.
Só podia ser de propósito que ele fazia aquilo, queria me assustar.

- Não precisa ter medo, não vou te matar. - Ele disse, fazendo questão de destacar o "te", como se se não fosse eu, não seria assim, enquanto se afastava do canto e se aproximava dos limites que nos separavam, o tintilhar do ferro o seguindo.

Continuei calada, tentando desvendar quem aquela criatura era. Alguma coisa dentro de mim me trouxe até ele, sabia que ele estava aqui, e me guiou através de todo um caminho medonho. Mas faltou me dizer quem que eu buscava.

Sabe, eu não estava acostumada a situações assim. Eu gostava de ficar na biblioteca do castelo, sonhando com o impossível.
Só que eu nunca imaginei, nem em meus sonhos mais malucos, que um dia eu viveria o impossível.

Eu não conseguia simplesmente retornar; e de qualquer forma, sem um relógio, não tinha como saber se os guardas já estavam patrulhando, certificando-se que pessoas como eu não chegassem onde eu cheguei. Será que eles tem noção do que há aqui em baixo?

- Vai se esquecer de mim tão fácil? Já desistiu de vasculhar suas memórias em busca de mim? - O tom provocador que usou, junto com a pressão sobre mim de, bem, tudo aquilo, não me ajudou, mas me fez falar.

- Só porque tô olhando pra escada pensando numa forma de fugir, não quer dizer que tenha esquecido de seja lá que raios você é. A questão é que eu nunca nem lembrei de você pra poder esquecer. - Talvez eu tenha ficado um pouquinho irritada, para chegar ao ponto de responder dessa forma para algo que com o olhar parecia que podia queimar alguém.

- Você fala! - Retrucou com sarcasmo.

Tem como não se estressar?

Uma vontade repentina de correr até ele e arrebentar as fortes correntes me invadiu, como se fosse meu destino, a razão de eu ter vindo para este fim de mundo.

Uma promessa... Será que era isso?
Ele devia estar enganado, já que nunca o encontrei antes para prometer nada. Os anos no cativeiro devem ter afetado sua sanidade.
E essas poucas horas isolada também devem ter afetado a minha.

Meus pais sempre me disseram para não falar com estranhos, mas ele... Era diferente. Não era estranho nem conhecido.
Eu estava dividida.
E era a pior sensação, e olha que passei por muito só naquela madrugada.

Com passos curtos, segurando a lanterna como se fosse uma arma, só por precaução - aquilo no máximo daria uma leve dor no braço, e se desse sorte, quebraria de forma afiada, então conseguiria cortá-lo - fui em sua direção.

Perto demais, e apesar do pulso preso, ele alcançou meu braço e me puxou, até que estávamos cara a cara. Testa com testa.
Um arrepio percorreu minha espinha.
Os olhos dele diziam tanta coisa, mas eu não conseguia decifrar nenhuma.

- Já se perguntou o porquê de apenas um dos seus olhos ser violeta, o outro não?

Tentei me soltar, mas ele era forte demais, mesmo ali.

- P-porque... acontece que... - eu não sabia responder. Era uma coisa meio recente, alguns anos atrás ambos eram azuis, assim como os da minha mãe. Não fazia sentido do nada mudar, e não tinha nada a ver com eu ter que usar óculos.

Rindo da minha reação, com um sorriso torto, continuou por mim:

- Porque os poderes não foram completamente ativados. Ainda não sabe quem é.

- O quê? Acho que 'cê tá doido... - Falei balançando a cabeça, não acreditando em nem uma palavra. Mesmo que fizesse um pouco de sentido, explicasse muita coisa, era contra qualquer lógica humana.

Ele se divertia com isso. Então, assumiu um tom ligeiramente mais sério e pensativo:

- Se chegou até aqui, é porque as memórias estão voltando... Então meu irmão deve estar quase pronto. É hora de encerrarmos essa batalha de uma vez por todas. Mas precisamos de vantagem. E esperar você recuperar tudo sozinha pode demorar demais..

- Do que você tá falando?! Memórias? Batalha? Recuperar sozinha? Então o que vai faz- - fui cortada quando ele me beijou.

O plano dele para conseguir vantagem sobre o tal do irmão dele - provavelmente o outro cara na pintura - era me beijar? Por que acho que este não devia ser o lado que eu devia estar, se realmente for uma guerra?

Mas por incrível que pareça, a sensação era familiar, como se isso já houvesse acontecido um milhão de vezes antes. Fechei os olhos automaticamente.

Um nome apareceu na minha cabeça, e tive certeza que era o dele. Herobrine.
Assim como isso, outras coisas vieram.
Cenas épicas, dignas dos melhores filmes de ação.
Sangue, monstros.

Dois lados de uma mesma moeda, os dois filhos do grande criador Notch.

Uma discussão que se tornou guerra, arrastando todos os habitantes, humanos e mortos-vivos, à um combate.

Explosões, castelos caindo.
Morte.
Destruição.

A paz, tão valorizada, não existia mais.

Criaturas poderosas demais para serem paradas, sem limites.
De quê adiantava dizer lutar pelo melhor, quando tudo a sua volta está sucumbindo por sua culpa?
Ambos eram culpados, e não admitiam.

Mas ele me amava, e eu era apenas uma mortal. Com uma espada atravessada no coração.
E eu prometi que voltaria um dia, e o salvaria.

Foi assim que me achei. Assim como uma peça que se encaixa perfeitamente no quebra-cabeça, finalmente não sentia mais como se faltasse um pedaço de mim.
Eu estava completa e sabia disso.

Nos separamos, voltando a respirar, e quando abri os olhos, tinha consciência de que havia mudado.

Ambos meus olhos agora brilhavam em violeta, e eu flutuava alguns centímetros acima do solo. Com um rápido movimento de minhas mãos, as grades que dividiam a salinha foram esmagadas contra uma das paredes.

O poder. Telecinesia.

Fiz o mesmo com as correntes, libertando-o do cativeiro que seu irmão, Steve, prendera-o milênios antes. Ele sorriu, esfregando os pulsos machucados, curtindo a liberdade.

Pousei, os olhos parando de brilhar, ficando normais. Assim que meus pés tocaram a pedra em baixo de mim, caí de joelhos. Apesar de eu já ter feito coisas muito mais difíceis que isso, precisava voltar a acostumar. E treinar. Além do que, apesar de me lembrar de tudo agora, ainda sou a mesma menina se antes, só... mais maneira.

Hero me ajudou a levantar, dizendo o que eu já sabia. "Desculpa pelo que fiz, mas era preciso. E sei que foi muita informação, mas acho que tudo vai fazer mais sentido agora. É normal que nas primeiras vezes o poder exija muito de você, com o tempo melhora."
Realmente, estava lidando com isso bem melhor do que muita gente no meu lugar.
Mais alguns segundos parada para me estabilizar, tentar organizar levemente a mente e já estava bem.

- Vamos subir. Essa sensação de opressão vai parar, é por causa das pedras silenciosas. Servem para me impedirem de usar os meus poderes.

Uma euforia sem igual tomou conta de mim, e sorrindo, comecei a pular feito uma idiota. Ele não questionou, e fiquei feliz por isso. Já devia esperar algo assim.
Afinal, ele estava certo. Nos conhecíamos. Não só isso, mas namorávamos.

E não importava quantos anos haviam se passado, eu não mudei.

Flutuei escada acima, e assim que estava completamente fora, me senti instantaneamente mais leve. Fechamos o alçapão, e olhei em volta.

Não era mais um salão sem sentido com ossos nojentos e secos no chão.
Era uma memória, a última delas. E agora, a primeira.
Onde tudo começara uma vez, e, para mim, acabara. E agora, onde tudo recomeça.

Não me importava mais com os guardas ou os cadáveres por que passei.
Ainda veria muitos outros, pois a inacabada guerra da pintura, estava apenas no intervalo, e todos os lados se preparavam para a prorrogação.

Mais fortes, mais espertos.

Herobrine, com uma picareta de diamante na mão direita, testou seus raios.
Isso me lembrou que eu preciso de uma arma. Não posso esquecer.

Ele olhou para mim, e segurou minha mão.
Estávamos juntos.
Se nem o tempo nem a morte nos separou, quem o faria?
Que venha a batalha, e quando ela chegar, estaremos prontos.

E vamos ganhar.
Não importa quantos tenhamos que matar.

Foi isso!! Uff, deu trabalho.
Mas eu amei o resultado, e espero que não tenha decepcionado vocês.
A respeito da Turqueza usar óculos, nessa história ela usa, mas não necessariamente em todas.

Não sei se realmente levo essa história adiante, mas acho que daria certo!
O que vocês acham?

Se gostaram, votem por favor, isso me motiva, e comentem! Pode ser só um pensamento, uma opinião, uma crítica (não é pra xingar, é crítica construtiva), um elogio... suas reações são a melhor coisa! ❤

Essa é a primeira one-shot nova do livro, já que queria abrir com chave de ouro!
Amo vocês,
Bjss,

NinjaTurqueza

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