No final, não alcançamos nada - Morro x Turqueza

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Alguém ainda lê isso daqui?
Tenho essa one shot nos rascunhos faz 1 ano, quase pronta, mas eu sempre me esquecia de escrever o final... Então hoje terminei!!

Shipp: Turqueza x Morro (Ninjago)

Idade: perto de 15..?

Notas: Acontece antes da cronologia de Ninjago, quando Morro ainda era humano.
Eu não acredito que eu fui capaz de chorar relendo minha própria história pra fazer o final kkkkkk
Sabiam que foi por causa dessa one shot que eu criei esse livro? Eh enorme (3900 palavras) e uma das minhas preferidas também!
Espero que curtam!

[Turqueza]

Como eu pude ser tão boba a ponto de me apaixonar por ele?
E de achar que ele se importava...
Ele só tinha uma coisa em mente: provar que o Destino estava errado.
E eu estava disposta a ajuda-lo nessa jornada, mas ele recusava.

Eu não entendia o porquê. Não éramos amigos? Ou pelo menos, eu achava que éramos....
Mas ele saiu, e não voltou mais.

::::::::::::::::::::::::::

Sem mais nem menos, ele partiu, deixando para trás uma vida, um sensei... E um coração partido. Sem saber, sem notar.
Os outros alunos estavam felizes com sua partida. Achavam-no chato, frio. Diziam que ele se achava demais, que era arrogante. Mas eu... Eu sou um caso a parte.

Dizem que o amor pode ser perigoso, quando este é cego. E eu acredito, porque eu sou a prova viva. Ou morta. Depende de como você classifica um fantasma...

Para mim, Morro era incrível. Possuía uma determinação invejável, força de vontade, concentração e habilidade. Era, de longe, o melhor aluno entre nós.

Mas isso não bastava para ele. Ele não enxergava isso, e queria mais.
Tinha medo de ser esquecido e voltar à vida de antes: um menino de rua, pobre, preocupado se conseguiria ter a próxima refeição, sem nada, nem alguém para chamar de "família" ou "amigo". Mas foi essa desconfiança que o levou a concretizar seu maior temor: morrer num local remoto, sem ninguém para vê-lo e se despedir, sem um enterro adequado, e para sempre esquecido.

Quando Sensei Wu lhe contou que ele podia ser o tão querido Ninja da profecia, essa ideia de grandiosidade lhe subiu a cabeça. Uma chama ainda mais forte se acendeu dentro dele. E a cada dia, ela era alimentada, até que seu ego estava maior que tudo.... e foi aí que as coisas pioraram, por que já haviam começado a dar errado há bastante tempo. O Destino recusou-o como tal, e ele se revoltou.

Seu maior sonho, despedaçado. A mesma pessoa que colocou aquilo em sua mente, agora tirava... Era pior do que roubar doce de criança. E isso só fortaleceu o lado imprudente dele. Teimoso, não aceitou o que fora escrito para ele, e decidiu provar que estava errado.

Quando Morro saiu, eu perdi a cabeça. Era óbvio que ele significava mais do que um simples amigo para mim... Eu sempre havia sido uma pessoa muito calma e alegre, mas sem ele ali, sentia como se não houvesse necessidade disso, como se não houvesse motivo para isso. Nem de tentar ser, me manter como eu era. Aos poucos, o buraco que ele deixou foi sendo preenchido com raiva e determinação, e comecei a treinar mais do que nunca.

Não forçava as outras crianças a lutarem contra mim; eu usava os aparelhos de treino do Monastério, transformando toda tristeza em algo produtivo. Foi assim por aproximadamente um mês, quando decidi que não dava mais. Passava o dia inteiro ali, com lágrimas quentes de dor e frustração escorrendo por meu rosto. Até mesmo Sensei Wu estava ficando preocupado, mesmo aceitando que algo em mim havia mudado. Mas eu me recusava a falar, conversar e dizer o que sentia. Fui me fechando, guardando tudo para mim. Eu queria meu amigo de volta. E eu faria isso.

Uma noite, depois que todos haviam deitado, coloquei meu plano em ação. Peguei minha mochila, que já estava preparada com uma muda de roupa, lanterna, uma garrafa d'água, um pouco de comida e um cobertor, prendi meu machado de lâminas duplas no cinto, fui até a sala de Sensei e peguei o mapa que precisava, fugindo silenciosamente pela janela em seguida.

Eu vinha pesquisando os locais para quais Morro poderia ter ido. Sabia que ele queria achar a Tumba do Primeiro Mestre de Spinjitzu, mas não havia uma localização exata. Ninguém sabia nem se ela era mesmo real, ou apenas uma lenda. Então, depois de ler livros e pergaminhos do sensei, destacando os pontos principais de onde ele poderia ter ido, saí em minha jornada, em busca do meu amor perdido.

Passei dias caminhando na floresta, pensando apenas nele, como se isso pudesse atraí-lo como um imã. Ou apontar para a direção certa como uma bússola.
Obviamente, isso não surtiu efeito, mas quando estava quase desistindo de tudo, escutei uns barulhos um pouco a minha frente.

Paralizei, imaginando monstros e feras enormes prontos para me devorar, tendo certeza de que aquele seria meu fim, até que escutei um grito de raiva, seguido de palavras. Palavras humanas: "UGH, ONDE ESTÁ ESSA PORCARIA!"
Reconheci imediatamente a voz. A voz que eu não escutava há tanto tempo, e procurava tão desesperadamente nas profundezas de minha mente.

Era ele.

Disparei na direção como se não houvesse amanhã, mas ao estar próxima, desacelerei, parando a poucos metros do local.
Ele queria me ver? Isso com certeza não. Mas como será que reagiria? Eu só saberia se avançasse.
Então, movida completamente pela emoção, já que a razão provavelmente me impediria de realizar esta ação sem uma análise um pouco mais apurada dos prós e contras, atravessei as árvores e arbustos restantes.

A cena com a qual me deparei me assustou; acho que não esperava tamanha destruição.
Haviam árvores caídas, e pequenos tornados com folhas espalhados pela clareira. O vento assobiava ritmicamente, seu poder era de admirar. E no centro de tudo, ele.

Seu cabelo preto com uma mecha verde no lado direito, uns 5 dedos abaixo da orelha, mais comprido do que da ultima vez que o vi, não era afetado pelo vento forte, que claramente era manipulado para este efeito.
Seus belos olhos estavam fechados, sua expressão de concentração profunda.
Considerando sua fala, ainda não havia achado a Tumba. Talvez no momento estivesse tentando se acalmar, não sabia.

Foi então que abriu a boca, me surpreendendo e me fazendo perceber o quanto o treinamento ninja havia tido efeito nele:

--Quem está aí?! -- Ele perguntou com raiva. Como fiquei quieta, por causa do medo, ele apenas se irritou mais -- EU SEI QUE TEM ALGUÉM AÍ, QUEM É!?

--É- é a- a- -- Não esperava gaguejar tanto, mas eu não conseguia completar a frase. Estava a um ponto de chorar, e não sabia o porquê.

Morro então lentamente abriu os olhos verde-escuros, como duas esmerdas cuidadosamente lapidadas, não contente por isso. Claramente sua meditação não o ajudara a controlar seu humor.

--Turqueza!?! O que você está fazendo aqui!?! Volte para o monastério e me deixe em paz! Diga para Wu que nenhum de seus alunos estúpidos me convincirão de nada! -- Falou, voltando a fechar os olhos, achando que eu o obedeceria.

--N-não! Eu- eu não vim porque ele pediu.. Eu vim porque quis, escondida... Ele teria me impedido se soubesse! Eu precisava te ver... -- Finalmente consegui me acalmar, e dizer o que precisava.

--Ótimo, já viu. Agora vá embora! -- Assim, continuou tentando me ignorar.

Neste ponto, os pequenos furacões estavam instáveis, puxando mais objetos soltos, assim como devia estar a mente de Morro.
E com certeza, minha presença não estava ajudando.
Eu mexia com ele? Ou isso aconteceria com qualquer um no meu lugar?
Mas a minha mente não estava muito melhor que a dele, me deixando sem condições de pensar muito no assunto e criar teorias, fazendo-me agir plenamente pelo impulso.

--Não! Quero ficar com você, te ajudar a completar seu sonho!

--Não quero sua ajuda. Não preciso da ajuda de ninguém!!

A cada palavra dele, a ventania aumentava.

--Você pode não precisar, mas mal não vai fazer! Sou sua amiga, deixa eu te acompanhar! Por favor! -- o medo já havia passado, agora havia desespero em minha voz. Não podia aguentar mais tempo sem ele...

--Amigos? Ninguém gosta de mim... EU VOU PROVAR PARA O DESTINO QUE SOU BOM O BASTANTE, sozinho, do jeito que me fez viver o começo de minha vida!

Agora, já me segurava na árvore mais próxima para não sair voando, e ele estava de pé, tentando manter todo seu "trabalho" sob controle, enquanto discutia comigo.

--M-mas Morro!! Eu gosto de você! Eu preciso de você!! Nós podemos ser ainda mais fortes juntos! Nós éramos melhores amigos, fazíamos tudo juntos! Talvez o Destino tenha me enviado aqui por isso! Porque você não precisa terminar do mesmo jeito que começou... A vida lá no Monastério sem você não é a mesma... Não te obrigo a voltar, mas também não faça isso comigo!

--JÁ CHEGA! SAI. DAQUI. EU NÃO GOSTO DE VOCÊ. NUNCA FUI SEU AMIGO COMO DIZ. SEMPRE ERA VOCÊ QUE ME PROCURAVA, QUE QUERIA ESTAR PERTO DE MIM. NUNCA QUIS SABER SE EU QUERIA!! ENTÃO FIQUE SABENDO, VOCÊ ERA APENAS UM OBSTÁCULO NO MEU CAMINHO QUE DEVO SUPERAR PARA CHEGAR AO MEU OBJETIVO!!

Com essas últimas palavras e um pequeno gesto de suas mãos, fui jogada para longe. Sim, ele era extremamente forte... Não precisava ser o Ninja Verde para ser incrível, ele já o era. Mas era o que ele queria, e sua ambição o impedia de enxergar o que já tinha... Mas o pior era eu, que não via aonde tudo isso me levaria...

Não sabia direito onde havia aterrissado, e durante nossa briga, anoitecera. Não que eu temesse a noite, ou o escuro. Talvez as criaturas que sairiam da toca, a procura de comida, mas no momento, a tristeza era maior do que qualquer outra coisa dentro de mim.

Ele realmente quis dizer aquilo...?? Se o objetivo era apenas me abalar, ele conseguira. Mas se era tudo verdade... Eu não sabia como reagir. Não muito tempo depois, me peguei chorando, soluçando.

"Como pode uma pessoa tão jovem, ter um coração partido? Não conseguir esquecer e seguir em frente? Ser tão presa a alguém que aparentemente nem liga pra ela?
Era apenas frescura? Medo de não encontrar ninguém? Mas existem tantas pessoas no mundo... o que ele tem de tão especial?"
Com esses pensamentos, lentamente adormeci.

No dia seguinte, acordei com a luz forte do sol em meu rosto. Eu me sentia acabada, como se toda minha energia houvesse sido drenada. Cansada fisica e emocionalmente.

Mas mesmo assim, me forcei a levantar, e achar meu caminho. Não, não meu lugar no mundo, o que o Desnino escrevera para mim... o caminho que Morro havia seguido. Fui boba, como se algo me amarrasse a ele. Mas era praticamente inevitável. Se eu me esforçasse muito para não pensar nele, talvez até conseguisse... Porém era mais do que eu pretendia aguentar, então fazia o mais simples; que não necessariamente era fácil, porque seguir o Mestre do Vento estava se provando mais fácil falar do que fazer.

Escalei a árvore em que me apoiava, tendo assim uma visão mais ampla da floresta. Consegui localizar a "clareira" onde estivera no dia anterior; não era complicado, quando aquele era o único lugar com a vegetação caída, em meio a uma mata meio densa. Foi só então que consegui ter noção de quão forte deveria ter sido o impacto, por causa da distância percorrida, mas isso não aconteceu. Ou eu não ganhara impulso na queda, o que era pouco provável de acordo com as leis da Física... Ou algo tinha me amortecido. Como vento. Ele não tinha me mandado para morrer, apenas num impulso de raiva, e percebeu seu erro a tempo de me impedir de colidir com o chão e quebrar todos os meus ossos.

Ele se importava. Não o suficiente para ir atrás, mas para me salvar.
Ou talvez, num pensamento mais pessimista que me veio na hora, só não quisesse ser responsável por uma morte. Só que isso não o impediria de seguir viagem, será que ele sentiria a culpa? Mais uma vez, isso demonstraria que se importava comigo.

E assim continuei, me afundando em emoções, em ilusões, enquanto caminhava na direção de onde estava no dia anterior.

Ao chegar lá, percebi que Morro já havia partido. Isso me magoou um pouco... acho que no fundo, eu tinha esperança de encontra-lo ali, que ele pedisse desculpa e eu aceitaria, nós dois termindando num beijo apaixonado como os dos filmes de princesas... Mas isso continuaria como era, apenas uma fantasia que só acontece nos contos de fadas...

Tentei procurar algo que indicasse pra que direção ele seguira, uma pegada, algum objeto... E foi ali, depositado no meio de uma pilha de folhas, que encontei um pedaço de papel, com um desenho em vermelho. Olhando mais de perto, percebi que era um mapa, e havia um círculo pintado em volta das Cavernas do Desespero.

Raciocinando um pouco, logo me liguei que ele iria para lá. Provavelmente teria achado algo que indicava aquela localização, seguindo para ela sem nem pensar duas vezes. E eu, lógico, fui atrás.

Não dava ouvidos para o bom senso, nem para todas as famosas lendas sobre o local, que contavam sobre pessoas que tentaram desbravar aqueles túneis, e nunca mais voltaram. Eram dezenas, talvez centenas de caminhos, e ninguém que havia entrado, havia sobrevivido para contar a história.

Ignorando todos os alertas, tanto das placas no vale, quanto os de medo em minha mente, avancei no único caminho aberto na rocha, que escurecia mais conforme eu adentrava o labirinto subterrâneo.

O cheiro de terra molhada invadiu minhas narinas, juntando-se em seguida com o de mofo, me fazendo espirrar. O teto era sustentado por pilares de madeira, que eu duvidava que num desmoronamento pudesse segurar alguma coisa, mas que torcia para ser suficiente por enquanto. Imaginei quantas pessoas morreram sufocadas ali... Os trilhos de ferro que um dia serviram para o transporte de carrinhos com minérios, agora não formavam uma linha contínua, sendo enterrompidos em várias partes por rochas caídas, ou simplesmente faltavam pedaços, além de estarem extremamente enferrujados. O ar ali era mais denso, provavelmente por conta da poeira, além de mais frio também, já que o sol não alcançava as entranhas da terra.

Sem a luz do dia, logo precisei de outra fonte de iluminação, para evitar ficar perdida para sempre, sem chance de encontrá-lo ou sair viva, transformando-me em mais uma alma que perderia a vida naquele emaranhado de passagens, abertas por mãos humanas ou por fenômenos do próprio interior do planeta. Encontrei uma lamparina jogada num canto, e com o que havia trazido, consegui acendê-la.

Seu brilho quente encheu o local, e mesmo não estendendo-se até todos os cantos, já era o suficiente para mim. Ignorando os barulhos que escutava, para não enlouquecer, sem conseguir distiguinr exatamente o que era o que; uma goteira, ratos, baratas... talvez morecegos... me arrepiava so de imaginar. Andava rente a parede, e entre alguns passos fazia uma marcação usando meu machado, para conseguir voltar para a entrada, junto com ele... de volta para o ar fresco e coisas boas.

Não sabia que horas ele havia ido, mas com certeza estava bem mais à frente. Eu só me perguntava como ele sabia qual caminho tomar... porque mais de uma vez, me peguei dando de cara com um beco sem saída, precisando voltar e ir por outro lado. Se o chão fosse de terra, ou até mesmo areia, suas pegadas ficariam visíveis, e eu o rastrearia mais facilmente... mas o piso era de pedra irregular, sendo perfeito para tropeçar e cair. Aquilo é coisa de desenho animado, a vida real é diferente. É onde até as coisas mais bem planejadas dão errado, onde nada é tão bom quanto parece e onde o perigo está sempre a espreita nas sombras, esperando um único passo em falso seu para atacar.

Precisava me manter focada, pois sabia que se me deixasse escorregar para o mundo das fantasias, deixaria minha guarda baixa, a atenção iria para outro lugar, transformando qualquer pequeno deslize num fatal e último.

[Enquanto isso, Morro...]

Dias, meses, procurando... Não é possível! Parece piada!
Mas eu não vou desistir, e quando eu for vitorioso, todos vão ver, perceber o quão errados estavam por não botar fé em mim. Wu vai pagar...

::::::::::::::::::::::::::

Ali, nas Cavernas do Desespero, foi quando tive certeza de que estava mais perto que nunca de meu objetivo. Cantei vitória antes da hora, recusei ajuda preciosa... Fui muito egoísta, e isso me trouxe consequências desastrosas.

Já estava há tanto tempo longe do único lugar que já chamei de lar, que acho que queria voltar. As coisas lá eram simples, mas boas. Não que naquele momento eu fosse admitir isso. O orgulho sempre fora maior em mim.

Confinado entre aquelas paredes de rocha sólida, local um tanto quanto claustrofóbico em certos pontos, com o barulho constante de meus pés batendo no chão, talvez estivesse enlouquecendo. Já não sabia mais por onde ia, apenas seguia minha intuição, confiando que me levaria para a Tumba. Nunca pensei tão errado na minha vida.

Mas de tempos em tempos, depois de algumas horas ali embaixo, ouvia meu nome. Como se alguém chamasse por mim ao longe. Devia ser obra de minha cabeça, pregando peças em mim. Talvez o Destino querendo dificultar minha jornada. Mas eu reconhecia vagamente a voz... me lembrava dela.

Da garota que mudou minha vida quando chegou. Sempre saltitante, queria o melhor de todos. Inclusive de mim. Já morava conosco no monastério por anos, e mesmo assim não tinha muitos amigos lá, preferia ficar comigo. Sim, aquilo me irritava um pouco, já que era extremamente raro ter um tempo só para mim, mas ao mesmo tempo... era confortador saber que alguém além do sensei se importava comigo.

Seu nome era Turqueza. Uma menina muito inteligente e bonita, seu cabelo castanho escuro liso, na luz do sol, parecia meio avermelhado, franjinha curta sobre a testa. Seus olhos prendiam a atenção, brilhantes e bondosos, o direito azul, o esquerdo violeta. Sua pele era clara, e suas bochechas rosadas possuíam sardas quase imperceptíveis. O jeito com que sorria, deixando a mostra seus dentes brancos perfeitamente alinhados, transmitindo seus sentimentos mais fortes, era de tocar qualquer coração.

Turqueza, a garota que vinha assombrando meus sonhos desde que a deixei quando fugi do monastério, a mesma que veio me procurar na floresta... a mesma que eu além de gritar com, quase matei.

O peso da minha consciência me recordando dos eventos de horas atrás era enorme, me fazendo quase querer cair no chão e ir engatinhando de volta para implorar pelo perdão. Mas, acreditava estar perto demais de meu objetivo para simplesmente dar para trás. Eu iria até o final, voltando apenas com a prova de que sou o melhor, ou morreria tentando. Péssimo pensamento o meu, Destino deve ter escutado.

Tentando ignorar meus arrependimentos, que quanto mais avançava sozinho com apenas meus pensamentos de companhia pareciam aumentar, seguia em frente. Mas apesar de eu tentar utilizar cem por cento da minha concentração na rota a tomar, grande parte dela preferia se distrair com as manchas na estrutura e com fantasias inventadas, de como seria se eu não tivesse vindo, se eu saísse, se ela gostasse de mim, se eu tivesse falado algo antes... E foi dessa forma que consegui um belo hematoma sangrento na testa. Não virei o suficiente, dando de cara com a pedra áspera, cortando meu rosto pouco acima da sobrancelha.

Não era ali que me desesperaria, mas confesso que estava desprevenido. Depois de xingar algumas vezes o nada e fazer um curativo precário com as poucas coisas que tinha, continuei, ignorando a dor e o líquido vermelho grudento que cobria parcialmente minhas mãos.

Mas já era tarde. Errei o caminho, muito antes de qualquer bifurcação aparecer, mas só fui descobrir isso no final. Essa foi uma história que eu não podia ler as última páginas para saber se o personagem morria, antes de chegar nelas; não podia avançar e depois retroceder, porque a vida corre num único sentido: sempre em frente.

Notei que as coisas não estavam direito quando entrei numa caverna com o teto mais elevado, e logo fui inundado por um cheiro horroroso. Minha primeira reação foi recuar e prender a respiração, mas me forcei a não fazê-lo. Se o oxigênio já era rarefeito antes, aqui ele havia desaparecido quase por completo. Conforme me aventurei neste local, vi uma espécie de luz vinda do centro, correndo para lá.

Só não posso dizer que esse foi meu maior erro, porque este foi contrariar o que havia sido escrito para mim, mas chegou perto do topo da lista.

Estalagmites de todos os tamanhos dificultavam a passagem, enquanto estalactites pendiam perigosamente do teto, ameaçando despencar na minha cabeça enquanto passava. Quando mais próximo do meio estava, mais quente e fedido o ambiente se tornava, até que vi que se tratava de gêiseres, aproximadamente uns cinco. Me sentia tonto, e concluí que fosse qual fosse o gás por eles expelido, (que agora sei que era Kethanol) era tóxico.

Senti um leve tremor no chão, mas achei que não passasse de algum efeito colateral da inalação contínua do gás estranho, que estivesse lentamente me matando.

Dei alguns passos para trás, tentando voltar para onde tinha entrado, mas minha visão estava turva e o ambiente, cada vez mais quente.
Não tinha forças para o usar o vento.

Tropecei, caindo naquele chão de pedra fumegante. Saía fumaça ao meu redor, e meus sentidos aos poucos desapareciam. Deitar ali parecia quase uma boa ideia, envolta numa nuvem branca e fofa como a dos sonhos....

Escutei meu nome.
Alto, claro como água.

Será que são os anjos me chamando? Foi só pensar isso que abri os olhos, me forçando a focar e achar a fonte do som. Anjos não viriam me buscar, tinha certeza disso.

Levantei, me apoiando numa das estalagmites. No fundo — ou seria aquele o começo? — da caverna, distingui alguma coisa se mechendo.

— MORRO!! SAI DAÍ!!

Mas era tarde demais.

— QUE? TURQUEZA, É VOCÊ?

O chão tremeu mais uma vez, dessa vez me derrubando. As estalactites racharam, e algumas despencaram.
Em meio ao caos, nada podia ser feito.

Tentei correr, mas meu corpo pesava.
Atrás de mim, o gêiser borbulhava, a poucos segundos de explodir.

Não tive tempo de pensar, de agir, de nada.
Foi tudo tão rápido, como um borrão. Escutei a explosão, o gás quente e venenoso me consumindo por inteiro. A luz era cegante; haveria lava ali também?

— NÃO!!!! — Um berro desesperado conseguiu ser mais alto que o gêiser atrás de mim, mas já não dava para ver a garota a quem ele pertencia.

— Eu... Te amo... Turqueza... — consegui falar antes de a escuridão me envolver e eu cair no chão, sem poder me mexer.

[Turqueza]

Minhas pernas não me aguentaram e eu caí de joelhos na entrada da caverna escondida na rocha.

Minha garganta ardia do grito que dei e meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas que escorriam sem cessar.

A nuvem tóxica já tinha envolvido Morro, e se ele falou alguma coisa como últimas palavras, elas se perderam em meio a destruição.
A terra inteira tremia como um terremoto, e o calor estava insuportável.

Assisti aquilo tudo como em câmera lenta, mas antes que meu corpo voltasse a me obedecer, já era tarde demais.
Em frações de segundos a força da explosão chegou em mim, me jogando para trás e me fazendo bater forte a cabeça na rocha desgastada.
Perdi a consciência instantaneamente, e sem poder me mexer, o gás tóxico fez seu estrago em meu organismo.

Não tive a chance de dizer que o amava.
Não ficamos juntos.
Ele não achou a tumba do Primeiro Mestre de Spinjitzu.

Não completamos nossos objetivos, por estarmos focados demais neles. Por termos medo da derrota, da decepção.

::::::::::::::::::::::::::
Tadinhos deles. Mas quem sabe no reino maldito eles se reencontraram? Ou será que o Morro foi pra lá e a Turqueza pro reino dos mortos?? Hehehe

O finalzinho não sei se ficou tão bom quanto o resto, mas tentei. Tem umas partes que eu até gostaria de mudar por achar meio ridículo, mas não tô afim não, muito trabalho (não sei o que colocar no lugar).

Comentem aí o que acharam, deixem seu voto também, e divulguem? Eu adoro minha oc, então se tiverem alguma sugestão de situação que gostariam de ler, ou saber como ela agiria, digam aí, ideias são sempre bem vindas!

Amo vocês, desculpa por quase não postar mais aqui. Agora que estou de férias vou tentar escrever mais, mas tô tentando escrever umas fanfics mais longas e postar só depois de terminar, por isso parece que não tô fazendo nada Kkkkkm
Mas sou bem ativa lá no Instagram de desenhos, @prii_arts

Bjsss,
Turqueza

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