Capítulo 5

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Shu havia planejado tudo nos mínimos detalhes, a fim de que tudo ocorresse bem nessa viagem até o Japão e para que Viktorya finalmente pudesse ser apresentada ao seu sogro. Ela ainda não tinha tido a oportunidade de conhecê-lo, pois os pais do albino trabalhavam muito e Shu e sua mãe queriam que a apresentação acontecesse em um jantar mais elaborado e não de qualquer jeito.

Apesar disso, devido a demora desses quase dois anos para conseguir conhecer seu sogro, ela começava a desconfiar que ele era quem estivesse evitando o momento. Porquê? Bem, era simples, além de estar sempre ocupado e fazendo horas extras, que até Shu estranhava serem muitas, ele nunca fazia questão de trocar duas mínimas palavras com ela quando o albino estava em vídeo chamada com sua mãe e ele.

Ela perdeu até as contas de quantas vezes tentava ser simpática e cumprimentar seu sogro quando Shu estava conversando com ele, e ele sempre a evitava ou dizia que tinha de desligar a ligação para resolver algo importante. Shu tentava minimizar a situação, dizendo que seu pai trabalhava muito e não tinha com o quê se preocupar, que a culpa não era dela. No entanto, a jovem não conseguia evitar pensar que sim, ele tinha algo contra ela, conseguia sentir isso. A jovem não era burra e sabia, ao fazer pesquisas na Internet, que alguns asiáticos, principalmente dos mais antigos, não gostavam que seus familiares se relacionassem com estrangeiros, pois assim o sangue puro deles se perderia.

Obviamente ela não comentou sobre suas suspeitas à Shu, afinal não queria deixar ele triste ou causar alguma briga por pensar mal de sua família, apesar que ele era sempre muito compreensivo com ela.

[...]

Era uma noite estrelada no Japão, por volta das 21h, as ruas de Tokyo estavam bem movimentadas, pois como era fim de semana muitas pessoas estavam voltando ou até mesmo indo para seus eventos com a família e amigos. E em meio a multidão de gente estavam Shu e Viktorya, caminhando de mãos dadas e utilizando casacos de frio, pois mesmo sendo primavera ainda estava consideravelmente frio, indo para o apartamento dos pais de Shu.

Apesar de caminhar sem dificuldades, Viktorya parecia perdida em pensamentos, quando o de olhos escarlate questiona:

— Amor, tá tudo bem? — questiona em português à jovem.

— Hã? — murmura a garota confusa.

— Você está bem? — insiste o albino, essas três palavrinhas já haviam virado quase um bordão para ele.

— Sim, eu acho que sim. Porquê? — pergunta a jovem confusa.

— Porque você está muito quieta... Não precisa ter vergonha de dizer se estiver se sentindo nervosa. — diz ele apertando carinhosamente a mão dela.

— Estou um pouco. — admite a arroxeada após um leve suspiro.

Shu se comove com a afirmação, ele entendia os motivos dela. Ele poderia simplesmente dizer que tudo correria bem e que seu pai gostaria dela, mas, para falar a verdade, nem ele mesmo tinha certeza disso. Seu pai costumava ser muito difícil. Porém, buscando um meio de distraí-la, ele para de caminhar, surpreendendo-a e a puxa para um beijo no meio da rua.

O ato repentino pegou a garota desprevenida, mas não deixou de retribuir o beijo. Era caloroso, gentil e até existia uma pitada de paixão. O albino acariciava sua bochecha durante o beijo e mantinha uma mão na sua cintura, a prendendo contra si. Enquanto pelo lado de Viktorya, sua mente estava em branco e ela não conseguia pensar em nada mais que as borboletas em seu estômago ou na vergonha por estarem se beijando em público.

Não foi um beijo longo, mas era o suficiente para deixá-los sem ar. Após o beijo, eles se afastaram um pouco e Shu podia notar que Viktorya estava completamente vermelha de vergonha pelo que havia acontecido, principalmente porque conseguia enxergar alguns olhares julgadores das pessoas que passavam por aquela rua. Japão era conhecido por seu povo conservador, então beijos não eram comuns em meio ao público. Entretanto, Shu não parecia ligar e apenas acariciou a bochecha da garota, para então voltarem a caminhar.

— Por que fez isso? — questiona a de olhos verdes ainda surpresa pela ação anterior.

— Não posso beijar minha namorada quando quero? — pergunta Shu com um sorrisinho que aumenta o rubor nas bochechas da jovem.

"Ao menos ela parece ter deixado aquele assunto de lado." - pensa o albino sorrindo e observando que o rosto dela ainda estava corado.

Não demorou muito para que o casal chegasse ao seu destino, onde foram recebidos com um sorriso pela Senhora Sayuri Kurenai, mãe de Shu.

— Bem vindos, como foi a viagem? — questiona a mulher em inglês, para que Viktorya pudesse a entender, após guardar os casacos deles.

Não, a arroxeada ainda não sabia japonês, pois era uma língua um pouco complicada, mas ela estava estudando e aprendendo um pouco com Shu. Da outra vez elas também se comunicaram em inglês, até porquê ela não entendia palavra alguma. No entanto, agora a arroxeada conseguia entender algo quando Shu e a Sr. Sayuri acabavam falando em japonês.

— Foi bem, mãe. — responde Shu.

— Você gosta de frutos do mar, querida? — pergunta diretamente à Viktorya, que estava parada ao lado de Shu, quieta até demais.

— Sim, gosto. — responde a jovem apenas, sentindo o nervosismo tomar conta de seu corpo novamente.

Ela sempre travava quando estava nervosa, e a arroxeada não conseguia deixar de sentir um arrepio ao pensar que tudo poderia dar errado naquela noite.

— Fico feliz, eu fiz uma lagosta deliciosa e espero que você goste. — diz a albina com um sorriso caloroso.

— Onde está o papai? — pergunta Shu.

— Deve estar no escritório, filho, mas ele já deve estar vindo. Venham, vamos para a sala de jantar logo. — chama a mais velha.

— Então vamos juntos. — fala uma voz grave de repente, ecoando no recinto.

A jovem de olhos verdes sente novamente o arrepio percorrer seu corpo ao notar uma figura idêntica ao seu namorado, só que numa versão mais velha e levemente mais alto, aparecer no recinto onde se encontram. Definitivamente, Shu era a cópia exata dele, não só na aparência, mas até mesmo a forma séria e observadora de olhar e falar. Ela se sentia muito intimidada.

— Oh, querido, já acabou o que tinha para fazer? — pergunta Sayuri e seu marido apenas assente.

— Olá, pai. — cumprimenta Shu sem expressão aparente.

— Como está, Shu? — questiona o homem da mesma forma que seu filho, mas logo seu olhos recaem sobre Viktorya. — Creio que esta jovem seja sua namorada.

— Sim, essa é a Viktorya. — apresenta Shu com um sorriso, passando um braço por sobre os ombros da garota de forma protetora.

— Imagino que meu filho já tenha lhe dito meu nome, então dispensemos as apresentações e vamos jantar. — diz o homem caminhando em direção à sala de jantar, acompanhado de sua esposa.

Sim, ela sabia, Yamato Kurenai, o homem que evitava conhecer a própria nora há quase dois anos.

A arroxeada sentia seu corpo tenso, mas respirou fundo e acompanhou acanhada atrás de seu namorado, até onde seus sogros estavam.

[...]

Eles já haviam dado início à degustação do jantar preparado pela Senhora Kurenai. Viktorya estava sentada ao lado de Shu, enquanto seus sogros estavam de frente à eles dois, mas o clima notavelmente não era dos melhores. Estava tão tenso que era palpável e quase possível de se cortar com uma tesoura.

Sayuri e Shu tentavam a todo o custo conversar assuntos diversos para melhorar o ambiente, mas até os cegos conseguiam enxergar que nada melhoraria aquilo. E como Viktorya suspeitava, o pai de Shu realmente não ia muito com a sua cara, sendo visível na forma com que se dirigia à ela e na quantidade de perguntas constrangedoras que ele lhe fazia.

— Você faz alguma coisa da vida?

— Eu... — começa a jovem, mas é interrompida por seu sogro.

— Quero dizer, além de andar pra cima e pra baixo com meu filho.

O albino mais novo acabou por colocar sua taça de vinho um pouco mais forte do que deveria sobre a mesa, demonstrando sua reprovação pelo questionamento, mas ele mantém seu típico semblante impassível enquanto diz:

— Ela anda comigo porque eu mesmo peço à ela, mas não que precise da minha ajuda para ser bem sucedida, pelo contrário, ela é muito inteligente.

— Oh, então imagino que ela tenha sido uma ótima aluna. — comenta Sayuri curiosa, observando a garota com um sorriso, que Viktorya retribui.

— Ela é um pouco tímida quanto a falar de si mesma. Mas além de possuir um histórico escolar impecável, medalhas e certificados, ela também tem talento para a área artística. — explica enquanto sorri orgulhoso para a jovem.

— Certo, mas acredito que por ser tão inteligente, ela própria possa falar, não concorda, filho? — pergunta Yamato lançando um olhar sério, e recebe um olhar frustrado de sua esposa.

— Não entendo o motivo de ser tão duro com eles, querido. — afirma a albina de olhos azuis, olhando fixamente para seu marido.

— É bem simples. Acho que ela pode responder sozinha, mas vou formular uma pergunta melhor.

— Por favor, querido. — diz a matriarca dos Kurenai também constrangida pelas perguntas direcionadas à sua nora e com um resquício de esperança que as coisas melhorem.

— Como pensa compensar as diferenças entre suas culturas dentro do relacionamento? — questiona o pai de Shu.

Até agora aquela havia sido a mais normal das perguntas, ela até achou estranho, seu lado desconfiado lhe avisou para ter cautela, mas manteve o sorriso cordial para responder.

— Acredito que tudo possa ser resolvido no diálogo. Podemos buscar compreender e pesquisar sobre as culturas um do outro e aprender a respeitá-las se for devidamente conversado. — responde Viktorya.

— Interessante. — diz o homem com um sorriso e logo continua: — Por falar em culturas diferentes, também fiquei sabendo que a senhorita é Brasileira, nacionalidade que não tem uma boa reputação aqui fora, então me diga, como é viver em um país tão promíscuo e desorganizado? Como pensa que uma relação entre uma brasileira e um japonês pode funcionar tendo em vista tantas diferenças? Você mesma disse que pode ser respeitado, mas como se respeita uma cultura tão deplorável?

A de olhos verdes não tinha palavras pra responder a isso. Ela estava tão em choque, que o sorriso simpático que ela buscava manter durante todo o jantar, morreu instantaneamente ao ouvir isso. Tudo bem que não era uma total mentira, o Brasil era famoso por suas mulheres bonitas, promiscuidade e a desorganização política, mas ela não pensou que seria questionada por simplesmente ser brasileira. Nunca se sentira tão humilhada na vida. Ela não sabia mais nem como reagir, apenas suspirou, abaixou a cabeça e permaneceu calada. O que era incomum de seu feitio, visto que geralmente gostava de debater, mas como se tratava do pai de seu namorado ela tinha que engolir seu orgulho.

— Pai, já chega! — diz Shu de repente em tom de voz inusual, que surpreendeu tanto Viktorya quanto sua mãe.

O albino mais novo estava completamente desacreditado do que ouviu durante todo o jantar e estava farto, ele tinha tentado manter um ambiente tranquilo, pois sabia como seu pai poderia ser rígido, porém agora não suportava mais. Shu havia conversado e pedido diversas vezes que seu pai tratasse bem sua namorada, explicado que ele realmente a amava e que não queria que seu pai a destratasse simplesmente porquê não aceitava o fato de seu filho se relacionar com uma estrangeira.

— Já está se deixando levar por ela? Não acredito nisso, Shu. Pensei que fosse só uma diversão sua, assim como foi quando se denominava Olho Escarlate. — rebate Yamato sem titubear ou perder o semblante sério.

— Diversão? Eu estou com ela há quase dois anos, e o senhor acha que é apenas uma mera diversão? Por que não consegue aceitar que eu estou feliz com ela?

Viktorya via tudo aquilo abismada, ela mal conseguia acreditar no que ouvia. Shu não costumava perder a paciência, ele era a pessoa mais calma que conhecia, então aquela era a primeira vez que o via pessoalmente naquele estado.

"Odeio estar certa." - pensa a jovem sentindo vontade de sumir.

— Vamos nos acalmar, discutir não vai nos levar a lugar algum. — pede Sayuri, tentando evitar uma briga entre os dois homens.

— Claramente ela não é uma mulher digna de entrar em nossa família, só vai te trazer problemas! — diz Yamato se levantando da cadeira e batendo na mesa. — Quantas vezes te alertei sobre encontrar uma garota que fosse japonesa e de boa família?

— O senhor trate de respeitá-la, ela é minha namorada, sou eu quem decido com quem quero estar, não o senhor. E eu não vou me casar com uma japonesa por causa de uma crença idiota sobre manter a linhagem pura! — confronta Shu irritado, também se levantando da cadeira. Ele não tinha intenção nenhuma de deixar que Yamato desrespeitasse Viktorya.

— Olha como você fala, garoto, aqui não é sua casa! — diz o homem de maneira ameaçadora.

— Tem razão, essa deixou de ser minha casa há muito tempo. — contrapõe o albino mais novo. — Não sei nem porquê me dei o trabalho de tentar. Vamos, Vih, é hora de irmos. — diz Shu sério, fazendo contato visual com a arroxeada, que até o momento estava quieta ainda em choque pela situação, tomando sua mão para lhe tirar daquele local.

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