S/N MACHADO, point of view.

flashback - 15.02.2015

Era mais um verão em Angra dos Reis, e o sol brilhava intensamente em um  céu azul sem nuvens. As ondas calmas do mar se quebravam suavemente na areia branca, enquanto as risadas de meus familiares enchiam o ar. A cada ano, Minha família e a família de Pedro se reuniam naquele paraíso tropical, nossas mães sempre foram muito próximas, criando memórias que durariam para sempre.

Naquela tarde específica, eu e Pedro estávamos explorando a pequena floresta atrás da casa de praia. O sol filtrava pelas folhas das árvores, criando um mosaico de luz e sombra no chão. Eu tinha apenas 6 anos e Pedro 8, mas nossa amizade já era forte e inquebrável. Ríamos e corríamos, imaginando aventuras e desvendando segredos escondidos entre as árvores, sempre juntos.

━━ Pedro! Olha o que encontrei! ━━. exclamei, segurando um pedaço de madeira que parecia uma espada. Com um sorriso travesso, Pedro pegou um galho e, em segundos, estávamos duelando como cavaleiros iguais dos filmes que assistíamos juntos

A tarde passou rápida, como sempre acontecia quando estávamos juntos. Após o duelo, nos jogamos na grama, ofegantes e rindo. Pedro olhou para o céu, e eu olhei para ele. Seu riso era contagiante, e seus olhos esverdeados brilhavam  tanto, seu brilho era mais forte que a luz do sol, e eu amava admira-lo.

━━ Pedro, você acha que vamos ser amigos para sempre? ━━ perguntei, minha voz carregada de curiosidade e esperança.

Pedro virou a cabeça para olhar para mim.
━━ Claro, S/n. Sempre seremos amigos. Prometo.

Naquele momento, com o sol se pondo no horizonte e as cores quentes do entardecer pintando o céu, senti algo diferente. Uma sensação de calor no peito, algo novo e desconhecido. Eu não sabia o que era exatamente, mas sabia que Pedro significava mais para mim do que qualquer outra pessoa.

Os anos passaram, e fomos crescendo, dolorosamente Pedro foi se afastando de mim após a separação de seus pais, apesar das viagens para angra terem continuado, já não era mais a mesma coisa, ele não era mais o mesmo. Seus olhos não tinham mais o brilho e pureza de antes, sentia como se ele me enxergasse apenas como uma criança boba. Essa mudança tão drástica é uma dúvida mortal para mim.
Mas aquela memória, aquela promessa sob o sol de verão, permaneceu viva no meu coração. E foi naquele dia, naquela pequena floresta, naquele entardecer mágico, que descobri que amava Pedro Henrique, e me doía tanto ver ele tão diferente, tão distante e frio e não poder ajudar.