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O PRÍNCIPE 

- Você acha que eles vão anunciar as ganhadoras hoje? - Perguntou May, com caramelos nojentos na boca. Era sexta feira e estava perto do Jornal de Ilhéa começar. Achava aquilo uma bobeira, até porque parecia mais um circo do que um jornal. Mas hoje iria assistir. Não porque eu queria. É porque a televisão só pegava naquele canal e era chato pra caramba se deitar às oito sem sono.

- Provavelmente só vamos saber daqui a duas semanas - Minha mãe dizia calmamente - Todas as selecionadas têm nove dias para entregar o formulário.

- Droga - Ela fechou a cara.

- Havia bastante meninas na fila? - Meu pai perguntou.

- Nem reparei - Dei de ombros - Estava nervosa demais para prestar atenção em alguma coisa.

- Acho que a America estava bem. As outras garotas pareciam o coringa de tanta maquiagem.

- Ah claro - Disse - Se o príncipe gostar de garotas burras, por mim tudo bem.

Todos caíram na gargalhada e eu fiquei sem graça. Eu era a burra da família, isso era fato, mas por que eles riam do meu defeito? Bom jeito de incentivar, acho.

Quando finalmente deu oito horas, todos se juntaram no sofá. A televisão foi ligada e ouvimos o hino nacional. De fato, sempre achei nosso hino um cocô. A primeira coisa que eu faria após dar o golpe era mudar aquilo. Chamar um David Guetta e botar uns batidões seria boa opção, acho. Talvez eu chamasse Nicki Minaj para recitar uns versos empolgantes.

A família real surgiu na tela. O rei Clarkson estava no palanque. No lado esquerdo, estavam a rainha e o príncipe Maxon, com roupas chiques patrocinadas pela C&A. Tinham um ar nobre e imponente.

- Olha o seu namorado - May anunciou e eu lhe dei um peteleco violento na cabeça.

Observei Maxon. Ele não era tão bonito. Parecia uma aberração, nem chegava aos pés de Aspen. Seu cabelo era de um tom mel e seus olhos castanhos. O rosto não tinha imperfeições. Ele era perfeito demais, o que me dava asco. Parecia mais uma pintura do século XVI do que um ser humano. Devia ser um tédio danado virar princesa ao lado de um tira como aquele.

A rainha era bonitinha, no mínimo. Aparentava ser simpática, mas algo em mim dizia que era tudo falsidade.

- Mãe, a rainha era de qual casta?

- Quatro - Ela respondeu vidrada.

Uhm... vamos ver. Provavelmente levou a vida melhor do que eu. Nunca teve problema com alimentos vencidos ou família miserável. Será que suas amigas tinham ficado com inveja quando ela foi escolhida? Ah, papo furado. Ela nem devia ter tido amigas. Por isso virou rainha. Não existe um cargo tão chato quanto esse. Monarquia me dá sono.

Comecei prestar atenção no rei. Ele informava sobre um atentado e eu revirei os olhos. Tudo saíria bem melhor se a Monarquia não existisse. No governo Faturista, não haverá crimes. Claro que não. Aspen e eu deportaríamos maior parte da população para o Alasca e outras extremidades do planeta. Era melhor assim.

Por fim, o mestre de cerimônias entrou em cena e minha família se animou. Outro palhaço. O jornal todo era uma palhaçada.

- Boa noite, senhoras e senhores de Ilhéa. Como sabem, enviamos pelo correio os formulários para a Seleção. Acabo de receber o primeiro lote de inscrições e estou tão feliz! - Ele bateu palmas eufórico e o rei lhe deu um olhar frio - É, desculpa, acho que me empolguei um bocado - Limpou a garganta e ajeitou a postura - Com um pouco de sorte, vamos comemorar no Ano-Novo o noivado de nosso amado príncipe Maxon com sua futura distração!

Houve uma salva de palmas e Maxon sorriu um pouco a vontade. Devia ser o efeito da macumba na qual eu estava realizando no momento.

- Mas é claro, não podemos imaginar ninguém melhor que o nosso Gavril Fadaye para nos guiar durante esses dias tão entediantes!

Houve outra salva de palmas e quase desliguei aquela maldita TV. Gavril era um velho que não morria, pelas minhas hipóteses. Fazia mais ou menos vinte anos que ele estava com a família real. Devia ser tão chato quanto eles.

- América, talvez você conheça Gavril! - Minha mãe cantarolou.

- Booooa noite, Ilhéa! É uma grande honra como sempre, participar da Seleção. Estarei ao lado de trinta e cinco garotas, quem diria em? - Disse piscando para a câmera - Mas antes de conhecer essas adoráveis vagabundas, vamos bater um papinho com o garanhão do momento, príncipe Maxon.

Após a deixa, o príncipe caminhou pelo palco se achando até chegar em uma das duas cadeiras colocadas para ele e Gavril. Eles deram um aperto de mão, e eu me segurei para não rir. Se sentou na frente de Gavril e pegou o microfone. Se eu não soubesse que ele era o príncipe, acharia que cantaria algo.

- É um prazer revê-lo Alteza. 

- Tanto faz - Disse entediado - Fale logo o que tem a dizer.

- Ele é tão doce - May suspirou.

- Bem - Gavril começou - Em menos de um mês trinta e cinco garotas, vão se mudar para a sua casa. Como se sente?

- Ah - Ele abriu um pirulito e começou a chupá-lo - Não sei, é muita pressão para mim. Tipo, sou acostumado a receber toda a atenção e não me importar com os outros. Sinto que vestirei o uniforme de babá.

- O senhor já perguntou ao seu querido pai como ele conseguiu laçar uma esposa tão linda na sua época?

Maxon e Gavril olharam para o rei e a rainha. A câmera focalizou nos dois de mãos dadas.

- Você não tem o que fazer não? - Maxon disse irritado - Quero dizer, é óbvio que eu não pergunto este tipo de coisa. É muito delicado. Além disso, tenho muita coisa para fazer. Gosto de passar meus dias na Netflix e no Twitter - Ele se empolgou de repente - Aliás população, pra quem não sabe, meu user no Twitter é @MaxonChaveiro. A conta é oficial, segue lá.

Desliguei a TV na tomada. Aquele príncipe era tão rídiculo! As pessoas que realmente o seguiriam (que eram da casta 5 em diante) não tinham computador, internet nem celular.

Todo mundo foi para a cama decepcionado. Maxon tinha decepcionado todos.

Fiquei a sós no meu quarto. Tinha uns arrepios pelo corpo só em pensar em ficar ao lado daquele príncipe mimado. Custei a pegar no sono.

Quando finalmente estava entrando na terra dos sonhos, ouvi um barulho na minha janela. Levantei num pulo e a abri com força. Era Aspen sorrindo com daqueles dois dentres da frente em falta.

- Você é tão rídiculo - Comentei - Vai, entra.

Ele pulou a janela, não sem antes enroscar o pé num fio e acabar com o meu abajur de dois metros. Dei um chute violento na sua costela.

- Seu idiota - Apontei para o abajur estraçalhado - Olha só o que você fez!

- Esqueça isso. Vamos nos beijar.

Nos beijamos de montão e três horas depois ele foi embora. Senti como se estivesse perdendo-o.

Agora mais do que nunca estava diposta a acabar com a raça da família Chaveiro. Era isso ou nada. 

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